quarta-feira, 1 de maio de 2013

(011) 2008 - Viagem ao Deserto do Atacama - CHILE: PASSEANDO PELO ATACAMA

9º DIA – 27.09.2008 – Sábado

(CHILE: San Pedro de Atacama: Salar do Atacama, Laguna Chaxa e Laguna Ceja)
Acordamos quase às 8 h e tomamos o café complementado com as compras que fizemos ontem (queijo, presunto, frutas e suco). O hotel servia queijo, pão, leite e café.
Pegamos os mapas e seguimos para o Salar de Atacama, onde fica a Laguna Chaxa. Compramos a entrada e uma guia, a Roxane, nos convidou a assistir a um vídeo explicativo sobre o local.
Aceitamos e assistimos numa sala bem montada, quase um oásis naquele desertão todo. Foi ótimo, pois pudemos conhecer sobre as aves locais, principalmente os flamingos, que são de três tipos (andino, chileno e james), cada espécie com sua peculiaridade, além de outras aves e animais da região, como o lagarto, o rato verde e a raposa (zorro, em espanhol).
Para a nossa surpresa, há vegetação na lagoa, motivo pelo qual os flamingos não saem dela e comem por dezessete horas do dia. O alimento principal é um tipo de organismo que, adulto, chega a 1 cm de comprimento. Parece um filhote de peixe de aquário e é rico em caroteno, o que deixa as penas daquelas aves rosadas e lindas.
 
 
Sal com o caroteno é o que deixa as penas dos flamingos rosadas - Chile

 
 



Salar de Atacama - Laguna Chaxa - Chile
O flamingo só põe um ovo por ano e é monogâmico.
Há um lençol freático sob a salina, que é alimentado pelo degelo dos Andes. A água doce se infiltra no solo e alimenta a lagoa salgada, mas elas não se misturam.
Após o vídeo, seguimos com a guia por uma trilha onde vimos a formação da matéria orgânica que é o alimento dos flamingos, numa miniatura de lagoa salgada. Vimos o alimento que se parece com filhote de peixe e as moscas que depositam ovos na água e que servem de alimento para os girinos.
Há uma cadeia alimentar num local aparentemente desértico e inóspito.
Seguimos e vimos alguns flamingos e outras aves. Estamos na primavera e eles estão eufóricos para acasalar, porém o filhote só vem em janeiro. O ninho é construído na lagoa salgada, com o sal.
Flamingos Andinos na Lagoa Chaxa - Deserto do Atacama - Chile
Como o visual no local é um espetáculo! É um zoológico a céu aberto, sem contar as montanhas e os vulcões que compõem os Andes.
Um dos três vulcões que avistamos, dos 150 que há no Chile, o Lascar, tem entrado em erupção todos os anos desde 2003. Em 2007 as cinzas dele chegaram até a Argentina.
Foto de uma das erupções do vulcão Lascar
Vimos alguns picos ainda nevados. Eram mais de 13 h. O sol era fortíssimo, porém sem muito calor. Mas como queima a pele! Chapéu, óculos escuros e camisa de manga longa são imprescindíveis.
Voltamos à base, comemos numa área própria com mesas e bancos, saboreando todo esse visual maravilhoso.
Estávamos de saída quando conhecemos um casal de brasileiros, a Aura e o Peter, cariocas que moram em Friburgo (RJ) e trabalham em Macaé (RJ), para a Petrobrás.
Assim como nós, vieram do Brasil (Rio de Janeiro) numa caminhonete, só que sem turbo, o que, segundo eles, dificultou a subida dos Andes. O comportamento dos veículos em grande altitude é ruim se não tiver um motor potente.
Trocamos informações sobre alguns passeios locais e deixamos que eles seguissem o deles.
Fomos para a Laguna Ceja, para tomarmos banho salgado, no retorno a San Pedro de Atacama, uma dica da Roxane.
Pela dica dela foi fácil achar o local. Quando chegamos, não havia ninguém, o que me levou a achar que nem era tão badalado.
A água era de um verde lindo, cercado por crostas de sal. Resolvemos entrar, apesar de a água estar meio fria.
Laguna Cejar – No meio do Salar de Atacama, salgadíssima e fria - Chile
A sensação de não afundar é impressionante! Pela quantidade imensa de sal não afundamos, mesmo que queiramos. Chega a incomodar o sal, o que nos fez sair logo da água.
Impossível afundar pela concentração de sal na água - Chile
O pior é quando saímos da água, pois rapidamente a pele desidrata e se forma um pó de sal que dá a maior aflição.
Corremos para o carro para tomar banho com a água doce que tínhamos levado da pousada. Essa dica nós já tínhamos, de que a água doce era imprescindível caso fôssemos entrar na água.
Logo que tiramos o sal e trocamos de roupa chegou um cara de bicicleta. Era um brasileiro, também do Rio de Janeiro (RJ). Ele veio de San Pedro de Atacama e aguardava a namorada, que vinha com um grupo numa van.
Logo depois, chegaram mais quatro carros cheios de turistas, todos para fazer o que tínhamos feito. Foi a maior surpresa para um lugar imaginado de pouca procura.
Voltamos para a cidade, tomamos banho, lavamos roupa, fiz sanduíches para as trilhas e saímos para jantar.
Como a mudança de temperatura é radical aqui, pulando de 30º C ao meio dia para 10º C à noite e 4º C no amanhecer.
Jantamos no Restaurante La Casona, perto do hotel, na Calle Caracolles, uma dica da Aura e do Peter.
Quando entramos no restaurante, para nossa surpresa, eles estavam também lá. Jantamos juntos e tomamos um vinho sugerido por eles, de uva pinot com cabernet, bem gostoso.
Comemos uma cena (jantar em espanhol), composta de sopa de entrada, prato principal e sobremesa. A comida estava boa, num ambiente climatizado por uma lareira e com um bom preço.
Descobrimos que o Peter, com perfil aventureiro, já tinha ido de Porto Seguro (BA) a Prado (BA), a pé. Imagina!
Voltamos para o hotel e agora é dormir.
Acréscimos do Marcio
A cena que comemos no Restaurante La Casona era uma espécie de pacote turístico gastronômico, pois contemplava todas as etapas da refeição (entrada, prato principal e sobremesa) por um preço atraente. Custo-nos CH$ 6.000,00/pessoa, um pouco mais que US$ 10,00.
O casal de brasileiros estava viajando numa pick-up Toyota SR-5, motor 2.8 aspirado. Disseram que o carro se arrastava para andar nas grandes altitudes, com falta de força no motor.
Além disso, contaram que as autoridades chilenas encrencaram com o quebra-mato que tinham instalado no carro, pois aqui ele não é permitido. Ainda bem que pesquisei a legislação de trânsito e consultei as embaixadas, retirando o meu mesmo equipamento antes da viagem.
Os ingressos para as duas lagunas custaram CH$ 2.000,00 (US$ 3,78) por pessoa em cada uma delas.
A dica de levar água doce para o banho na Lagoa Ceja foi das pesquisas que fiz antes da viagem. Vale a pena planejar!

10º DIA – 28.09.2008 – Domingo

(CHILE: San Pedro de Atacama: Salar de Tara, com Vulcão Licancabur e Salar de Águas Calientes)
Acordamos às 6h30 e, conforme combinado com a Mari, funcionária do hotel, tomamos café às 7h30, meia hora antes da norma do hotel, devido ao nosso passeio que iniciaria às 8 h. Essa flexibilidade eu achei legal por parte do hotel.
Às 8h15 uma van veio nos pegar, e já tinha um casal dentro, o Tiago e a Luciana, brasileiros de São Paulo. Seguimos com o Ivan, motorista e guia, para pegar outro turista, a Graziela, uma brasiliense maratonista, que tinha ido a Buenos Aires participar de uma corrida de 21 Km.
O caminho para o Salar de Tara é pela mesma estrada por onde chegamos a San Pedro de Atacama, pelos Andes, pelo Paso de Jama. Como quando passamos por lá já estava escuro, não vimos as principais atrações turísticas.
Paramos em frente ao vulcão Licancabur, com seus mais de 5 mil metros de altura.
Vulcão Licancabur - Inativo, com mais de 5.000 m de altura - Chile
Na parada, encontramos com o casal carioca que conhecemos ontem na Lagoa Ceja (o ciclista e a namorada). Eles iam passar três dias na Bolívia, num ônibus de agência de turismo, para conhecer uma área bem próxima. Aliás, a 5 Km dali já é Bolívia, mas uma região fora dos conflitos atuais.
Seguimos para o Salar de Tara e no caminho, ainda no asfalto, vimos lagoas verdes, uma delas já na Bolívia. Vimos um riacho formado pelo degelo e uma lagoa ainda com uma crosta de gelo.
Laguna Verde, chilena, ainda com água congelada. Que vento frio!!!!! - Chile
Em cada parada para fotos o frio era cada vez mais intenso, acentuado por uma ventania forte. Vimos gansos chilenos e vicunhas (animal parecido com as lhamas).
Saímos do asfalto e pegamos uma estrada de terra, onde começamos a ver pequenos morros, estreitos mas altos, talhados pela ação do vento. Eles se pareciam com as pedras do Grand Cânion, em miniatura. Lindo o local!
Seguimos mais por estradas cada vez piores, com costelinhas.
O Salar de Tara, na verdade, inclui uma área dessas pedras formadas pela erosão eólica e uma lagoa salgada, onde tem flamingos.
O motorista Ivan nos deixou num ponto alto, onde começavam umas formações rochosas chamadas de catedrais, combinando de nos encontrarmos mais abaixo num ponto de apoio, uma casinha, para almoçarmos. O grupo foi descendo e se maravilhando com o visual.


Catedrais e o Salar de Tara ao fundo - Chile
Próximo à casa, na beira do lago salgado, vimos um grupo de lhamas. Como se parecem com camelos, pela cabeça e pelo ruminar, e com ovelhas, pela pelagem e pela forma das fezes.
Fomos recebidos na casinha pelo Ivan, já com o almoço, feito enquanto caminhávamos pelas catedrais.
Comemos salada com frango e pão. Tudo gostoso! Tinha também água quente para chá e café. A bebida quente foi ótima, diante daquele gelo em que estávamos.
 
 

Almoço com os brasileiros no Salar de Tara - Chile
Após o almoço, fui até a lagoa para fotografar os flamingos. É impressionante como comem! Estão o tempo todo com a cabeça abaixada na água comendo.
Flamingos no Salar de Tara - Chile
Como senti os efeitos da altitude! Desde que começamos a subir, minha cabeça apertava e doía. Afinal, estávamos o tempo todo a mais de 4 mil metros de altitude. A piora é pela temperatura baixa e pelo vento, que resseca tudo, principalmente o rosto, além de congestionar o nariz. Dentro da casa de apoio tinha até uma fogueirinha para esquentar.
Encontramos, também almoçando, um grupo de turistas num Toyota Rav 4 e numa pick-up Mitsubish novinha. Eles eram de um hotel top de San Pedro de Atacama, que cobra uma fortuna para esse passeio, só para estarem em grupos menores. A diferença é de CH$ 35 mil para CH$ 250 mil por pessoa. Só para quem ganha em euro!
Retornamos à cidade e ainda passamos na Laguna de Águas Calientes, outro ponto de água verde, também muito bonito.
Laguna de Águas Calientes - Frio demais!! - Chile
Chegamos à cidade antes das 17 h. Foi bom, pois amanhã teremos que acordar às 3 h para irmos ao Gêiser de El Tatio. Teremos que dormir bem cedo, pois a operadora nos pegará às 4 h.
Lavamos mais roupa. O Marcio foi antes a uma lan-house, e jantamos outra vez no Restaurante La Casona, pois o custo x benefício para um ambiente legal, com aquecimento e cena, é muito bom.
Tomamos outro vinho, desta vez um cabernet da marca Cremashi Furlotti. Muito bom! Para a entrada, optamos por uma sopa de legumes. De prato principal, eu comi um espaguete com salmão e o Marcio comeu fetuttine com vegetais. A sobremesa foi uma torta de pêra. Tudo muito bom!
Logo depois de chegarmos, o restaurante encheu com gringos, acho que todos franceses e em grupos grandes.
Voltamos para o hotel às 21 h para dormir cedo.
Acréscimos do Marcio
O gerente da lan-house era um peruano que estudou no Brasil e já tinha até morado em Brasília. Por isso, falava perfeitamente o português e foi fácil nos entendermos.
O teclado dos computadores por aqui é um pouco diferente, pois tem que contemplar o “ñ”, não tem o til e o arroba (@) é obtido com uma combinação teclas.
No retorno do passeio pudemos ver a neve caindo sobre o vulcão, mas tudo à distância. Onde estávamos nada aconteceu, apesar do frio grande que fazia.

11º DIA – 29.09.2008 – 2ª feira

(CHILE: San Pedro de Atacama: Gêiser de El Tatio, City Tour e Vale da Lua)
Acordamos às 3h20. O Marcio conseguiu fazer suas necessidades e tomou banho; eu nem tentei.
Às 3h50 estávamos em frente ao hotel aguardando o transporte para o Gêiser de El Tatio. Estava 2º C e nós vestíamos um verdadeiro guarda-roupas ambulante. Eu estava com duas ceroulas, uma calça comprida, duas meias, duas camisas de manga, um agasalho de tricô e um casacão bem grosso com capuz, um xale de lã de lhama, luvas e gorro.
Impaciência de esperar empacotada, no frio e de madrugada!
O transporte não chegava. Víamos várias vans passarem, e nada da nossa. Eu comecei a entrar em pânico, achando que eles não viriam nos pegar.
Só chegaram perto das 5 h da manhã. O motorista-guia, Danilo, pediu desculpas pelo atraso. Entramos numa van pequena e que lotou conosco.
Eu comecei a ficar meio mal, com aquele monte de roupa, apertada na última fila do carro, com dois marmanjos com cara de Che ao lado, num caminho escuro, cheio de curvas e cada vez mais gelado. Só fui melhorar quando foi amanhecendo e pudemos ver a água dos rios congelada, os picos nevados e as aves com as canelas presas na água congelada dos riachos, aguardando o degelo.
Fui fazendo amizade com os dois do lado e descobri que eram de Santiago.
Para compensar o atraso na saída, o guia foi por um atalho nas montanhas. Notei que estávamos aumentando a altitude por causa da minha cabeça, que estava apertando e doendo. O frio foi aumentando a ponto de as janelas da van ficarem com uma crosta de gelo por dentro (o embaçado congelava).
Quando chegamos ao local já era mais de 6 h. Lá estava a -8º C. Inacreditável, pois nunca pegamos uma temperatura tão baixa assim. Com toda a roupa que eu estava ainda foi pouco.
- 8° C era a temperatura no local do Gêiser de El Tatio quando chegamos às 6 h
Compramos a entrada para a visitação por CH$ 3.500,00 (US$ 6,63)/pessoa e seguimos para a área dos gêiseres. Na verdade, não há o Geiser de El Tatio, mas um complexo de gêiseres.
Vimos fumaça saindo do chão, semelhante ao encontrado por nós na cidade de Rotorua, na Nova Zelândia, com a diferença de que aqui estávamos numa altitude de mais de 4.000 m.
Descemos do carro e fomos passear na área dos gêiseres. Vimos alguns entrando em erupção, jorrando água fervendo, e outros apenas expelindo gases. O cheiro de enxofre era forte.
O cheiro de pum é terrível! - Chile
A água fervendo congelava ao escorrer pelo chão no ambiente abaixo de zero grau.
A água fervendo e congelando ao escorrer pela terra - Chile
Gêiser de El Tatio é toda essa área com fumaça - Chile
Quando retornamos para a van, na hora combinada, um café da manhã nos aguardava, semelhantemente ao almoço de ontem. Tivemos o prazer de tomar café neste lugar paradisíaco. Havia leite, café, chocolate, sanduíche de queijo com presunto e ovo cozido na própria água dos gêiseres, a 80º C.
Breakfast” no altiplano, com 0º C e ovo cozido na água fervendo dos gêiseres
Seguimos para o banho termal numa piscina natural, com água em temperatura que variava de 20º C a 40º C.
Logo que o sol ia subindo já ficava mais quente. Quando vi a água quente, não demorei e tirei toda a roupa, ficando exposta àquele frio.


Muita coragem para tirar a roupa com a temperatura de - 8º C

Clênia vestia todo seu guarda-roupa de frio


Caí na água que, inacreditavelmente, estava gostosíssima.
Aqui está bem melhor, com a água em torno de 33º C
O perigo era quando os pés encostavam na areia do fundo, pois dava para sentir os grãos bem quentes, a ponto de queimar. No local é recomendado cuidado com queimaduras, pois é água com atividade vulcânica e possui muito enxofre. Por isso, é para ficar, no máximo, 20 minutos no banho.
Quando eu ia sair o Marcio resolveu entrar, e adorou. O contraste de temperatura da água e do ar é tão grande que tem fumaça na superfície.
Levantar e sair da água para pegar a toalha era terrível!
Saí e, com auxílio da toalha, deu para trocar de roupa ali mesmo, junto com todos.
No trajeto de volta, vimos a fauna e a flora local, conhecendo outro tipo de animal, o guanaco, da mesma família das lhamas e das vicunhas, que também são endêmicos daqui e de altitudes superiores a 3.000 m. Parecem um bambi e, diferentemente da vicunha, não têm a cabeça preta.

Guanaco - outro camélido dos altiplanos
Foi um passeio sensacional!
Chegamos ao hotel quase ao meio-dia. Tiramos a poeira das coisas e fomos almoçar no Restaurante Adobe, dica da brasileira Graziela, que conhecemos ontem. Muito bom! Ambiente agradável, comida boa e tinha até Wi-Fi grátis para quem levasse seu laptop.
Enquanto ficamos lá, consultamos a internet e conversei com três amigos no mensager. É outra coisa depois do advento da internet! Encurta tudo. É muito bom!
Comemos um risoto de cogumelos e tomate adocicado, feito com um alimento típico daqui, o quinoa, parecido com arroz e que o substituía no prato. Eu tomei pisco-sour, uma bebida típica, que parece feita com cachaça, limão e soda, com o copo decorado com açúcar nas bordas.
Almoço com risoto de quinoa e pisco-sour no Restaurante Adobe, em San Pedro de Atacama
Voltamos para o hotel. Eu fui passear pela cidade, enquanto o Marcio “afiava a sua organização”.
Fui ao Museu Arqueológico Gustavo Le Page.
Museu Gustavo Le Page – San Pedro de Atacama - Chile
Lá, pude ver toda a história das civilizações que andaram por aqui desde 40.000 anos atrás, passando pelos atacamenhos, pelos incas e pelos espanhóis. Vi a influência na cerâmica, nos metais (cobre e ouro) e na economia, que envolvia a produção e o comércio dos tecidos feitos a partir dos animais locais, a lhama e a vicunha.
Esses animais, conhecidos como descendentes de camelos, datam de mais de 5 mil anos na região e foram domesticados pela necessidade de descer das altas altitudes com -20º C no inverno rigoroso, e também para ter garantido o leite.
Foi bem produtiva a visita, sem contar que a estrutura surpreende, pois no meio do nada é possível existir um acervo tão rico e bem organizado. Ponto para os chilenos!
Vi a igreja da cidade, que é do século XII, só por fora, pois estava fechada. Aqui no Chile não fazem a siesta, como na Argentina, mas não sei por que não estava aberta.
Igreja de San Pedro de Atacama - depois dos espanhóis - Chile
Como tem cachorro nas ruas, assim como em todos os outros locais pelos quais passamos na viagem até agora! Acho até que alguém já tinha comentado isso conosco.
Fui ver o artesanato local, mas não vi nada demais. Voltei para o hotel e fomos ver o meu vale, o Valle de La Luna.
Foi uma pena, pois já estava sem sol. Ele se pôs logo que chegamos, por volta das 18h30.
O visual de lá é demais! Dava para fazer qualquer filme com tema extraterrestre. Têm pedras que sofreram a ação do vento e assumiram umas formas bem diferentes, além das dunas que existem no local.

Pôr do sol no Vale da Lua de San Pedro de Atacama - Chile
Como tinham pessoas lá! Todos para ver o pôr do sol.
Turistas no pôr do sol do Vale da Lua - Chile
Descemos a duna e visitamos uma caverninha próxima. Já era noite e eu fiquei com um pouco de medo.
Quando voltávamos para o carro, parte das pessoas que estavam na duna ia para a caverna. Doideira, uma vez que têm pontos apertados para que aquele monte de gente passasse.
O céu estava estreladíssimo. Aqui é um dos melhores lugares do mundo para observação de estrelas e planetas.
Voltamos para o hotel e comemos sanduíche aqui mesmo.
Agora é dormir. Afinal, acordamos às 3 h.
Acréscimos do Marcio
Realmente, o atraso da empresa para nos pegar no hotel foi preocupante, pois víamos vários transportes passando por nós, sem que nenhum deles parasse para nos pegar.
Após o retorno do passeio, e após o almoço, fiquei no hotel revisando este diário, pois ainda não tinha feito nada até o momento. Como não estou habituado a operar o note book (sem mouse e com o teclado um pouco diferente do meu), tudo fica mais lento.
O passeio ao gêiser poderia muito bem ter sido feito no nosso carro, pois tudo é muito bem sinalizado. Como não sabíamos disso, e não queríamos/podíamos arriscar perder tempo, contratamos logo no dia da nossa chegada ao povoado.
Para entrar na área onde fica o Valle de La Luna pagamos CH$ 4.000,00 (US$ 7,58)/casal. O local estava lotado de turistas, que vão ver o pôr do sol, semelhantemente ao que acontece nas dunas de Jeriquaquara, no Ceará.
É interessante como nesta semana a cidade está cheia de estudantes, como se fossem férias escolares. Será que no Chile as férias são em período diferente do nosso?
No passeio ao gêiser conhecemos também uma senhora chilena, cujo nome, coincidentemente, era Sônia Farias, o mesmo da mãe da Clênia. Ela mora há quarenta anos na Califórnia - EUA e adora aventuras, já tendo visitado, inclusive, o Monte Kilimanjaro.
Uma coisa interessante por aqui no Chile é que aquela sinalização de trânsito PARE realmente é obedecida ao pé da letra (como deveria ser no Brasil). Todos efetivamente param na esquina onde ela existe, independentemente de se poder ver que não vem nada do outro lado. Igual comportamento ocorre nas passagens por via férrea, no famoso PÁRA-OLHE-ESCUTE. Todos param mesmo.

12º DIA – 30.09.2008 – 3ª feira

(CHILE: San Pedro de Atacama: Lagunas Miñique e Miscanti, Pukara de Quitor e Banhos de Puritama)
Acordei às 7h20. O Marcio já estava acordado desde 6h30, fazendo a revisão no Diário.
Tomamos café e seguimos para mais um dia de graças. Fomos conhecer as Lagunas Miñique e Miscanti, a 136 Km de San Pedro de Atacama.
Quase todo o trecho é de asfalto e subindo por curvas muito sinuosas. Depois, passamos para uma estrada de terra.
À medida que nos aproximávamos da área das lagunas, deparávamo-nos com vulcões e cerros, um mais lindo do que o outro, com neve no topo. A luz do sol de alta altitude impressiona, deixando os aficionados por fotos babando.
Fomos a mais de 4.200 m. Quando chegamos na área das lagunas, passamos por uma cancela onde foi comprado o ingresso. Lá, recebemos folders explicativos, coisa comum em todos os pontos turísticos por aqui. É tudo organizado!
Logo na entrada vimos um tipo de raposa, o zorro, endêmico daqui. Parece domesticado, pois posou inúmeras vezes para nós.
Raposa nas Lagunas Miñique e Miscanti – Deserto do Atacama - Chile
Fomos primeiro à Laguna Miñique, porém no trajeto passamos ao longo da Laguna Miscanti.
O cenário é simplesmente espetacular, pois cada laguna tem atrás um vulcão que leva o mesmo nome delas, a água tem a cor azul-piscina, que se parece com a do mar no Caribe. Tudo isso recheado com vistas para vicunhas e flamingos.
Na área da Laguna Miñique não pudemos andar pela margem, para não perturbar uma ave ameaçada de extinção, a Tagua Cornuda. Por isso, tem a reprodução protegida por lei, o que acontece de junho a dezembro.

Laguna Miñique – Deserto do Atacama - Chile

Já na Laguna Miscanti, andamos bastante pelas margens. Tirei várias fotos das vicunhas e dos flamingos, além de de um casal de patos chilenos. Tudo deslumbrante! Posso dizer que esse é o ponto alto daqui.

 
Laguna Miscanti – Deserto do Atacama - Chile

Estava bem frio, e o Marcio de short e camiseta. Não sei como ele estava agüentando, pois com o vento e com a altitude, com folga estava perto de zero grau.

Laguna Miscanti – vicunha e o Marcio ao fundo, com o vulcão Miscanti ainda nevado

Encontramos alguns turistas franceses.
Lanchamos às 11 h, sanduíches e sucos que havíamos levado.
No retorno, passamos no vilarejo Socaire. Estávamos com fome e procurando um local para o almoço.
Vimos, então, algo parecido com restaurante, porém não tinha placa indicativa. Avistamos um bujão de gás na lateral do prédio e uma van de turismo estava estacionada na frente.
Paramos e perguntamos. Confirmaram que era um restaurante, mas todas as mesas já estavam reservadas para grupos que estavam para chegar.
Mesmo assim, as três moças que tomavam conta do local (cozinheiras e garçonete) nos deram abrigo e nos serviram almoço na cozinha mesmo.

Banquete na cozinha de um restaurante de Socaire - Foi o máximo!

Comemos enquanto elas trabalhavam. A maior aventura!
A comida salvou a pátria. Um oásis naquele desertão, pois o vilarejo não tinha nada.
Com a alta altitude, desci com uma dor de cabeça insuportável. Tomei um AAS, que aliviou um pouco.
Antes de San Pedro, paramos para ver um ponto da Trilha Inca ou Trilha Andina. Conosco também parou um grupo de turistas italianos.

Trecho da Trilha Inca – Deserto do Atacama - Chile

Chegamos de volta à cidade, fomos ao hotel deixar algumas coisas e resolvemos ir conhecer a Pukará de Quitor, a 3 Km da cidade.
São ruínas bem preservadas de uma fortaleza atacamenha e inca, onde aqueles povos resistiram por 20 anos aos ataques dos colonizadores espanhóis. Também vale a visita!

Pukará de Quitor – Deserto do Atacama - Chile

Seguimos depois para os Banhos de Puritama, também conhecido como Termas de Puritama, que fica no caminho para o Gêiser de El Tatio, a 30 Km daqui.
Subimos de novo para quase 4.000 m. Começou tudo de novo, o aperto na cabeça.
O caminho é bem bonito, com curvas sinuosas e estreitas, mas o local estava fechado quando chegamos. Uma pena! Em compensação, fomos brindados com um pôr do sol de arrepiar de lindo. Valeu!

Pôr do sol no caminho para as Termas de Puritama – Deserto do Atacama - Chile

Chegamos de volta a San Pedro perto das 18 h. O Marcio foi preparar o carro para partimos amanhã e eu fui ver um artesanato local. Acabei comprando mais algumas coisas. Comprei o arroz daqui, o quinoa, que também pode ser comido como cereal, adicionado ao iogurte, por exemplo.
Após o banho, fomos a uma casa de câmbio trocar dinheiro, pois o pagamento do hotel teria que ser feito em pesos chilenos.
Fizemos o câmbio por uma taxa um pouco superior à do dia da nossa chegada. Hoje o dólar estava valendo CH$ 530,00, contra CH$ 528,00 de sexta-feira. Troquei US$ 500,00.
Jantamos no restaurante vizinho ao hotel, o Bendito Desierto, por comodidade. Foi o mesmo da nossa primeira noite. O Marcio comeu pizza napolitana e eu, de novo, lasanha de salmão. Tomei outra vez o pisco sour.
No retorno ao hotel já fechamos a conta, e por cinco diárias pagamos CH$ 160.000,00.
Arrumamos as malas, pois amanhã deixaremos a cidade para irmos a Iquique.

Acréscimos do Marcio

Realmente hoje eu me equivoquei ao sair de short e sandália. No alto dos Andes, no local das lagunas que visitamos, estava um vento frio que congelava as orelhas, o nariz e as pontas dos dedos das mãos. Mesmo assim, resisti bravamente.
A estrada que vai de San Pedro para as lagunas é a mesma que leva à fronteira com a Argentina, pelo Paso de Sico, a RN-23.
É impressionante como o motor do carro sofre com a altitude. Enquanto o turbo não entra em funcionamento, o que acontece acima dos 1.800/2.000 rpm, o veículo se arrasta, quase não conseguindo sair da inércia. Depois disso, tudo fica normal, mas percebemos com mais intensidade o ruído característico dos motores turbinados.
Outra coisa que acontece é o esmagamento das garrafas de água vazias quando se passa de 4.000 m para 2.000 m, por exemplo. Com o aumento da pressão externa elas são praticamente achatadas. Percebemos que os frascos contendo algum líquido, quando abertos depois dessa variação, jorram seus conteúdos. Pura física!!
Quando retornamos à noite, fui dar uma geral no carro, pois com a trepidação das estradas de terra (costelas), a bagagem que não sai do carro estava toda bagunçada no porta-malas.
Além disso, as presilhas dos fios das antenas dos rádios-comunicadores arrebentaram e eles (os fios) ficaram presos entre a borracha de vedação e a tampa da mala, deixando que bastante poeira entrasse no carro. Troquei as presilhas por novas, dei uma limpada na poeira e lavei vidros e espelhos.
Uma coisa interessante que observei é que, mesmo não estando muito frio naquela hora da limpeza do carro, após o momento em que eu molhava o pano e as mãos (a água também não estava fria), parecia que ia congelar com o contato com o ar frio.

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