sexta-feira, 31 de maio de 2013

(075) 2012 - Viagem ao Peru, Equador e Bolívia - PERU: DE CUZCO A PARACAS (VIA NAZCA)


11º DIA – 14.09.2012 – 6ª feira

(PERU: Cuzco – Puquio)

Acordamos, tomamos café e, em vez de esperar que a Concessionária Toyota trouxesse o carro, fomos lá pegá-lo, de táxi.

Quando chegamos, ainda o estavam lavando.

Antes de entregar, deram uma lavada no carro – Cuzco - Peru

O problema que fez o carro não ser retirado no dia 11 foi o cabo do conta-giros, que foi quebrado durante a retirada da bomba injetora para limpeza. Trocaram-no sem ônus.

Deixamos a concessionária e abastecemos o carro num dos postos recomendados pelo engenheiro da Toyota como de confiança: Repsol, Primax, Pecsa ou YPF. Pagamos S/.13,80/galão (US$ 5,35/R$ 10,97). Esperamos que agora seja seguro mesmo.

Voltamos para o hotel, fizemos o check-out, rearrumamos a volumosa bagagem no porta-malas e, às 9h30, deixamos a cidade de Cuzco.

Missão cumprida, que era vir a Cuzco de carro. Dá alívio deixar para trás o ar seco, frio e pesado, além de todos os contratempos decorrentes da falta de pressa e da desorganização com a qual nos deparamos dos peruanos. Isso sem esquecer da comida!

O tempo estava bem nublado, frio, mas sem chuva.

Seguimos para Nazca, via Poroy e Abancay. Existe outra estrada por fora da serra, mais plana, porém 4 horas mais longe. Fomos advertidos, também, quanto ao maior risco de acidentes, por ter muitas retas e, por isso, ser monótona para os motoristas.

Descemos a serra do Vale Sagrado, com cuidado pelas curvas acentuadas e por causa da “Arca de Noé” na beira da pista: eram vários cachorros, cavalos, vacas, porcos, ovelhas e outros bichos.

Como vimos cachorros nas ruas por onde passamos! Parece até a Argentina.

Quase todo trecho entre Cuzco e Abancay foi serpenteando as montanhas, descendo para a altitude de 1.800 m, mas subindo até mais de 4.000 m. O visual das montanhas é bacana, mas a minha cabeça apertou demais.

Vimos motoqueiros com câmeras nos capacetes e um ciclista viajando pelas montanhas. Muita coragem! Se já é perigoso de carro, imagina em outro meio de transporte?!

Ainda bem que o conserto do carro parece ter ficado bom! Já foi devidamente testado na altitude, e foi aprovado.

Paramos às 13h30 para almoçar em Abancay. Este foi um trecho muito lento. Gastamos 4 horas para rodar 170 Km.

Comemos no Restaurante Pez Picante (peixe picante), dentro da cidade.

Restaurante Pez Picante, em Abancay – Peru

Yakissoba no Restaurante Pez Picante, em Abancay – Peru

Lomo saltado no Restaurante Pez Picante, em Abancay - Peru

O restaurante era uma cevicheria, mas servia carne também. Não se arrisque no ceviche, pois é perigoso: cebola com peixe. Eu não agüento cebola e limão em excesso!

Preferi comer algo que se parecia com o yakissoba. O Marcio comeu lomo saltado, que é a carne bovina com arroz a alguns legumes. Eu só comi o macarrão e deixei o resto.

Passamos sufoco com o trânsito. Ninguém respeita nada. Tiram-se finos de rotina.

A cidade é horrorosa e empoeirada.

Sinceramente, a pior parte da viagem são as cidades. Seria bom se entre as montanhas não tivesse cidade alguma.

O povo é feio, a comida não agrada, o clima é frio e outras coisas mais. Acho que não recomendo para ninguém a viagem por esses lugares.

A viagem não rendia. Percorremos 400 Km em 8 horas, subindo e descendo montanhas. Chegamos a 4.600 m em Pampachiri, mais um povoado “daqueles”, às 17h22, com 7° C fora do carro. A temperatura chegou a 2° C.

Como apertava mais ainda a cabeça e meu peito! Estava muito ruim!

A vegetação é pampa e não há árvores, só caminhões e lhamas atravessando a pista. Passamos dois sustos com um caminhão e um carro vindo na contramão.

Vimos neve nas montanhas e vários lagos. Num deles, havia flamingos.

Travessia de lhamas nos povoados - Peru

A altitude não baixava de 4.000 m, e ficamos preocupados pela possibilidade de ter que dormir nessa situação e, ainda por cima, numa espelunca.

Altitude de quase 5.000 m na Cordilheira - Peru

Já eram quase 18 horas, e dirigir ali no escuro não cheirava nada bem. O prêmio foi ver a neve e o pôr do sol perto do céu.

Pôr do sol nas montanhas peruanas

O ritmo foi reduzido para a velocidade de 50 Km/hora. Até para fazer um xixi estava complicado, por causa dos cachorros. São muitos na estrada.

Antes das 19 h achamos um oásis, a cidade de Puquio. Pequena, mas constavam dois hotéis no GPS.

Um deles, o Los Andes, foi o escolhido. Parece recém-reformado, é limpo, melhor e tem garagem fechada. Pagamos S/. 50,00 (US$ 19,38/R$ 39,74). É muito melhor que a hospedagem do povoado de Quincemil, nosso primeiro pernoite no Peru.

O piso das ruas é com placas de concreto e não de asfalto ou de terra.

Jantamos num restaurante especializado em frango, uma Polleria (Restaurante Maverick).

Descobrimos que Nazca ainda está a 3 horas daqui, apesar de o GPS mostrar que só faltam 90 Km em linha reta. Ele não calcula com curvas.

Não conseguiríamos chegar lá hoje, com segurança, de jeito algum.

Agora é descansar e tentar dormir na altitude de 3.200 m.

Acréscimos do Marcio

Realmente é impressionante como se vê cachorros ao longo da estrada. Muitos ficam deitados no acostamento, observando aos carros passarem.
Todos os inconvenientes mencionados pela Clênia (trânsito caótico, pessoas ‘feias”, animais na pista, etc) fazem parte do contato/aprendizado da cultura local, experiência que não teríamos com a mesma clareza se estivéssemos em um pacote turístico, quando todos são poupados desses contratempos. Será um bom assunto para conversarmos com os amigos ao voltarmos.
O carro parece que está bom e ainda mais econômico.
No Restaurante Maverick, no povoado onde pernoitamos (Puquio), comi milaneza de rês e a Clênia foi de sopa. Estavam razoáveis.
Sobre a distância para Nazca (90 Km) e o tempo para se chegar lá (3 horas), penso que não há nada de errado com o GPS no cálculo, mas apenas que o trajeto é muito lento devido às curvas.
Aqui em Puquio está frio pra cacete!

12º DIA – 15.09.2012 – Sábado

(PERU: Puquio - Paracas)

Acordamos às 6h30. Conseguimos dormir apesar da altitude e de uma festa com som alto que houve até a madrugada. Duro mesmo foi tomar banho com a água fria, porque estava muito frio.

Enquanto o Marcio encarava o banho frio, eu fui lá fora ver o que estava acontecendo.

Um simpático senhor do hotel me disse que a água estava quente. Quando molhei a mão com a água da torneira “quente”, ela ainda estava muito fria; a da torneira “fria” estava gelada. Por isso ele disse que não estava fria. Rimos juntos quando eu disse que estava gelada.

Mesmo assim, tomei o tal do banho, imaginando estar numa cachoeira gelada.

Tomamos café num restaurante vizinho ao hotel, o Los Andes, por sugestão da recepcionista.

No restaurante, pensei que a atendente era a recepcionista do hotel. Elas parecem japonesas, de tão parecidas que são: os olhos, o cabelo, a bochecha rosada e a estatura sempre pequena.

Um menino ajudava as moças a nos servir. Ele tinha 11 anos, com estatura de 8. Muito simpático, ele se divertia com a minha tentativa de pedir as coisas em espanhol. A primeira delas foi uma tigela para os cereais e para o suco de mamão. A outra, foram os talheres. Nós todos ríamos.

Eles devem achar o nosso tipo de café da manhã muito diferente. Para eles, o comum é ter arroz e carne, o chincharon. Eu peço ovo com pão, café e suco de mamão. Eles olham assim com estranheza, mas atendem e fica gostoso. Sempre acrescentamos ao suco aveia, farelo de trigo e sucrilho.

Hoje eu estava com uma fome absurda! Ontem jantei só uma sopa. O Marcio comeu bife à milanesa com arroz e batata frita. Eu não tive coragem. E ainda por cima, tinha algo na sopa que parecia gengibre.

De vez em quando vinha esse sabor na boca. Tomei um pisco sour. Dos que tenho tomado por aqui, nenhum tem o cheiro de ovo que senti no que me foi servido no restaurante peruano Taipá, em Brasília. Estivemos lá antes dá viagem para um primeiro contato com a comida deles.

Antes das 8 horas deixamos Puquio.

Vestimenta e penteado (trança) típicos nas montanhas – Puquio - Peru

Rua do povoado de Puquio - Peru

Continuamos rodando por vários quilômetros perto dos 4.000 m de altitude e, mesmo com o solão e o céu azul, o frio era de matar. Imagino como deve ser em junho (inverno), porque agora estamos em setembro (primavera).

Eu tenho usado dois casacos mais finos por baixo de um casaco de tactel, para cortar o vento. Uso também uma calça de tactel com ceroula por baixo.

Passamos pela Reserva Nacional Pampa Galeras Bárbara D’Achille, onde avistamos várias vicunhas atravessando a pista.

Vicunha na Reserva Pampa Galeras Bárbara D’Achille - Peru

Vicunhas cruzando a pista na rodovia para Nazca - Peru

Havia vários caminhões e muitas curvas. Definitivamente não teria sido bom dirigir aqui à noite, caso tivéssemos seguido viagem mais um pouco ontem.

Paramos para umas fotos com o cacto conhecido como “candelabro”. A altitude estava 1.000 m a menos, e já estava bem mais quente. Tirei todos os casacos, como se eu fosse uma cebola.

Vimos 3 condores perto dos “candelabros”. Eles têm mais de 3 m de envergadura.

Clênia e o cacto candelabro - Peru

Paramos para almoçar em Nazca, às 11h15, no Restaurante La Taverna. Suas paredes são totalmente escritas com mensagens dos clientes.

Paredes com mensagens dos clientes: Restaurante La Taverna – Nazca - Peru

Vimos uma de um brasileiro, de 1988; outra, de JUN/2012, de egípcios em lua-de-mel fugindo da revolução que houve lá.

O Marcio colocou nosso adesivo da viagem no vidro da porta de entrada.

Registro da nossa passagem por Nazca - Peru

Comemos um menu turístico, que incluía creme de aspargo e macarrão ao molho. Este molho era igual ao molho caseiro que se faz na Paraíba.

Quando pegamos o carro, percebemos um barulho que parecia uma vibração de lata no escapamento. Paramos num mecânico na beira a estrada, ainda em Nazca, para ver o que poderia ser.

As condições do lugar eram bem precárias. O mecânico entrou embaixo do carro e saiu de lá com uma peça na mão dizendo que ela estava gasta. Era o anel de vedação do escapamento.

O Marcio foi a uma loja do outro lado da pista, mas estava fechada para o almoço (aqui eles fazem a siesta). Foi à outra loja, mas não tinham a peça.

O mecânico e o Marcio acabaram indo ao centro, de táxi, para tentar achar. Mas, nada.

Às 14h30 abriu uma das lojas ao lado da oficina, mas também não tinha.

Aí foi a vez de o mecânico ir almoçar e retornar às 15h.

Oficina em Nazca, para mais um reparo no carro - Peru

A solução provisória foi colocar silicone na junta do escapamento.

Pegamos um calor terrível e com ele, pela falta de infra-estrutura, as moscas. Esse tipo de coisa que não existe no frio da altitude.

O mecânico Angel cobrou S/. 10,00 (US$ 3,88/R$ 7,95) pelo serviço.

Angel, o mecânico que nos atendeu em Nazca - Peru

Deixamos Nazca às 15h30.

Enquanto esperávamos o mecânico retornar do seu almoço, comi um sorvete sem tomar lactase. Não deu outra: diarréia na estrada, sob um calor de 30° C, muita poeira e olhando para as montanhas acinzentadas de Nazca. Foi trágico, para não dizer cômico.

Na estrada, passamos por uma torre para observação das Linhas de Nazca, mas essa atração só veremos depois que voltarmos do Equador.

Avistamos laranjais e mangueiras, parecendo área irrigada. Mas só víamos rios secos! Não sei de onde vinha a água.

Conseguimos registrar mais um por do sol de arrasar no meio do deserto peruano.

Lindo pôr do sol na Rodovia Pan-americana - Peru

Depois de dois dias enfrentando frio, altitude, poeira e calor, para rodar menos de 900 Km, finalmente chegamos ao Oceano Pacífico, à cidade de Paracas, pertinho de Pisco.

Completado o trecho interoceânico, porém não a Rodovia Interoceânica, pois ainda há mais dela para o norte.

Assim que entramos na cidade paramos numa loja de turismo, onde compramos o passeio para amanhã para as Islas Ballestra, um conjunto de ilhas próximo à costa com pingüins, lobos-marinhos, inúmeras aves e visuais bacanas. O passeio deve durar 2 horas. Pagamos S/. 35,00/pessoa (US$ 13,57/R$ 27,81), além da entrada do parque, mais S/. 6,00 (US$ 2,33/R$ 4,77).

Nosso pernoite, seguindo orientação do agente da loja de turismo, Lúcio, será na Posada El Emancipador. Pagaremos S/. 206,40 (US$ 80,00/R$ 164,00).

Minha barriga não está muito bem. Espero que amanhã eu não tenha surpresas.

Acréscimos do Marcio

Apesar de lento o trecho das montanhas até Nazca (mais de 4 horas para rodar 250 Km), a estrada está em ótimas condições, lisa e sem buracos.
Em Nazca abastecemos no Posto Repsol, seguindo dica do chefe da oficina da Concessionária Toyota de Cuzco. O carro fez quase 13 Km/l. Está ótimo!
Após o almoço, ao ligar o motor, percebi que estava fazendo um barulho de vibração embaixo. O problema era na junta de vedação da emenda do escapamento, bem abaixo do assoalho do carona, mas não encontramos a peça na cidade. Terei que trocar quando achar a nova. Perdemos quase 3 horas nisso.
Quando peguei o táxi junto com o mecânico, percebi que aqui é comum compartilhar a “corrida”, assim como na Grécia. Quando entramos no carro, já havia outro passageiro e seguimos juntos até os destinos. Custou (ida e volta) S/. 6,00 (US$ 2,33/R$ 4,77).
Resolvemos ficar em Paracas, em vez de Pisco, pois as atrações estão lá (Islas Ballestras, Reserva Paracas, etc.).
Jantei no restaurante da pousada, só, pois a Clênia ainda não estava se sentindo bem da barriga.
Amanhã, após os passeios por aqui, ainda seguiremos para Lima.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

(074) 2012 - Viagem ao Peru, Equador e Bolívia - PERU: DE CUZCO PARA AGUAS CALIENTES E MACHU PICCHU


9º DIA – 12.09.2012 – 4ª feira

(PERU: Cuzco – Águas Calientes)

Ontem fui dormir à meia-noite outra vez, por causa do Blog. É tão gostoso compartilhar as nossas descobertas com os outros, que não sinto a hora passar.

Acordamos antes das 6 h, tomamos café e pegamos as mochilas com água e com os sanduíches que fizemos ontem. A nossa varanda é a nossa geladeira, e foi onde dormiram os sanduíches.

Às 7h10 a Elia, da empresa Viaje Pacífico, veio nos buscar para irmos para a Estação Poroy, para pegarmos o trem para a cidade de Aguas Calientes. É de Aguas Calientes que se parte para Machu Picchu.

Chegamos às 7h30 à estação, que fica em um prédio antigo e bem conservado. Já estava saindo um dos trens, o Expedition, com gente do mundo todo.

Trem da categoria “Expedition”- Estação de Poroy - Peru

O nosso, o Vistadome, sairia só às 8h25.

Existe ainda outra categoria de trem, mais luxuoso e bem mais caro.

Enquanto aguardávamos, ficamos conversando com uns brasileiros que conhecemos na estação. A Marisol, uma simpática paranaense de Londrina (PR), disse que eles retornariam hoje mesmo. Nós voltaremos somente amanhã à tarde.

O embarque no trem foi feito mediante a apresentação do passaporte e do ticket. Havia a conferência nominal dos passageiros.

Conferência na hora do embarque

Nossa poltrona no trem era a primeira do primeiro vagão, e por isso tivemos uma visão espetacular em todo o trajeto até Aguas Calientes. Foi um presente de aniversário para o Marcio!

Cadeira nº 1 no trem para Aguas Calientes - Peru

Conseguimos este privilégio, pois o ticket foi comprado em MAR/2012, pela internet, no site da própria ferrovia, a Perurail. Pela BB-Tour, o preço era bem mais caro e não informava nem a poltrona nem o vagão em que iríamos.

O trem trafega devagar pela ferrovia de 1905, a 60 Km/h, para que possamos apreciar o passeio. Passa por povoados, por áreas agrícolas, por montanhas e por rios.

Estação de Ollantaytambo - Peru

O dia estava aberto, assim como foram todos os nossos dias em Cuzco.

No trem há serviço de bordo, porém com comidas peruanas. Optamos por comer o lanche que levamos.

Conhecemos 2 mulheres que moram nos EUA, a Maria e a Berta. Elas moram num Parque Nacional próximo a Los Angeles. A Berta é cubana, mas nunca mais voltou ao seu país.

Conversamos muito com ela, até porque já estivemos em Cuba em 2002. Ela insistia em falar em espanhol, mas teve um momento em que eu pedi para falarmos um pouco em inglês, e foi ótimo. A Maria também entrou na conversa. Elas ficaram espantadas de estarmos viajando de carro desde o Brasil.

Os visuais da viagem para Aguas Calientes são lindos e os pontos altos são o Vale Sagrado, a parada em Ollantaytambo (Km 68), os Andes com neve na altura do povoado de Chillca e o início da Trilha Inca para Machu Picchu (Km 82). Essa trilha é feita em 4 dias e 3 noites. Vimos muitos turistas e o pessoal de apoio com as mulas e as malas.

Grupo iniciando a trilha de 4 dias até Machu Picchu – Peru

Carregador de bagagem dos turistas que fazem a trilha: olha o tamanho da mochila!

Eu acho que não agüentaria uma viagem pesada dessas.

Cuzco está localizada em uma altitude superior a de Machu Picchu.

O visual do Rio Urubamba à esquerda com as montanhas é lindo! Em 2010 houve uma enchente nesse rio e algumas pessoas ficaram presas em Aguas Calientes, inclusive brasileiros.

Rio Urubamba – segue a ferrovia por quase todo o percurso

Era meio-dia quando chegamos, e o guia Marcos já nos esperava. Ele pensava que iríamos para Machu Picchu ainda hoje. Expliquei-lhe que o nosso ingresso era para amanhã.

Sem problemas, ficamos de nos encontrar amanhã, no hotel, às 5h30. O café será servido às 5 horas.

Nosso hotel ficava bem próximo da estação. Passamos por uma feira de artesanato e logo chegamos ao Hotel Império Machu Picchu. Pagamos S./ 206,40 (US$ 80,00/R$ 164,00) pela diária.

O hotel é bom, mas também não tem elevador. Nem acreditei! Minhas coxas já não agüentam mais subir escadas!

A cidade de Aguas Calientes é encravada em um vale, e por ela não circulam veículos. Todos têm que andar como na Favela da Rocinha (no Rio de Janeiro-RJ), subindo e descendo escadas e rampas. Não é fácil para joelhos bichados.

Cidade de Aguas Calientes e o Rio Aguas Calientes – Peru

Sem carros, tudo tem que ser levado na mão

Almoçamos num dos inúmeros restaurantes da cidade, o Apuss. Comi ceviche de truta, para ficar com bafo de cebola até amanhã; o Marcio acertou com filé de vaca.

A comida foi pouca e eu saí com fome.

O Marcio checou seus e-mails, pois hoje é seu aniversário. Utilizou o Wi-Fi do restaurante.

Restaurante Apuss, em Aguas Calientes - Peru

O tempo estava aberto, mas na montanha parecia nublado.

Descansamos um pouco e fomos às Águas Termais. Para chegar lá, subimos a maior ladeira, passando por várias lojas de artesanato, de massagem, mercadinhos e restaurantes com os funcionários assediando para que entrássemos. Até aluguel de toalha e venda de short de banho existe por aqui.

Para entrar, pagamos S/. 10,00/pessoa (US$ 3,88/R$ 7,95). O lugar tem piscinas com água bem quente.

Piscinas termais na cidade de Aguas Calientes - Peru

Quando vi a cor escura da água, fiquei imaginando as pessoas entrando ali depois das caminhadas, sujas e urinando. Fiquei agoniada e saí logo.

Acho que é perfeitamente dispensável visitar esta cidade. Aliás, a única vantagem de pernoitar aqui é pelo conforto de não ter que voltar para Cuzco, de trem, no mesmo dia do passeio às ruínas.

Os restaurantes são caros, os hotéis são simples e sem elevador, e andar pela cidade é dureza, pelas ladeiras para lá de íngremes.

Para completar, voltamos para o hotel com chuva e nos perdemos quando passamos por uma feira de artesanato imensa. A sorte é que voltamos para estação e nos achamos.

Saímos para jantar e comemorar o aniversário do Marcio no Restaurante Inka Wasi, por dica do hotel. A chuva deu uma trégua e ficamos mais animados.

Cardápio do Restaurante Inka Wasi em Águas Calientes - Peru

O restaurante fica em frente ao Hotel El Mapi, o chique do lugar.

O lugar é lindo, em estilo peruano, bem transado e espaçoso. Não é barato, mas tem uma opção que inclui entrada, pisco, suco, sopa, prato principal e sobremesa, por S/. 42,00 (US$ 16,28/R$ 33,37).

Cardápio escolhido: pisco sour (servido numa taça delicada), sopa crioula com macarrão fininho e pequenos pedaços de carne, truta recheada com cogumelos e acompanhada com legumes cozidos. A sobremesa era torta de chocolate. O Marcio pediu filé em vez de truta.

Comemorando os 53 aninhos no Inka Wasi, em Águas Calientes - Peru

Tudo estava bom, mas não cabia. Uma pena!

Voltamos para o hotel e agora é dormir. Amanhã acordaremos às 4 horas, pois sairemos no ônibus das 5h30 para as ruínas.

Nosso hotel fica perto de 2 campos de futebol, e a esta hora, quase 22 h, ainda tem muita gente na rua. Dá para escutar todo o movimento.

Percebemos que aqui e em Cuzco parece não existir qualquer planejamento familiar, pois vimos muitas crianças pequenas por onde andamos.

Acréscimos do Marcio

Nosso vagão no trem era também a locomotiva. Por isso, nas poltronas nº 1 e 2, tínhamos a mesma visão do maquinista. Aliás, ele ficava numa cabine ao nosso lado.
Conhecemos duas americanas da Califórnia (1 delas era cubana). Berta e Maria.
Nosso guia em Machu Picchu, o Carlos, explicou-nos que, no Peru, para se obter a carteirinha de guia tem-se que fazer o curso superior de Turismo, quando estudam geologia, arqueologia, língua estrangeira, etc. A duração é de 5 anos.
O Carlos nos esclareceu que a palavra INCA, diferentemente do que imaginamos, significa o nome do cargo do dirigente máximo daquela civilização, e não o nome dela, como pensamos.

10º DIA – 13.09.2012 – 5ª feira

(PERU: Machu Picchu – Águas Calientes - Cuzco)

Acordamos às 4 horas. Às 5 h estávamos tomando o café da manhã.

Conforme combinado, nosso guia Carlos chegou ao hotel às 5h30 e seguimos com ele para o ponto do ônibus para Machu Picchu.

O local já estava cheio de “doidos” iguais a nós, todos querendo ver o sol nascer nas ruínas. A fila anda rápido, pois tem ônibus de 5 em 5 minutos.

Quando chegamos ao parque, havia outra fila para entrar, mas andou bem rápido e logo estávamos lá dentro.

Fila de turistas para entrar em Machu Picchu - Peru

Marcio na fila com o Carlos – Machu Picchu - Peru

Clênia em frente ao mapa da cidadela Machu Picchu - Peru

Já tínhamos comprado da BB-Tour, por quase R$ 400,00 (US$ 195,12), os ingressos, as passagens de ida e de volta do ônibus, o tranfer de ida e de volta em Cuzco e o serviço de guia. Descobri que saiu muito mais caro do que se tivéssemos comprado aqui. A insegurança falou mais alto no período pré-viagem.

A primeira imagem de Machu Picchu é impressionante! A das montanhas em volta, mais ainda!

Nós e Machu Picchu - Peru

Parte das ruínas de Machu Picchu – Peru

Ruína do templo e da casa do sarcedote – Machu Picchu – Peru

Encaixe perfeito das pedras – Machu Picchu – Peru

Tudo é fascinante nas ruínas em Machu Picchu – Peru!

Ruínas das moradias em Machu Picchu – Peru

O Carlos tem 30 anos, é formado em turismo em Cuzco e é uma enciclopédia ambulante. Ficamos com ele até às 9 horas.

Carlos, nosso guia em Machu Picchu - Peru

Ele detalhava cada ambiente e a cultura inca. De repente, fiquei agoniada com tanta informação e até pedi que andássemos um pouco.

Na verdade, acho que ele bem que podia fazer uma sinopse, pois o que mais nos atrai é a grandiosidade do que vemos e nem tanto a sua história.

A cidade é relativamente nova -- tem menos de 600 anos -- e foi construída sem o conhecimento dos colonizadores espanhóis. Não há qualquer indício do catolicismo, a marca espanhola.

Somente no século passado é que um americano, procurando outra ruína, e com a ajuda de um camponês local, descobriu o lugar.

Os incas cultuavam as montanhas, o sol e animais como o condor, o puma e a cobra. Os ambientes foram criados em cima desse misticismo. Na verdade, INCA é como era chamado o cargo máximo da comunidade.

O fato é que seguimos passeando pela cidade e curtindo o visual.

O sol ia subindo e mudando nossa percepção da paisagem.

Outro ângulo da cidade de Machu Picchu – Peru

Área que era destinada a festas – Machu Picchu – Peru

Visual das montanhas ao redor – Machu Picchu - Peru

Cada vez chegava mais gente. Nos meses de junho e julho, 4 mil turistas visitam o parque por dia. Agora, apenas a metade.

Lanchamos os sanduíches que tínhamos levado, para evitar a exposição ao desconhecido.

Lanchinho rápido antes de encarar mais subidas – Machu Picchu

Usamos o sanitário pagando S/.1,00 (US$ 0,39/R$ 0,79), e às 10 horas entramos na trilha para outra parte do parque, a montanha Waiana Picchu.

Machu Picchu significa “montanha velha” e Waiana Picchu, “montanha nova”.

Quando compramos os ingressos, pagamos mais caro para termos acesso também a Waiana Picchu.

Essa visita só é permitida a duas turmas por dia, com 200 turistas em cada. Uma delas pode entrar entre 7 h e 8 h; a outra, entre 10 h e 11 h.

Waiana Pichhu (Montanha Nova): escalamos a danada

Quando comprei o ingresso pela internet, em MAR/2012, tive dúvida sobre qual horário escolher, pois não tinha a menor noção de nada. Pensei, apenas, que às 7 h seria muito cedo.

Agora, sei que nosso horário é melhor (turma das 10 h), pois dá tempo de visitar Machu Picchu antes e, quando se vai a Waiana Picchu, já se tem noção de tudo.

Bem, andar por Machu Picchu significa fazer uma trilha de leve para média dificuldade. Mesmo assim, não se deve ser sedentário, para não sofrer ainda mais.

Sobre a trilha para Waiana Picchu, tenho que detalhar um pouco mais. Trata-se de algo com elevado grau de dificuldade.

Trilha para Waiana Picchu: pesadíssima!

Cheguei a pensar em desistir algumas vezes, enquanto subia as escadarias para lá de íngremes. Chegamos à conclusão de que foi a trilha mais difícil que já fizemos. Apesar disso, é imperdível, por propiciar a maravilhosa vista de Machu Picchu e da estrada que nos leva de ônibus para lá.

Clênia, Machu Picchu (abaixo, à direita) e a estrada na montanha - Peru

Quase chegando ao topo da trilha para Waiana Picchu – Peru

Marcio em Waiana Picchu: vista sensacional! – Peru

Acho essa subida à Waiana Picchu proibitiva para quem tem vertigem, para fumantes e para doentes do coração ou do joelho. Não tem a menor condição!

Trilha adequada apenas para os saudáveis - Peru

Lá em cima parecia um encontro poliglota, onde ouvíamos espanhol, português, japonês, inglês, francês e alemão. Uma conferência mundial.

Não sei se o pior é subir ou descer Waiana Picchu. O fato é que fizemos o trecho dentro do tempo regulamentar de 2 horas. Gastamos 1 hora para subir, 10 minutos curtindo lá em cima e 35 minutos descendo.

Lá em cima existem 3 pontos para visitação, com duração total prevista de 4 horas. Estávamos dispostos a fazer a trilha completa, mas na subida encontramos uma brasileira (da turma das 7 h, que já estava descendo) que nos sugeriu não perder tempo nem gastar as nossas pernas subindo pirambeiras por mais duas horas, para vermos coisas semelhantes às que já tínhamos visto em Machu Picchu. Não fomos e ficamos satisfeitos.

Na volta, começamos a fazer a Trilha Inca em direção ao Portal do Sol, outra opção de passeio para ser feito em duas horas de caminhada. Estávamos tão cansados, mas tão cansados e de saco cheio de ver pedra, que desistimos no meio. Além disso, o tempo virou e estava chovendo, bem diferente do sol que fazia quando chegamos. Demos muita sorte pegando sol na maior parte do tempo. Fizemos lindas fotos.

Deixamos o parque antes das 13 h. A fila de turistas para pegar os ônibus de volta à Aguas Calientes era grande, mas há muitos. Por isso, não esperamos nem 10 minutos.

Chegamos à cidade e almoçamos no buffet do restaurante do Hotel El Mapi, por S/.42,00 (US$ 16,28/R$ 33,37), incluindo sopa, salada, pães, vários pratos quentes, sobremesas e bebidas quentes, como chá e café.

Comemos bem e num lugar moderno e agradável. Além disso, ainda usamos o Wi-Fi, pois o do nosso hotel não prestava.

Voltamos ao hotel para pegarmos a nossa terceira mochila. Levamos duas na trilha, com água, lanche, protetor solar, chapéus e câmera.

Nos sofás da recepção três homens estavam dormindo. Cena inusitada! Eles aguardavam, como nós, o trem das 16 h.

Logo chegaram as esposas e uma filha, a Bárbara. Eram todos de São Paulo (SP) e muito simpáticos. Fizemos amizade e trocamos informações sobre as nossas experiências. Eles ficaram espantados com a nossa vinda de carro e sobre o Blog que tenho escrito.

Um relato comum foi sobre a dificuldade com a comida. Não tem sido fácil para ninguém.

Às 16 horas estávamos na estação e às 16h22, pontualmente, deixamos a cidade rumo a Cuzco.

Pegarmos chuva em quase todo o trecho, e olhar as montanhas já não foi tão empolgante.

Teve lanche incluído, com refrigerantes, café e chá, além de um macarrão fusili com molho. Só tomamos café e chá.

Foi uma viagem agradável!

Chegamos à Estação de Poroy às 20 horas e nosso transfer já nos aguardava.

Quando chegamos ao hotel, soubemos que o nosso carro não tinha sido entregue pela Concessionária Toyota, conforme combinado.

O Marcio ficou puto! Ligamos para o tal engenheiro da oficina, que deu uma desculpa esfarrapada. Amanhã iremos lá para ver.

Acréscimos do Marcio

Nosso guia Carlos estava doido para praticar o português, mas a Clênia insistia em falar o portunhol. Após alguns “toques”, ela parou.
Durante nossa conversa com o Carlos, surgiu a palavra ”escambo”. Expliquei-lhe o que significava e ele anotou em um papelzinho.
Machu significa “velho” e Picchu “montanha”. Waiana significa “nova”.
Durante a visitação de Machu Picchu, vi uma guia peruana com um grupo de japoneses, ela falando a língua deles. Incrível!!
Não recomendo fazer o passeio Cuzco – Aguas Calientes – Machu Picchu – Aguas Calientes – Cuzco em um só dia. Além do óbvio (ser muito cansativo), perde-se a sensacional vista da cidade ao nascer do sol. Isso sem considerar a impossibilidade de se subir (pode-se quase dizer escalar) Waiana Picchu, pois o trem chega por volta das 11 h e último grupo entra às 10 h.
Fiquei mais que puto com a não-entrega do carro no hotel. Queria já poder arrumar a bagagem para partir amanhã, logo após o café. Ligamos e disseram que entregariam na primeira hora de amanhã.