20º DIA – 28.10.2009 –
4ª feira
(ARGENTINA: El Calafate - El Chalten)
Acordamos
às 7 h, tomamos café e conversamos com o casal simpático, dono do hotel. Todos quando
vêem a placa do carro do Brasil, querem saber de onde somos. Perguntam logo em
que parte do país vivemos.
Falo
sempre que apenas moramos em Brasília (DF), no centro do Brasil, mas que sou
natural da região nordeste, a Paraíba, local muito quente.
Alguns
já conhecem Sergipe e Bahia, mas explico que a Paraíba fica um pouco mais acima
no mapa. O Rio de Janeiro do Marcio, todos conhecem.
Falei
da minha intolerância ao leite, e a senhora ficou espantada com tal
enfermidade. Acho que os argentinos não carregam essa genética, particular
nossa pela descendência portuguesa e negra.
Tenho
procurado pílulas de lactase para comprar, mas não tenho encontrado. As que
ainda tenho não vão dar para toda a viagem. Estou frita!
Perguntada
por nós, a proprietária do hotel nos disse que uma mucama (camareira) do hotel tem trabalho assegurado na temporada,
de outubro a abril, e ganha por mês AR$ 3.000,00 (US$
789,47/R$ 1.500,00).
Ela
acrescentou que os argentinos estão bem mais pobres. Falou da quantidade de
mendigos dormindo nas ruas. Isso eu tenho acompanhado pela mídia.
Disse-lhe
que estranhava a falta de frutas nos mercados. Ela atribuiu ao clima frio e à dificuldade
do frete para entregar naquela região distante da Argentina. Ela acha o quilo
da banana por AR$ 5,00 (US$ 1,32/R$ 2,50) muito caro.
Falei
que no Brasil custa isso, mas que tem com abundância. A daqui vem do Equador
para Buenos Aires, e de lá é distribuída.
Deixamos
o hotel e fomos à loja de chocolates caseiros Guerreiro, na avenida principal, seguindo a dica da Virna, para
comprar os doces de calafate, por
serem de produção artesanal.
Como
a loja abria somente às 9 h, e ainda eram 8h50, fomos primeiro ao posto (estación de servicio, em espanhol) para calibrar
os pneus. Um deles estava com a calibragem bem abaixo do normal. Enchemos e
vamos observá-lo.
Voltamos
à loja para comprar os doces. Pela quantidade que compramos (12 vidros),
ganhamos de brinde dois sacos pequenos com chocolates. As coisas turísticas não
são baratas por aqui. Cada frasco com 200 g custou AR$ 12,00 (US$ 3,16/R$ 6,00).
A
funcionária da loja embalou tudo numa caixa de papelão. Tinha que estar bem
firme para não quebrar durante a longa viagem que ainda há pela frente antes de
retornarmos ao Brasil.
Seguimos
para El Chaltén, em estrada asfaltada,
apenas com alguns desvios na terra. Ainda bem, pois só de imaginar a poeirona
que entra no carro e que não dá para digitar nada, é dose!
O
trecho entre El Calafate e El Chaltén é de pouco mais de 200 km e é bem bonito
também. Vimos montanhas com vegetação rasteira e baixa, e alguns pontos com
neve, mas bem menos do que em
El Calafate.
Todo
trecho contorna os Lagos Argentino e Viedma. Passamos pelo Rio Santa Cruz, que dá nome à província (equivalente
ao Estado no Brasil) onde ficam essas duas cidades.
Tivemos
o primeiro visual do Glaciar Torre, o
famoso daqui, com a língua de gelo acabando no Lago Viedma.
Da estrada
para El Chaltén, o visual do Glaciar Torre - Argentina
Deixamos
para trás o dia aberto de El Calafate
para pegar o nublado de El Chaltén.
Vimos na estrada dois condores pegando um coelho morto no asfalto. O bicho é
grande!
Cóndor no
céu de El Chaltén - Argentina
Chegamos
a El Chaltén ao meio-dia. A cidade parece bem pequena, com seus mil
habitantes. Parece com Alto Paraíso de Goiás (GO), porém melhorada. Há várias
hospedagens e restaurantes, porém poucas opções de apoio, como mercados.
Entramos
no Centro de Orientações do Parque Nacional Los Glaciares e fomos
atendidos pela guarda Mariana, muito gentil, que nos deu as informações
necessárias sobre as trilhas. Aqui é a capital do trekking na Argentina.
Algumas delas duram dias, mas o parque oferece áreas de camping no trajeto.
Aqui
é tudo autoguiado, porém em alguns pontos fomos orientados a ter cautela com o
vento, com a neve, com a chuva e com a altitude. Para os que entendem de escalada,
aqui também é o lugar certo.
A
região é muito linda e oferece opções para se ficar por aqui uns quatro dias,
no mínimo. Tem uma opção de caminhada em um glaciar que dura 12 horas. Imagina
que dureza!
Marcio no Escritório do
Parque Nacional Los Glaciares, em
El Chaltén - Argentina
Decidimos
fazer hoje duas trilhas próximas, mas nem por isso leves. Escolhemos a Trilha
do Condor e a das Águias.
Depois
de orientados, e já com nossa opção para a tarde resolvida, continuamos a
explorar a cidade.
Portal de entrada da cidade de El Chaltén -
Argentina
Visitamos
alguns hotéis e os preços estavam entre AR$ 200,00 (US$ 52,63/R$
100,00)
e AR$ 300,00 (US$ 78,95/R$ 150,00). Barato, diante da
dificuldade e da distância do lugar.
Decidimos
pela Posada Altas Cumbres. O lugar é localizado numa área ampla, tem
apenas um piso, sala da recepção com lareira e é bem aconchegante e charmoso. O
quarto é bem grande e parece ter sido construído há pouco tempo. Muito legal!
O
sistema de aquecimento parece ter sido sub-dimensionado, pois o quarto tem um
pé direito muito alto e o aparelho não consegue esquentar a área inteira. Com
isso o ambiente não fica muito aquecido.
Deixamos
as coisas no hotel e fomos passear.
Fizemos
a Trilha do Condor (Sendero Los Condores), com duração de 1 hora e grau
de dificuldade de leve a moderado, por causa das subidas. De lá, vimos vários
condores e um visual das montanhas e da cidade muito bonito.
Nós no ponto máximo da Trilha do Condor. Ao fundo, a
cidade de El Chaltén - Argentina
Clênia com o Cerro Torres
ao fundo – El Chaltén - Argentina
Vimos
muitas flores vermelhas contrastando com o cinza das montanhas.
Flores silvestres nas montanhas de El Chaltén -
Argentina
No
final da Trilha do Condor conhecemos duas americanas que estavam em
viagem de três meses por aqui. Elas falavam espanhol, que tinham aprendido na
própria faculdade, nos EUA.
Depois
de algum papo e de tirar várias fotos, seguimos para o outro trecho da trilha, o
das Águias. Nesta parte é possível avistar o Lago Viedna, de
coloração bem verde.
Marcio no final da Trilha
das Águias, com o Lago Viedna ao fundo – El Chaltén - Argentina
Nessa
trilha, conhecemos uma britânica, a Carmem, que falava igual a uma boneca, mal
abrindo a boca. A pronúncia dela era difícil de entender. Comentamos com ela sobre
a diferença de sotaque entre o inglês britânico e o americano. Ela se justificou,
dizendo que ela é que falava muito rápido.
Como
anoitece tarde por aqui! Perdemos a noção do tempo. Às 19 h o sol se parecia
com o nosso das 17 h.
Voltamos
para a pousada e tomamos banho, inclusive de banheira. Fiquei escrevendo no laptop,
e nada de anoitecer para jantarmos. Saímos às 22 h, quando finalmente escureceu.
Jantamos
no Restaurante Rancho Grande, credenciado no Hostelling International
(Albergue da Juventude), que atende tanto os hóspedes quanto os de fora.
Comi
salada com alface, cenoura, ovos cozidos e tomates, acompanhada de hambúrguer
de fabricação própria. O Marcio optou por ravióli com molho roquefort. Estavam
muito bons!
Estava
muito frio, não ventava e o céu estava bem estrelado. Imagino que se estivesse
ventando viraríamos cubos de gelo.
No
restaurante, vimos pessoas do mundo inteiro. Ouvíamos inglês, alemão, francês,
etc. Coisa comum aqui por onde temos andado, tanto na Argentina como no Chile.
Voltamos para o hotel e
estava 0° C. Incrível!
Amanhã
faremos uma trilha daquelas!
Acréscimos do Marcio
Quando saímos de El Calafate o céu estava
limpo, sem nuvens, apesar de estar muito frio.
Vale informar, pois também desconhecíamos,
que o calafate (berberis buxifolia) é o fruto de um
arbusto rasteiro, do qual fazem doces, geléias, sorvetes e até bebidas.
Logo após nos hospedarmos, saímos para o
almoço. Comemos em um lugar muito simples, que quando chegamos estava com apenas
um casal comendo pizza. Após fazermos nossos pedidos, outras pessoas começaram
a chegar.
Quando já estávamos na fase de pedir a
conta, chegaram três caras, um deles fumando, o que poluiu todo o ambiente.
Felizmente já estávamos de saída, senão teria sido um problema sério para a
gente, que detesta cigarro.
A inglesa que conhecemos na trilha de
hoje disse que estava viajando com um amigo, que depois de El Chaltén iriam
para a região de Salta (ainda na Argentina) e em seguida para o Rio de Janeiro
(RJ). Alertei-a sobre os cuidados que deveria ter no Brasil.
El Chaltén abriga dois picos famosos: o Cerro Fitz Roy e o
Cerro Torres. As condições climáticas da região fazem com que dificilmente se
consiga avistar essas montanhas livres de nuvens. Conseguimos, a partir da
Trilha do Condor, algumas fotos com eles parcialmente cobertos.
Percebi observando algumas casas em construção, que na
instalação do telhado existe uma etapa a mais que pelo Brasil: é colocada uma
espécie de manta entre a telha e a armação de madeira, creio que para manter o
frio do lado de fora e para conservar o calor interno produzido pela calefação.
O local onde funciona o Restaurante Rancho
Grande (Albergue da Juventude) é muito
interessante. Ele é todo em madeira -- aliás, como quase todas as construções
em lugares muito frios; o mezanino é repleto de computadores, para que os
hóspedes possam manter contato com suas bases, já que praticamente só há
estrangeiros por aqui; existem duas cozinhas: uma delas, com cozinheiro, para
atender pedidos “à la carte”; a outra, para uso pelos hóspedes, que podem
comprar a matéria prima nos mercados locais e cozinhar sua própria comida.
Uma coisa que nos encantou no Rancho Grande foi o fato de em todo o Albergue ser
proibido fumar. Todos saem para o frio para satisfazer seus vícios.
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