terça-feira, 7 de maio de 2013

(043) 2009 - Viagem à Patagônia e à Terra do Fogo - ARGENTINA : DE EL CALAFATE PARA EL CHALTÉN

20º DIA – 28.10.2009 – 4ª feira
(ARGENTINA: El Calafate - El Chalten)

Acordamos às 7 h, tomamos café e conversamos com o casal simpático, dono do hotel. Todos quando vêem a placa do carro do Brasil, querem saber de onde somos. Perguntam logo em que parte do país vivemos.
Falo sempre que apenas moramos em Brasília (DF), no centro do Brasil, mas que sou natural da região nordeste, a Paraíba, local muito quente.
Alguns já conhecem Sergipe e Bahia, mas explico que a Paraíba fica um pouco mais acima no mapa. O Rio de Janeiro do Marcio, todos conhecem.
Falei da minha intolerância ao leite, e a senhora ficou espantada com tal enfermidade. Acho que os argentinos não carregam essa genética, particular nossa pela descendência portuguesa e negra.
Tenho procurado pílulas de lactase para comprar, mas não tenho encontrado. As que ainda tenho não vão dar para toda a viagem. Estou frita!
Perguntada por nós, a proprietária do hotel nos disse que uma mucama (camareira) do hotel tem trabalho assegurado na temporada, de outubro a abril, e ganha por mês AR$ 3.000,00 (US$ 789,47/R$ 1.500,00).
Ela acrescentou que os argentinos estão bem mais pobres. Falou da quantidade de mendigos dormindo nas ruas. Isso eu tenho acompanhado pela mídia.
Disse-lhe que estranhava a falta de frutas nos mercados. Ela atribuiu ao clima frio e à dificuldade do frete para entregar naquela região distante da Argentina. Ela acha o quilo da banana por AR$ 5,00 (US$ 1,32/R$ 2,50) muito caro.
Falei que no Brasil custa isso, mas que tem com abundância. A daqui vem do Equador para Buenos Aires, e de lá é distribuída.
Deixamos o hotel e fomos à loja de chocolates caseiros Guerreiro, na avenida principal, seguindo a dica da Virna, para comprar os doces de calafate, por serem de produção artesanal.
Como a loja abria somente às 9 h, e ainda eram 8h50, fomos primeiro ao posto (estación de servicio, em espanhol) para calibrar os pneus. Um deles estava com a calibragem bem abaixo do normal. Enchemos e vamos observá-lo.
Voltamos à loja para comprar os doces. Pela quantidade que compramos (12 vidros), ganhamos de brinde dois sacos pequenos com chocolates. As coisas turísticas não são baratas por aqui. Cada frasco com 200 g custou AR$ 12,00 (US$ 3,16/R$ 6,00).
A funcionária da loja embalou tudo numa caixa de papelão. Tinha que estar bem firme para não quebrar durante a longa viagem que ainda há pela frente antes de retornarmos ao Brasil.
Seguimos para El Chaltén, em estrada asfaltada, apenas com alguns desvios na terra. Ainda bem, pois só de imaginar a poeirona que entra no carro e que não dá para digitar nada, é dose!
O trecho entre El Calafate e El Chaltén é de pouco mais de 200 km e é bem bonito também. Vimos montanhas com vegetação rasteira e baixa, e alguns pontos com neve, mas bem menos do que em El Calafate.
Todo trecho contorna os Lagos Argentino e Viedma. Passamos pelo Rio Santa Cruz, que dá nome à província (equivalente ao Estado no Brasil) onde ficam essas duas cidades.
Tivemos o primeiro visual do Glaciar Torre, o famoso daqui, com a língua de gelo acabando no Lago Viedma.

Da estrada para El Chaltén, o visual do Glaciar Torre - Argentina

Deixamos para trás o dia aberto de El Calafate para pegar o nublado de El Chaltén. Vimos na estrada dois condores pegando um coelho morto no asfalto. O bicho é grande!
Cóndor no céu de El Chaltén - Argentina

Chegamos a El Chaltén ao meio-dia. A cidade parece bem pequena, com seus mil habitantes. Parece com Alto Paraíso de Goiás (GO), porém melhorada. Há várias hospedagens e restaurantes, porém poucas opções de apoio, como mercados.
Entramos no Centro de Orientações do Parque Nacional Los Glaciares e fomos atendidos pela guarda Mariana, muito gentil, que nos deu as informações necessárias sobre as trilhas. Aqui é a capital do trekking na Argentina. Algumas delas duram dias, mas o parque oferece áreas de camping no trajeto.
Aqui é tudo autoguiado, porém em alguns pontos fomos orientados a ter cautela com o vento, com a neve, com a chuva e com a altitude. Para os que entendem de escalada, aqui também é o lugar certo.
A região é muito linda e oferece opções para se ficar por aqui uns quatro dias, no mínimo. Tem uma opção de caminhada em um glaciar que dura 12 horas. Imagina que dureza!
Marcio no Escritório do Parque Nacional Los Glaciares, em El Chaltén - Argentina

Decidimos fazer hoje duas trilhas próximas, mas nem por isso leves. Escolhemos a Trilha do Condor e a das Águias.
Depois de orientados, e já com nossa opção para a tarde resolvida, continuamos a explorar a cidade.
Portal de entrada da cidade de El Chaltén - Argentina

Visitamos alguns hotéis e os preços estavam entre AR$ 200,00 (US$ 52,63/R$ 100,00) e AR$ 300,00 (US$ 78,95/R$ 150,00). Barato, diante da dificuldade e da distância do lugar.
Decidimos pela Posada Altas Cumbres. O lugar é localizado numa área ampla, tem apenas um piso, sala da recepção com lareira e é bem aconchegante e charmoso. O quarto é bem grande e parece ter sido construído há pouco tempo. Muito legal!
O sistema de aquecimento parece ter sido sub-dimensionado, pois o quarto tem um pé direito muito alto e o aparelho não consegue esquentar a área inteira. Com isso o ambiente não fica muito aquecido.
Deixamos as coisas no hotel e fomos passear.
Fizemos a Trilha do Condor (Sendero Los Condores), com duração de 1 hora e grau de dificuldade de leve a moderado, por causa das subidas. De lá, vimos vários condores e um visual das montanhas e da cidade muito bonito.
Nós no ponto máximo da Trilha do Condor. Ao fundo, a cidade de El Chaltén - Argentina

Clênia com o Cerro Torres ao fundo – El Chaltén - Argentina

Vimos muitas flores vermelhas contrastando com o cinza das montanhas.

Flores silvestres nas montanhas de El Chaltén - Argentina

No final da Trilha do Condor conhecemos duas americanas que estavam em viagem de três meses por aqui. Elas falavam espanhol, que tinham aprendido na própria faculdade, nos EUA.
Depois de algum papo e de tirar várias fotos, seguimos para o outro trecho da trilha, o das Águias. Nesta parte é possível avistar o Lago Viedna, de coloração bem verde.

Marcio no final da Trilha das Águias, com o Lago Viedna ao fundo – El Chaltén - Argentina

Nessa trilha, conhecemos uma britânica, a Carmem, que falava igual a uma boneca, mal abrindo a boca. A pronúncia dela era difícil de entender. Comentamos com ela sobre a diferença de sotaque entre o inglês britânico e o americano. Ela se justificou, dizendo que ela é que falava muito rápido.
Como anoitece tarde por aqui! Perdemos a noção do tempo. Às 19 h o sol se parecia com o nosso das 17 h.
Voltamos para a pousada e tomamos banho, inclusive de banheira. Fiquei escrevendo no laptop, e nada de anoitecer para jantarmos. Saímos às 22 h, quando finalmente escureceu.
Jantamos no Restaurante Rancho Grande, credenciado no Hostelling International (Albergue da Juventude), que atende tanto os hóspedes quanto os de fora.
Comi salada com alface, cenoura, ovos cozidos e tomates, acompanhada de hambúrguer de fabricação própria. O Marcio optou por ravióli com molho roquefort. Estavam muito bons!
Estava muito frio, não ventava e o céu estava bem estrelado. Imagino que se estivesse ventando viraríamos cubos de gelo.
No restaurante, vimos pessoas do mundo inteiro. Ouvíamos inglês, alemão, francês, etc. Coisa comum aqui por onde temos andado, tanto na Argentina como no Chile.
Voltamos para o hotel e estava 0° C. Incrível!
Amanhã faremos uma trilha daquelas!

Acréscimos do Marcio

Quando saímos de El Calafate o céu estava limpo, sem nuvens, apesar de estar muito frio.
Vale informar, pois também desconhecíamos, que o calafate (berberis buxifolia) é o fruto de um arbusto rasteiro, do qual fazem doces, geléias, sorvetes e até bebidas.
Logo após nos hospedarmos, saímos para o almoço. Comemos em um lugar muito simples, que quando chegamos estava com apenas um casal comendo pizza. Após fazermos nossos pedidos, outras pessoas começaram a chegar.
Quando já estávamos na fase de pedir a conta, chegaram três caras, um deles fumando, o que poluiu todo o ambiente. Felizmente já estávamos de saída, senão teria sido um problema sério para a gente, que detesta cigarro.
A inglesa que conhecemos na trilha de hoje disse que estava viajando com um amigo, que depois de El Chaltén iriam para a região de Salta (ainda na Argentina) e em seguida para o Rio de Janeiro (RJ). Alertei-a sobre os cuidados que deveria ter no Brasil.
El Chaltén abriga dois picos famosos: o Cerro Fitz Roy e o Cerro Torres. As condições climáticas da região fazem com que dificilmente se consiga avistar essas montanhas livres de nuvens. Conseguimos, a partir da Trilha do Condor, algumas fotos com eles parcialmente cobertos.
Percebi observando algumas casas em construção, que na instalação do telhado existe uma etapa a mais que pelo Brasil: é colocada uma espécie de manta entre a telha e a armação de madeira, creio que para manter o frio do lado de fora e para conservar o calor interno produzido pela calefação.
O local onde funciona o Restaurante Rancho Grande (Albergue da Juventude) é muito interessante. Ele é todo em madeira -- aliás, como quase todas as construções em lugares muito frios; o mezanino é repleto de computadores, para que os hóspedes possam manter contato com suas bases, já que praticamente só há estrangeiros por aqui; existem duas cozinhas: uma delas, com cozinheiro, para atender pedidos “à la carte”; a outra, para uso pelos hóspedes, que podem comprar a matéria prima nos mercados locais e cozinhar sua própria comida.
Uma coisa que nos encantou no Rancho Grande foi o fato de em todo o Albergue ser proibido fumar. Todos saem para o frio para satisfazer seus vícios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Minha primeira língua é o português (português do Brasil), mas entendo um pouco o espanhol e o inglês.

Registre aqui seu comentário ou sua dúvida, que eu tentarei responder o mais breve possível.
*******************************************************************
My first language is Portuguese (Brazilian Portuguese), but I understand a little Spanish and English.

Register here your comment or question. I will try to respond as soon as possible.
**********************************************************************************
Mi lengua materna es el portugués (Portugués de Brasil), pero entiendo un poco de Español e Inglés.

Regístrese aquí tu comentario o pregunta. Voy a tratar de responder lo más pronto posible.