terça-feira, 7 de maio de 2013

(047) 2009 - Viagem à Patagônia e à Terra do Fogo - CHILE: PUYUHUAPI (ARREDORES E TERMAS DE PUYUHUAPI)

25º DIA – 02.11.2009 – 2ª feira
(CHILE: Puyuhuapi)

Acordamos com o maior frio no quarto às 8 h. O Marcio foi o herói da vez, e assim que acordou ligou logo o aquecedor para esquentar o ambiente. Eu não conseguia sair de debaixo dos cobertores.
Fomos para o café, que foi complementado com a nossa matula costumeira. Passamos bem.
A sala onde é servido o café nos dá a sensação de estarmos em uma cabine náutica, por ser tudo de madeira, com janelões que dão vista para a mata e para a baía.
Amanheceu com a maior chuva e com neblina. Não dava para passeios ao ar livre.
As Termas de Puyuhuapi não funcionam hoje, pois fecham para manutenção.
Apesar do tempo fechado, saímos para tentar ver o Glaciar Vestiquero Colgante. Fomos até a entrada do parque, a 25 km da cidade, mas o guarda nos desanimou, pois não dava para ver nada no topo da montanha, local onde está a geleira.
Andamos mais 10 km, voltando em direção a Puerto Aisen, para rever os cogumelos vermelhos que vi ontem na Cachoeira da Trilha do Padre Garcia. Estavam lá, e os mostrei ao Marcio.
Pequenos, do tamanho de uma azeitona

Em outro ângulo

A chuva não parava. Eu já estava deprimida de olhar para o céu cinzento.
Retornamos ao povoado e almoçamos em frente à Baía Dorita, dentro do carro.
Voltamos para o povoado e tomamos um café no Restaurante Rossbach. Nesse local tinha um violão e eu pude matar a minha sede de tocar um pouquinho.

Visual de dentro do carro no local onde almoçamos nossos sanduíches. Ao longe, vemos criatório de salmão, no momento desativado – Puyuhuapi - Chile

Fomos para o hotel e não saímos mais. Aproveitamos para atualizar dados no computador e para usar o Wi-Fi.
Conhecemos um casal de holandeses, a Irene e o Walter, que moram em Amsterdã e que também se hospedaram na Casa Ludwing.
Conversamos muito sobre trivialidades e, principalmente, sobre os nossos países. Era a primeira vez deles na América do Sul, e não tinham intenção de visitar o Brasil por causa da notória insegurança, mesmo sabendo que também temos muitas coisas bonitas. O meu pobre inglês já tinha se esgotado. A sorte era o Marcio, que mantinha a conversação.
 
Nós com o Walter e a Irene, no salão da Casa Ludwing – Puyuhuapi - Chile

Saímos juntos para jantar. Fomos no carro deles, pois o nosso não dava para levar ninguém, tal a quantidade de bagagem que tínhamos dentro.
Fomos ao Restaurante Rossbach, onde havíamos tomado o café na hora do almoço. Estávamos com pressa, pois tudo fecha às 21 h por aqui.
No cardápio só tinha salmão, peito de frango ou filé mignon, acompanhados de batatas, salada ou arroz.
Conversamos um montão, e ainda dei uma palhinha de bossa nova no violão.
A chuva não parou.
Amanhã a programação é ir conhecer e curtir as Termas de Puyuhuapi, localizada num hotel chiquíssimo, a 15 km daqui. A embarcação que nos levará parte às 10 h. Vamos ver se vai dar certo!
Nossa, aqui dá para ouvir o barulho do silêncio depois que todo mundo se recolhe! Como tudo é em madeira, qualquer som de propaga facilmente. Até para transar fica difícil.
Acréscimos do Marcio

Foi uma pena o tempo não ter favorecido a visita ao Glaciar Vestiquero Colgante.
Com a chuva, ficou impossibilitado qualquer passeio que envolvesse caminhada, e olha que por aqui existem várias opções desse tipo.
Quando o casal de holandeses chegou à pousada, a Luíza (a proprietária) tinha saído por uns minutos e nos deixado sós por lá.
Assim que eles entraram no salão e deram aquela olhada interrogativa, do tipo “com quem eu falo?”, eu me apresentei e perguntei se “hablaban español”. Diante da negativa, passei para o inglês, quando tudo começou a desenrolar.
Disse-lhes que a proprietária tinha saído, mas que voltava logo. Informei-lhes quanto estávamos pagando pelo quarto e ofereci-me para mostrar o nosso, para eles terem uma idéia de como era.
Mas nada disso foi preciso, pois a Luíza chegou e tomou conta da negociação. Eles resolveram ficar.
Depois de instalados, ficamos conversando no salão. Estavam de férias, tinham chegado pela Argentina, alugado em EcoSport e iniciado a viagem pelo Chile.
É incrível como o europeu de um modo geral tem muita fluência no inglês, quando esta não é sua primeira língua. Durante nossa conversa sobre as economias dos países, a Irene utilizou a palavra “currency” (moeda), que eu conhecia, mas que estava guardada no fundo do meu baú. É muito bom esse tipo de contato com estrangeiros para a prática de uma segunda língua.
Durante o jantar, continuamos com nossa conversa, que abordou a viagem, lugares interessantes de se conhecer no Brasil, comidas, etc. Ótimo!
Quando abordamos o tema violência/insegurança no Brasil, o Walter comentou que não entendia como nossas autoridades não conseguiam acabar ou mesmo baixar a criminalidade. Disse que na Holanda ocorrem apenas uns cinco crimes com arma de fogo por ano. Imagina?!
A visita amanhã às Termas de Puyuhuapi foi agendada com a Luíza, que marcou o barco para nos pegar no porto às 10 h. As termas ficam numa ilha, distante uns 30 min de navegação.

26º DIA – 03.11.2009 – 3ª feira

(CHILE: Puyuhuapi)

Hoje, depois do café, fomos conhecer as Termas de Puyuhuapi.

O embarque para lá se dá num local distante 15 km de onde estamos hospedados, pela Carretera Austral. A Luiza já tinha ligado para o Hotel Puyuhuapi e agendado para que eles fossem nos pegar de barco.
Saímos do nosso hotel às 9 h e chegamos lá quase às 10 h. Depois de dois dias inteiros chovendo, a estrada de terra, que já estava ruim, ficou péssima.
Paramos o carro numa piscicultura de salmões, e um barco nos aguardava para nos levar ao hotel na outra margem da baía.
O piloteiro, Marcelo, falou que a piscicultura está temporariamente fechada, pois houve uma praga de vírus e tiveram que sacrificar todos os salmões, que estavam impróprios para consumo.
Imediatamente pensei nos salmões que temos comido nos restaurantes em Puyuhuapi, mas ele nos tranqüilizou dizendo que os casos foram restritos aos tanques do criatório.
Seguimos num barco fechado para o hotel. A travessia é bem curta, e o hotel fica na beira da baía (Oceano Pacífico) com uma mata bem fechada por trás.
Parecia coisa de cinema, como a Ilha da Fantasia. Só faltava o Tatú gritando: “um barco, um barco”.

Chegada de barco às Termas de Puyuhuapi, localizada às margens da Baia Dorita – Puyuhuapi - Chile

Quando atracamos, um comitê de boas-vindas nos aguardava. Fomos recebidos pelo Ivan, um colombiano que mora ali há cinco anos.
Ele nos levou para um tour pelo hotel, nos mostrando tudo. A área é imensa e, assim como Caldas Novas (GO), tem piscinas nas partes interna e externa, com águas entre 35º C e 40º C.

Uma das piscinas externas. Água a 38º C, enquanto fora estava a uns 5º C - Chile

A estrutura tem 22 anos, mas está bem conservada. Imagino a trabalheira que deve ter dado construir tudo aquilo ali. Carregar tudo por aquela estrada horrorosa, e ainda ter que atravessar as coisas de barco.

Vista de uma parte do prédio. Tudo magnificamente decorado e aconchegante – Termas de Puyuhuapi - Chile

Foi-nos dito que o proprietário mora na cidade de Valdivia, e a filha, a pessoa que administra tudo, mora em Santiago.
A diária para o casal custava US$ 188,00, a mais básica. Não é tão caro, se considerarmos a dificuldade em se manter aquela estrutura, tão distante de tudo.

Depois de andarmos por todas as partes com o Ivan, finalmente voltamos à recepção para pagarmos a nossa estadia nas piscinas de dentro.
Há 2 opções de uso: a primeira, só para usar as piscinas de fora, por CH$ 15.000,00/pessoa (US$ 28,85/R$ 58,26); a outra, para usar tanto as de dentro quanto de fora, por CH$ 22.000,00/pessoa (US$ 42,31/R$ 85,46). A travessia de barco é cobrada à parte, e sai por CH$ 5.000,00/pessoa (US$ 9,62/R$ 19,42).
Optamos pelas piscinas de dentro, também chamadas de SPA, pois lá fora devia estar uns 8º C.
Conseguimos pagar tudo no cartão de crédito. Se pagássemos em dólares, o câmbio estaria bem favorável, mas só dispúnhamos de pesos chilenos naquele momento.
Era meio-dia quando finalmente colocamos a roupa de banho e entramos nas piscinas. Foi o máximo! Como estava bom!
No local havia quatro piscinas: uma grande, com água a uns 34º C; uma jacuzzi (banheira de hidromassagem), com água doce a 40º C; outra jacuzzi, com 50% de água doce e 50% de água salgada, também a 40º C; uma pequena, para crianças, com água a 34º C; outra pequena, com água fria.

Local maravilhoso para um relax. Estava vazio e parecia privativo nosso - Termas de Puyuhuapi - Chile

Nas Jacuzzi (40º C) eu não conseguia ficar mais do que 10 minutos. Eu me sentia cozinhando. O barato mesmo foi estar ali, naquele ambiente quentinho e vendo tudo lá fora gelado e chovendo.

Clênia numa das Jacuzzi (40º C). Lá fora, o visual do mar e das montanhas nevadas – Termas de Puyuhuapi - Chile

É de dar inveja a mordomia que estamos curtindo aqui! Termas de Puyuhuapi - Chile

Soubemos que dos 365 dias do ano, em 330 chove por aqui.
Foi um barato! Ficamos nas piscinas de 12 h às 16h30.
Nessa hora, as massagistas vieram nos buscar para a sessão de massagem, pois também tínhamos comprado esse mimo. Saiu por CH$ 26.000,00/pessoa (US$ 50,00/R$ 100,00) -- a massagem mais cara da minha vida --, mas o Marcio fez questão.
Aí é que veio o bom da história. Foi espetacular! Tudo era bacana. As salas ficavam em duas torres envidraçadas do hotel. A minha ficava numa ponta e a do Marcio na outra. Fizemos simultaneamente, em salas diferentes.
A massagem durou 30 minutos. Eu cheguei com o maiô, vestida num roupão. A massagista pediu que eu tirasse o maiô e me deu um roupão seco. Eu o vesti e fiquei de bruços numa maca.
Ela mexeu na coluna toda. O fundo musical era Enia, e foi muito legal. Deu para relaxar toda a tensão muscular da viagem.

Tomamos banho, e às 18 h estávamos na recepção, aguardando o barco que nos devolveria ao continente.
Ele chegou com oito hóspedes, todos falando inglês. Dentre eles, três eram japoneses. Imagino que eles estavam bem cansados, pois fizeram uma maratona para chegar ali. Foram de avião até Santiago, pegaram outro vôo para uma cidade mais próxima da Carretera Austral e, a partir daí, de carro até Puyuhuapi, até onde deixamos o nosso.
O objetivo principal deles é o passeio para a Geleira San Rafael, o que tentamos fazer antes de vir para cá, partindo de Puerto Aisen, e não conseguimos.
Eles partirão na próxima quinta-feira, só que no catamarã do hotel, que não os trará de volta. Ficarão em Puerto Cachambuco, e de lá seguirão viagem. O preço cobrado é de US$ 700,00/pessoa. A viagem até a geleira dura 8 h.
Enquanto aguardávamos o desembarque deles para podermos embarcar, o Ivan (nosso anfitrião) nos mostrou algumas fotos de lugares nas redondezas que não pudemos visitar por causa da chuva.


Clênia e Ivan na recepção das Termas de Puyuhuapi - Chile


Aproveitei e pedi a ele que colocasse algumas no pen-drive para mim.
Não visitamos o Bosque Encantado, cuja trilha tem quase 2 km, dura 2 h e acaba num lago congelado. Não vimos também o Glaciar Vestiquero Colgante, com suas duas cachoeiras e lagos, ambos belíssimos.
Vimos o glaciar apenas da estrada, quando estávamos próximos a Puyuhuapi na nossa chegada há dois dias.
Na sala onde estávamos tinha lareira e uma bela visão para a baía. Tinham também móveis bem trabalhados em madeira náutica.


Mesa de centro com tampo de vidro e com golfinhos como pés – Termas de Puyuhuapi - Chile



Pingüim-maitre. Tudo em madeira e com acabamento esmerado – Termas de Puyuhuapi - Chile

A escala de trabalho do Ivan é de 15 dias corridos por 3 de folga.
Só há trabalho na alta temporada, que começou em outubro e vai até abril.
Ele é casado e a mulher dele mora em Santiago. Perguntei-lhe quando se vêem, e ele respondeu que trabalha direto por dois meses, sem folgas, para acumular os dias e poder vê-la. Daí eles viajam e aproveitam um pouco.
Ele nos disse que trabalhava em Pucón e que era “Chefe” numa casa lá. Mostrou uma foto de uma casa com uma janela de vidro imensa, que refletia o Vulcão Villarrica. Muito boa a foto! Parecia um quadro.
Embarcamos e voltamos para o local da piscicultura, pegamos o nosso carro e chegamos a Puyuhuapi quase às 20 h. Fomos direto jantar, pois nosso almoço foi apenas lanche.
Jantamos novamente no Restaurante Rossbach, o mesmo de ontem. Lá, encontramos o casal de holandeses, a Irene e o Walter.
Optamos por repetir esse restaurante por ser o de melhor estrutura no povoado.
A comida estava quase no fim. Hoje não tinha quase opções para a salada. Acabou tudo. Salmão, só tinha para mais uma pessoa.  Assim é comer em Puyuhuapi!
Voltamos para o hotel, onde tomamos café e chá. Ainda conversamos um pouco com a Irene e o Walter. Contamos-lhe como tinha sido nosso dia no SPA das termas, e eles decidiram visitá-lo amanhã.
Como eu me canso nas minhas conversas em inglês, pois penso a resposta em português, traduzo-a para o inglês, para finalmente falar. É dureza. Eu tenho que me acostumar a pensar em inglês, porque dá para entender a conversa quase toda. O problema é falar respeitando todas as regras.
Mesmo assim foi ótimo, pois esse é o melhor jeito de se deslanchar numa nova língua.
Emprestamos o laptop para o casal checar o e-mail deles. Acho que estavam doidos para fazer isso.
Amanhã deixaremos o hotel e seguiremos para a Argentina, via Futaleufú, mas antes passaremos na cidade de Chaitén, para vermos os estragos causados pela erupção do Vulcão Chaitén em 2008.

Acréscimos do Marcio

Nossa estada nas Termas de Puyuhuapi foi excelente, uma mordomia só. Tudo lá parecia perfeito, principalmente porque estava vazia e nós reinamos o dia todo, curtindo o conforto e o silêncio dos ambientes.
Conversando com uma das funcionárias do SPA, ela confidenciou o que já se imagina: que o período de 15 dias que passam lá até obter a folga é muito monótono, pois nada acontece de novo, além de fazerem todas as refeições sempre com os mesmos colegas, com quem já compartilham os dias. Realmente, deve ser muito chato!
Minha sessão de massagem também foi muito boa, numa torre toda envidraçada e com vista para o mar e para as montanhas.
Logo que cheguei ao local, tirei o roupão e disse à massagista (a Laura) que ela deveria me comandar, pois não sabia o que deveria ser feito. Aí, percebi uma diferença na forma de se falar. No Brasil, me teria sido dito para deitar de barriga para baixo. Aqui, ela falou “cara abajo”, ou seja, “com o rosto para baixo”, o que não deixa de dar o mesmo resultado.
Aí, fui todo besuntado com óleos e alisado quase até dormir, numa seqüência sensacional de relex. Ótimo!!
No jantar, foi muito boa a conversa com a Irene e o Walter, pois cada casal contou o que tinha feito no dia. O melhor da noite foi apreciar a Clênia explicar ao casal, em inglês, a diferença na forma de preparo do nosso arroz e na do servido na Argentina. Ela deve ter ficado exausta!

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