9º DIA – 17.10.2009 –
Sábado
(Argentina: Comodoro Rivadavia – Río Gallego)
Acordamos
às 8 h. Tomamos café, atualizamos os e-mails e deixamos o hotel às 10 h rumo ao
Parque Nacional dos Bosques Petrificados.
Continuamos
na RN-3 em seu trecho litorâneo. Vimos vários cachimbos de extração de
petróleo. Parece com a cidade de Mossoró
(RN).
Paramos
em Caleta Oliva para a primeira troca de óleo do
carro, pois já rodamos mais de 5.000
km desde Brasília.
Como
o óleo era nosso, pagamos AR$ 30,00 (US$ 7,89/R$15,00) pela mão-de-obra.
As cidades costeiras têm
basicamente o mesmo atrativo por aqui. Locais para ver lobos e
elefantes-marinhos, pingüins magalhânicos e muito vento e frio.
Chegamos ao parque às 14
h, por uma estrada de 50 km
de terra, mas que dava para andar a 100 km/h . É perigosa, pois há trechos em que o
carro derrapa, além de haver guanacos, ovelhas e outros animais cruzando a
pista de vez em quando.
Na chegada à área do
parque, avistam-se um vulcão inativo e outros morros esculpidos pelo vento em
forma de chapéus.
Vista ao
redor do Parque Bosques Petrificados - Argentina
Fomos
recebidos pelo guarda-parque. Não houve cobrança de taxa. Ele nos deu
orientações e seguimos por uma trilha autoguiada de 1 km , com grau de dificuldade
leve, ao longo da qual estão os troncos de araucárias com mais de 150 milhões
de anos, completamente petrificadas por lavas vulcânicas.
É quase
inacreditável, mas os troncos parecem rochas – Parque Bosques Petrificados -
Argentina
Olha o
diâmetro desses troncos! Parque Bosques Petrificados - Argentina
É
incrível!
O
local é inóspito, desértico e gelado. Quando chegamos, havia um casal. Na hora
de irmos, havia chegado um grupo de portugueses. Só vem quem sabe e quem está a
fim de ver esse tipo de atração, pois não é fácil chegar.
Pedaço de
madeira petrificada. Pesada e igual a uma rocha – Parque Bosques Petrificados -
Argentina
Almoçamos
sanduíches de presunto que comprei na cidade onde aconteceu a troca de óleo do
carro.
Não é comum haver locais
para almoço por aqui. Encontram-se apenas pastéis assados (empanadas) e outros tipos
de lanches.
Além disso, uma parada
para um almoço normal representa perda de tempo. Quando dá, almoça-se.
Passamos
por Puerto San Julian e pegamos
ventos fortes na estrada. É cada rajada, que o carro balança. Já tínhamos sido
advertidos sobre isso.
O Marcio já está sem
saco de ouvir as músicas dos nossos arquivos, pois o repertório já tocou e se
repetiu por diversas vezes. O arquivo não é pequeno, mas enche mesmo!
Acabei
colocando vídeos do Chico Anízio, do tempo de Chico City. Só os “maduros”, assim como eu, lembram disso.
Paramos
em Río Gallego para pernoite. É a última cidade
antes da fronteira da Argentina com o Chile, para a passagem para a Terra do Fogo e ida a Ushuaia.
Río Gallego é grande e tem controle
de quem entra e de quem sai da cidade.
Como é gelada!
Ficamos
hospedados num bom hotel, o Apart Hotel
Austral, com calefação central e quartos bem grandes. Bacana!
Antes de sairmos para
jantar, ainda lavamos roupa, pois sem encontrar lavanderia por nove dias, já
deu o que tinha que dar. Lavamos peças íntimas e as camisas de nylon do Marcio.
Jantamos
numa espelunca perto do hotel. Nossa, é de Restaurante
Beirute (em Brasília-DF) para
menos.
Quando fomos dormir já
era 1 h da manhã.
Acréscimos do Marcio
Quando chegamos à cidade
de Caleta Olívia, para a troca do óleo do carro, estávamos com uma vontade
imensa de colocar água para fora. Até acharmos o lubricentro que indicaram,
demorou uns 10 minutos. Para nossa infelicidade, lá não havia sanitários.
Deixei a Clênia na loja
e saí buscando um banheiro, Encontrei um bem próximo, em uma borracharia (gomería,
em espanhol), mas estava em péssimas condições para ser usado por mulheres.
Quando retornei, a Clênia saiu para resolver a situação
dela. Resolveu e ainda comprou um lanche para levarmos como almoço do dia.
As árvores (ou o que um dia já foi uma árvore), quando
passam pelo processo de petrificação vulcânica, ficam realmente iguais a uma
pedra. Se não tivessem dito que se tratava de madeira, diria que era uma autêntica
rocha.
Fiquei imaginando a região que visitamos na época em que lá
existia um bosque de araucárias, que foram destruídas por uma erupção vulcânica
e seus troncos passaram por todo esse processo de transformação. Incrível!
Quando paramos em Puerto San Julian
para abastecer, descer do carro foi um sacrifício. O vento e o frio estavam de
rachar.
Chegamos a Rio Gallego também com muito frio. O tal restaurante
chulé que a Clênia mencionou – Restaurante La Nueva Cason (onde jantamos) -- era
um oásis no meio daquelas ruas geladas.
É incrível como todos por aqui comem frituras. Praticamente
todos os pratos de carne são preparados à moda milanesa. As batatas fritas são
também constantes como acompanhamentos.
10º DIA – 18.10.2009 –
Domingo
(ARGENTINA: Río Gallego – CHILE:
Estreito de Magalhães - ARGENTINA: Ushuaia)
Acordamos às 7 h. As
roupas ainda ficaram úmidas, mesmo tendo sido colocadas nos aparelhos de calefação
do quarto e do WC. Aqui não cai a temperatura no termômetro, mas a sensação
térmica, por causa do vento, é de muito frio. Hoje fez mínima de 7º C na madrugada.
Enquanto aguardava o
Marcio para o café, aproveitei o Wi-Fi e vi alguns e-mails.
O café do hotel é bom, mas não tem frutas.
Deixamos Río Gallego rumo a Ushuaia às 9 h. Abastecemos num Posto
YPF. O preço do diesel desta bandeira parece que é tabelado: AR$ 2,524 (US$ 0,66/R$ 1,26).
Cerca de 70 km depois, paramos para os procedimentos de sair
da Argentina e de entrar no Chile.
Diferentemente das outras fronteiras que
conhecemos no ano passado, aqui eles dividem o mesmo prédio. Isso foi ótimo,
pois fizemos as duas aduanas em um só lugar.
Às 10h30 estávamos do lado chileno. Demos sorte,
pois logo depois da nossa chegada parou um ônibus cheio de gente.
Algumas curiosidades:
a) aqui venta mais ainda. Parece que quanto mais
ao sul estamos, mais venta;
b) o consumo do carro não tem estado muito
regular por causa disso;
c) a água desce pelo ralo bem rápido e
percorrendo uma trajetória circular bem mais aberta;
d) o sol, às
12 h, não está em cima do carro, mas numa posição de 9 h.
Chegamos ao Estreito de Magalhães para pegar o ferry-boat
às 11h20. Aguardamos um pouco, e às 11h50 ele partiu.
Foi o nosso primeiro
visual dos Oceanos Atlântico e Pacífico juntos.
Travessia do Estreito de
Magalhães - Chile
Havia poucos carros e
caminhões para a travessia. Ventava, mas nada comparado ao que esperávamos. Há
ocasiões em que fecham a travessia ou ela acontece com muita marola.
Em 12 minutos estávamos do outro lado do
estreito.
Seguimos para as aduanas argentina e chilena
novamente. Repetimos, em menos de 2 horas, todo o processo de entrada e de
saída dos países.
A policial que fiscalizava a parte de alimentos
e animais encrencou com o carregador de bateria de carro. A sorte é que
estávamos com a Nota Fiscal do produto. O Marcio deu a ela guaraná e doces.
Na aduana da Argentina encontramos
um casal de ciclistas brasileiros, de Florianópolis
(SC), fazendo a viagem de bike.
Desde janeiro que eles estavam
nessa. Passaram todo o inverno na Terra
do Fogo, e ainda iam para o Chile e para o México. O casal era magrinho. O
nariz do rapaz estava tão vermelho que dava dó. Eles usavam sobretudos de couro.
Tudo de modo a não atrapalhar a aerodinâmica.
Casal catarinense entrando na parte
chilena da Isla Grande, de bicicleta – Viajando desde JAN/2009
Como vemos guanacos,
zorritos (raposa), patos andinos e um tipo de avestruz menor do que o nosso!
Os guanacos e o trecho de terra de mais de 100 km que pegamos oferecem
um risco para a viagem, pois a estrada não é ruim e a empolgação para correr
acontece.
Entrou muita poeira no carro. Ficou tudo sujo,
inclusive nós.
Quando paramos em Rio
Grande para almoçar já eram mais de 15 h, mas, mesmo
sendo Dia das Mães para os argentinos, não tinha nada aberto. Comemos cachorro
quente e empanada num posto de gasolina YPF. Não agüento mais!
Seguimos viagem e vimos várias famílias
aproveitando o sol e fazendo piquenique entre as árvores. As árvores são
típicas de lugares frios.
Da estrada tivemos o primeiro visual dos picos
nevados. A previsão do tempo fala que de amanhã para frente o tempo vai virar, com
chuva, e que na quinta-feira nevará. Vamos ver. O Marcio está ansioso para ver neve
caindo.
Por uns 50 km antes de Ushuaia
percorremos estrada cercada por montanhas com bastante neve, apesar de já
estarmos em outubro. É espetacular a chegada à cidade! Tudo de encher os olhos.
Há um lago que deságua no Estreito de Magalhães.
A paisagem é muito
parecida com a da Suíça, por causa
dos lagos, mas tem trechos parecidos com Queenstown,
na Nova Zelândia.
Quando chegamos, entramos em cinco hotéis, mas
nenhum tinha vaga. Preocupados, fomos ao sexto e conseguimos.
A diária não é barata,
AR$ 500,00 (US$ 131,58/R$ 250,00), mas o local é excelente,
em frente ao mar, com visual das montanhas geladas. É simplesmente demais!
Garantimos as fotos hoje, pois pode ser que
amanhã esteja chovendo.
Vista do Lago Fagnano, pouco antes da
chegada a Ushuaia - Argentina
O Marcio ainda teve
disposição de limpar a poeirona do carro. Imagina! Enquanto isso, eu estava na
banheira, no calorzinho.
Como entrou poeira na
estrada de terra que pegamos! Ushuaia - Argentina
Eram mais de 21 h e ainda
tinha um pouco de luz do dia. A temperatura despencou com a chuva e com a
chegada da noite. Estava menos de 3º C antes de jantarmos.
Pela recepcionista, soubemos
que a Zona Franca daqui é fraca. Uma pena!
Resolvemos jantar no hotel mesmo. A canseira é
grande. Espero que o tempo melhore amanhã.
Acréscimos do Marcio
Ushuaia fica localizada
na Província de Tierra Del Fuego, aquela parte do continente sul-americano que,
quando olhamos o mapa sem prestar muita atenção, não percebemos tratar-se de
uma ilha, a Isla Grande, maior das Américas.
Essa ilha é metade do Chile e metade da Argentina. Para se
chegar à Ushuaia, temos que, ainda no continente, entrar no Chile, cruzar o
Estreito de Magalhães, transitar na Isla Grande em território chileno por uns 160 km (grande parte por
estrada de rípio) e voltar para o território argentino. A partir do retorno
para a Argentina, a estrada volta a ser asfaltada.
A balsa que faz a travessia aceita tanto o peso chileno como
o argentino. Pagamos, por nós e pelo carro, AR$ 104,00 (US$ 27,37/R$ 52,00).
Logo após a aduana
argentina existe uma placa informando duas freqüências de rádio amador (VHF)
que são utilizadas na Isla Grande: 144.500
MHz e 146.520 MHz.
Depois que descarregamos as malas no hotel, não resisti e
fui limpar a poeira do interior do carro, pois estava difícil de enxergar até o
odômetro, de tão sujo que estava o painel.
Minha mão parecia que ia congelar a cada vez que eu molhava
o pano para passar no carro!
O Hotel Tolkeyen, onde ficamos, é muito
luxuoso e a comida do seu restaurante gostosa. A recepcionista nos disse que o
jantar nos sairia melhor e mais barato que na cidade.
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