terça-feira, 7 de maio de 2013

(046) 2009 - Viagem à Patagônia e à Terra do Fogo - ARGENTINA-CHILE: DE PERITO MORENO ATÉ PUYUHUAPI (VIA CARRETERA AUSTRAL)

23º DIA – 31.10.2009 – Sábado
(ARGENTINA : Perito Moreno - CHILE: Villa Cerro Castillo)

Acordamos às 8 h. Mesmo com a calefação, não tive coragem de sair debaixo do cobertor. Estava bem frio, mas não teve jeito.
O café-da-manhã hoje foi o mais pobre de todos: pão francês, café, marmelada. Foi minimizado com a banana que tínhamos na nossa famosa bolsa de comida.
Conversamos um pouco com casal suíço. Eles são de uma região entre Losane e Genebra. Falavam quase nada de nada de outra língua além de francês, mas conseguimos nos comunicar. Ela tem 66 anos; ele, 67. Uma disposição para a idade nunca vista por mim em idosos no Brasil. Nunca conheci ninguém de idade com disposição para este tipo de atividade.
No ano passado eles tinham ido, também de carro, ao Senegal. Ela falou que sofre de enfisema e é usuária de corticóide para poder suportar. Esta viagem deles pela América Latina durará dois anos, e só há três meses que saíram da Suíça.
Deixamos o hotel e procuramos um mercado para comprar água. Estava difícil, pois o comércio na cidade só abre a partir das 10 h.
Conseguimos achar um aberto e que tinha água. Compramos duas garrafas de 8 litros cada. Água aqui é artigo de luxo e cara. Uma garrafinha de 500 ml custa AR$ 2,80 (US$ 0,74/R$ 1,40). Por se tratar de um mercado, é um preço bem caro.
Comprei também suco da marca Ades, de laranja, na esperança de tomar algo que não parecesse Tang.
A cidade estava sem energia, e por isso não conseguimos calibrar os pneus do carro, pois o compressor não tinha ar.
Seguimos para a fronteira da Argentina com o Chile, e avistamos na cidade de Los Antiguos o impressionante Lago Buenos Aires, com água azul e com ondas que pareciam do mar. Este lago é o segundo maior da América Latina, superado apenas pelo Lago Titicaca, no Peru.

Marcio com o Lago Buenos Aires ao fundo – Los Antiguos - Argentina

Paramos na cidade de Los Antiguos e calibramos os pneus em uma borracharia.
Como estava perto da hora do almoço, e ainda teríamos uma jornada longa pela frente (aduanas e estrada de terra), perguntamos ao rapaz da borracharia onde havia um local que vendesse empanadas. A idéia era comprar para levar. Ele indicou-nos uma pizzaria na saída da cidade.
Paramos na Pizza Uno e resolvemos almoçar logo, pois nada sabíamos sobre o futuro.  Lá era apenas um delivery, mas o dono permitiu que comêssemos no balcão da loja.
Tomamos o suco Ades que compramos há pouco e comemos com os garfos que levamos, pois na pizzaria só tinham guardanapos. No final, pedi para que os talheres fossem lavados lá, mas ele não deixou. Guardei tudo sujo mesmo.
Na fronteira, na saída da Argentina, consegui lavar tudo na pia do sanitário.
Fizemos os procedimentos de saída do país.
Andamos mais um pouco e chegamos à aduana chilena. Mais uma vez, papel vai e vem.
Fomos acompanhados pelo fiscal, que pediu que colocássemos toda a nossa bagagem numa mesa. Revistou todas as malas, perguntando sobre tudo. Soubemos que por todo o Chile é proibido andar com combustível em galões. Para a nossa sorte, os 2 galões já estavam vazios.
Nunca passamos por um pente fino assim em aduanas. Ainda bem que carregávamos só uma banana. Comemos e pudemos entrar no Chile.
Às 13 h retomamos a viagem. Havia duas opções para ir para Puerto Aisen, já no Chile: uma, de barco, atravessando o Lago Argentino, que no Chile se chama Lago General Carrera; outra, pela Carretera Austral, a opção do planejamento do Marcio.
O trecho margeia o Lago Buenos Aires/General Carrera e outros. Tudo em estrada de rípio e circundado por montanhas nevadas.

Visual da região a partir da estrada – Lago Gral. Carrera - Chile

São impressionantes os visuais do lago. Parece o mar de Angra dos Reis (RJ), com água azul turquesa e ondas por causa do vento. É uma pena ser tão frio! Eu só imaginava tudo com o maior calor, pessoas com roupa de banho, etc. A transparência da água é grande. Deve ser muito limpa.
Ao longo da estrada, passamos por alguns povoados, com pouca estrutura para turismo. Parece mais ser local de veraneio.

Outro trecho da maravilhosa estrada para Puerto Aisen - Chile

Povoado à beira da estrada para Puerto Aisen - Chile

Cruzamos algumas pontes, mas uma delas chamou a nossa atenção por ser a maior, a General Carrera.

Ponte Gral. Carrera - Chile

O Marcio estava preocupado com um provável vazamento de diesel na bomba injetora.
A estrada é bem estreita em alguns pontos, com penhascos dos dois lados. Com as pedras soltas no pavimento, o carro fica instável. A velocidade máxima permitida era de 30 km/h em alguns trechos.
Construíram a estrada nas montanhas. Então, a toda hora, se tem visuais impressionantes do lago. Há também momentos em que a água fica em tom verde.

Nossa carretera ao redor do Lago Gral. Carrera - Chile

Seguimos a sugestão que o dono da pizzaria onde almoçamos nos deu e visitamos, no povoado Puerto Tranquilo, a Capela de Mármore.
Pagamos CH$ 25.000,00/casal (US$ 48,07/R$ 97,25) pela visita. Fomos num barquinho a motor, pelo Lago General Carrera. Lindão!
Vimos uma rocha de mármore, com erosões que criaram salas e buracos. Tudo em mármore!

Dentro da Catedral de Mármore – Puerto Tranquilo - Chile

As montanhas que víamos ao redor também eram de mármore.

Montanhas de mármore – Puerto Tranquilo - Chile

Ficamos impressionados, pois nunca tínhamos visto nenhuma rocha de mármore, e também por estarmos navegando naquelas águas lindas do lago. Muito legal! Vimos a capela, a catedral e uma caverninha.

Marcio no passeio de barco à Catedral de Mármore – Puerto Tranquilo - Chile

Demos sorte com o sol de fim de dia, e as fotos ficaram ótimas.

Os lindões e as erosões na pedra de mármore – Puerto Tranquilo - Chile

Ao longe, as montanhas cobertas de neve – Puerto Tranquilo - Chile

Pelo avançado da hora -- mais de 19 h --, vimos que ainda faltava muito chão para Puerto Aisen. Paramos no povoado de Bahía Murta para tentar um local para hospedagem.
Procuramos a pousada de uma propaganda de um cartaz na estrada, mas nada havia de descente.
Seguimos mais um pouco e nada de aparecer hospedagem nem povoado. Bateu mesmo um desespero quando vimos uma barraca com um pessoal acampado na beira de um rio, com a lua do lado de fora.
Daí, logo veio a idéia de fazermos a mesma coisa, só que ficaríamos dentro do carro. Tenho que admitir que com aquele visual de lua, com luz do dia ainda e com a montanha com neve ao fundo, foi tentador. Mas eram 21 h, com 3º C de temperatura. Nem morta!!
Resolvemos seguir mais um pouco.
Que visual! Lua cheia (luna llena), friozinho... – Carretera Austral - Chile

Finalmente fomos salvos pelo gongo! Apareceu um lugarejo em plena Carretera Austral, como é conhecida essa estrada, a Villa Cerro Castillo.
Lá, encontramos o Residencial & Restaurante Villarrica, a nossa salvação. Ficamos num quarto com banho privado e água quente, porém sem calefação. Amanhã iremos acordar sem calorzinho. Será demais! Com certeza a mais difícil das hospedagens.
Esta aventura lembra-me a do povoado de Colchane, norte do Chile, onde fomos ano passado.
Villa Cerro Castillo fica no meio das montanhas e do gelo. É frio para cacete. Fomos bem acolhidos e jantamos com aquecimento de lareira.
O aquecedor a lenha do salão de refeições do Residencial & Restaurante Villarrica – Villa Cerro Castillo - Chile

Nosso jantar na Residencial & Restaurante Villarrica: lomo com salada – Villa Cerro Castillo - Chile

Nosso carro ficou guardado na garagem deles.
Demos à família alguns daqueles doces de banana com chocolate, o Tachão de Ubatuba. Gostaram muito!
Participamos ainda da festa de Halloween da cidade. Várias crianças foram ao hotel para pegar doces.
Festa de Halloween em Villa Cerro Castillo - Chile

Comprei um pão feito pela dona da pousada, com passas e nozes. Ela disse que era comum comê-lo na época do Natal (Navidad, em espanhol). Custou o equivalente a R$ 10,00.
Pelos ingredientes que ela disse ter usado, falei para ela que no Brasil era conhecido como bolo. O Marcio insiste que é pão.
São mais de 23 h e estou digitando este dia. O Marcio roncando e eu morrendo de frio, mas não dá para acumular tanta informação.
Acréscimos do Marcio

O casal de suíços que estava no mesmo hotel que a gente em Perito Moreno disse que mandou o carro deles de navio da Europa para Buenos Aires. A viagem durou 1 mês.
Eles pretendem ficar viajando pela América Latina durante dois anos, mas no Natal deixarão o carro em um estacionamento de Buenos Aires e vão de avião passar o fim de ano com a família na Suíça.
Nossa passagem da Argentina para o Chile se deu por uma fronteira que é conhecida como Chile Chico, o nome da cidade chilena fronteiriça.
A opção de se ir para a cidade de Puerto Aisen via ferry, cruzando o Lago Argentino/Gral. Carrera, pode até parecer atraente, pois se economizaria muito tempo.
Entretanto, o charme da viagem que programei com tanto tempo de antecedência era exatamente fazê-lo pela estrada de terra que contorna o lago, passando por povoados e curtindo o visual das montanhas.
A partir da cidade de El Maitén entramos no trecho que é conhecido como Carretera Austral.
Essa estrada começa na Villa O’Higgins e vai até Cta. Puelche, e é oficialmente chamada de Ruta 7 (R-7).
Sua construção se iniciou na época do governo de Augusto Pinochet, e objetivava integrar uma das regiões mais remotas do Chile. Ao todo, são aproximadamente 1.200 km, passando por vilas, povoados e paisagens lindíssimas.
Nossa participação nessa beleza toda está prevista para ser apenas de El Maitén até Villa Santa Lúcia, quando a deixaremos para voltar para a Argentina pela fronteira de Futaleufú. Serão uns 700 km, aproximadamente.
De fato começamos a nos preocupar quando começou a anoitecer e não chegávamos a lugar algum com hospedagem. A Villa Cerro Castillo foi um oásis: acomodação e comida.
Outro problema que algumas pessoas menos organizadas podem também passar por essas bandas é a falta de combustível, pois se percorre longas distâncias sem qualquer posto de abastecimento. A autonomia do veículo utilizado tem que ser muito bem conhecida e considerada em qualquer planejamento de passeios por aqui.
O filho do casal do Residencial & Restaurante Villarrica, que devia ter uns 6 anos, ficava tentando se comunicar conosco, mas o idioma era um dificultador para ele. Chamava-se Dario, e ficava andando de velocípede pelo salão do restaurante, onde estávamos apenas nós (eu e Clênia).

24º DIA – 01.11.2009 – Domingo

(CHILE: Villa Cerro Castillo - Puyuhuapi)

Acordamos às 7 h. Foi extremamente difícil sair debaixo do lençol. É tanto coberta, que fica até pesado.

Nosso quarto na Residencial & Restaurante Villarrica  – Villa Cerro Castillo - Chile

O Marcio foi o primeiro herói a encarar o quarto sem aquecimento e o banho com água morna, mesmo com a torneira quente toda aberta e a fria fechada.
Eu não consegui. Optei por tomar café primeiro e depois, quem sabe, encarar um banho nessas condições.
Conforme combinado ontem com a dona do hotel, achamos nosso café-da-manhã montado na mesa do salão.
Havia o queijo parecido com nossa ricota, mas que aqui tem o nome de queyllo. Estava muito bom! Tinha também marmelada, pão e água quente para o nescafé.
Toda a família estava dormindo, e nós ali, naquele friozinho, curtindo a casa deles. É muita coragem deles confiar que nós não iríamos roubar nada.
Comemos bem, e aproveitei para provar o pão de fabricação caseira que comprei ontem. Parecia o nosso panetone, mas com o frio estava bem duro. Para comer com o meu aparelho nos dentes foi difícil.
Deixamos um bilhete de agradecimento para eles. O Marcio escreveu em português e em espanhol.
Marcio escrevendo o bilhete de agradecimento. Residencial & Restaurante Villarrica – Villa Cerro Castillo - Chile

Depois do café, me animei e tomei banho. Com o cabelo lavado, corri para o secador para não congelar de vez. Confesso que teria sido bem pior o banho antes do café quente.
Foi legal escovar os dentes curtindo o visual das montanhas com neve da janela do quarto. Digno de Europa.

Com a bagagem já no carro, faltava apenas escovar os dentes - Villa Cerro Castillo - Chile

Às 9 h deixamos o hotel e vimos de onde vem o nome do povoado. É por causa da montanha que fica na entrada da cidade, chamada Cerro Castillo, com quase 3.000 m de altitude.

Escultura na entrada da Villa Cerro Castillo - Chile

A montanha que dá nome à cidade - Chile

Na subida da estrada, paramos num mirante e vimos uma placa que dizia que onde estávamos era a Reserva do Cerro Castillo.

Cartaz com indicação da Reserva Cerro Castillo – Chile

Mapa que proporciona uma visão da região e da Carretera Austral - Chile

A vila onde pernoitamos está a 378 km da cidade argentina de Perito Moreno.

Visual da Carretera Austral, já com asfalto a partir de Villa Cerro Castillo - Chile

O legal disso tudo é que, sem planejar, pernoitamos num lugar muito aprazível.
Seguimos viagem para Puerto Aisen pela Carretera Austral, e vimos ainda muita neve na vegetação.
Eu ainda tinha a esperança de encontrar um veado chifrudo bebendo água no rio, mas não dei sorte. Ele devia estar com frio e não apareceu.

Ainda vimos muita neve ao longo da Carretera Austral para Puerto Aisen - Chile

Paramos na cidade de Coyhaique, um lugarejo bem grande. Pelas lojas de carros e de produtos agrícolas que vimos, deve ser um local de pessoas com boa renda.
Compramos algumas bananas, laranjas e doce de mamão em uma mercearia de palestinos. O Marcio está meio privado. Como quase não há frutas, a coisa está feia. Cú Del Fuego!!
No mercadinho, quase compramos, por engano, aveia usada como ração de galinha, pensando que era para humanos. A sorte é que a funcionária nos esclareceu antes.
A região aqui se parece com Campos do Jordão (SP) e com Petrópolis (RJ), com cabanas para hospedagem no meio da mata. Toda a região é muito pitoresca.
Logo que chegamos a Puerto Aisen, fomos a Puerto Cachabuco, a 15 km, para ver sobre o passeio à Geleira San Rafael.
Infelizmente, soubemos que o barco partia aos domingos e às quartas-feiras, mas que a lotação de hoje já estava completa.
Foi até bom, pois gastaríamos o equivalente a R$ 700,00/pessoa. Bem carinho! Além disso, o barco sairia hoje às 22 h, navegaria toda a noite, para que amanhã caminhássemos na geleira, voltando para Puerto Cachabuco na terça-feira.
Retornamos para Puerto Aisen, entramos num supermercado e compramos alguns vinhos.
Escolhemos os da linha reserva, a preços bem baixos em relação ao Brasil. Lá, achei adoçante de sucralose em pílulas, bem barato, e comprei alguns de 300 comprimidos.
Almoçamos no próprio supermercado. A comida era vendida por quilo, mas quem preparava era a funcionária. Comemos arroz e macarrão à bolonhesa.
No estacionamento do supermercado, enquanto arrumávamos as coisas na mala do carro, um senhor chileno abordou o Marcio para perguntar sobre eventuais problemas que ele poderia ter com seu carro a gasolina, caso viajasse com ele para o Brasil e utilizasse nossa gasolina com álcool.
Depois do bate-papo, ele aproveitou e nos deu uma dica sobre um atalho para a R-7, que nos levará a cidade de Puyuhuapi. Segundo ele, deveríamos pegar a estrada de volta a Coyhaique e, uns 10 km depois, quando houvesse a indicação para o povoado de Viviane, virar à esquerda.
Seguimos e vimos a tal placa para o povoado de Viviane, só que do outro lado do Rio Manihuales.
Foi uma merda, pois erramos e entramos em fazendas com vacas e porteiras. Numa dessas porteiras, como eu não tive força para abri-la, o Marcio foi ajudar a acabou enfiando o pé numa das frestas do mata-burro que havia por lá.
Foi uma lenha! Afundou até a canela na lama, que estava misturada com mijo e com merda do gado.
Na expectativa de lavar a perna e o pé no rio que corria ali perto, passou para o outro lado da cerca e foi caminhando no pasto cheio de vacas e de mais poças de lama. Foi pior. Eu estava vendo a hora de as vacas correrem atrás dele para completar a cena. Foi o cômico-trágico.
Ele acabou retornando, sem lavar nada, e trocou o tênis pela sandália, com a qual continuou a viagem.
Ainda perdidos naquela região de fazendas, encontramos alguém para dar informação. Era uma menina que parecia sindrômica. Imagina só, a única pessoa que aparece para ajudar é desse jeito!
Apesar disso, ela indicou o caminho certo, pois confirmamos com um pessoal que passava mais a frente.
Acho é pouco, pois bastava termos seguido o que GPS indicava desde o início.
O lado bom de termos errado o caminho, foi que pude ver que folhas e alface por aqui só podem ser cultivadas em estufas, devido ao frio que queima tudo. Além disso, as vacas e os cavalos são bem peludos.
De volta à estrada certa, seguimos pela Carretera Austral por alguns trechos em cascalho, outros de asfalto e alguns “em asfaltamento”.
A parte de terra era das piores, com uma buraqueira que vibrava o carro inteiro.
Passamos por lugares lindos, cruzando várias vezes por rios de água clarinha e avistando uma mata parecida com a da nossa floresta amazônica. A vegetação mudou, e agora as árvores eram grandes e algumas montanhas estavam ainda com neve.
Vimos várias cachoeiras de degelo. Entramos na área do Parque Nacional Queulat, com mata bastante fechada. Quando subimos a serra, já eram mais de 19 h, e ainda estava com luz solar.
Uma cachoeira de degelo – Carretera Austral - Parque Nacional Queulat - Chile

Paramos na Cachoeira da Trilha Padre Garcia, localizada bem perto da estrada, a uns 200 m. Vimos uma queda d’água de degelo extremamente forte e grande. Eu vi também uns cogumelos vermelhos, lindos, mas o Marcio não os viu. Já estava cansado e de saco cheio, doido para chegar ao destino para poder descansar.

Cachoeira da Trilha do Padre Garcia – Parque Nacional Queulat - Chile

Após termos descido a serra, avistamos uma geleira ao longe e à direita. Era o Glaciar Vestisqueiro Colgante. Lindão! Mas estava tarde e não pudemos visitá-lo. Tiramos algumas fotos da estrada. Ficará para amanhã a visita.

Glaciar Vestiquero Colgante – Parque Nacional Queulat - Chile

Estávamos bem cansados e querendo logo arranjar uma hospedagem.
Paramos num lodge que ficava à beira da estrada, a 30 km de Puyuhuapi, mas não tinha ninguém lá para dar informações.
Já estávamos rodando há mais de 3 horas, mas tínhamos nos deslocado apenas uns 100 km. A estrada era ruim, cheia de curvas, mas também repleta de lugares lindos nos quais parávamos para fotografar.
Chegamos ao povoado de Puyuhuapi, um vilarejo pequeno mas jeitoso, de colonização alemã, à beira de um braço do Oceano Pacífico. Quando chegamos já eram quase 21 h.
Ficamos hospedados na Hostal Casa de Ludwing, bem na entrada da cidade. É uma casa de dois andares, toda de madeira, e tudo é bem aconchegante. Existe desde 1957.
A proprietária chama-se Luiza, é descendente de alemães, nasceu aqui e mantém o projeto do pai. Ela fala espanhol com sotaque alemão, mas entende bem o português. Fala também inglês e outras línguas.
Do nosso quarto vemos o mar. A sala da casa é compartilhada com os hóspedes e é bastante charmosa.
Deixamos as malas e fomos jantar, pois depois das 22 h todos dormem aqui. Teríamos ficado sem comida, caso não tivéssemos sido avisados pela Luiza.
Comemos no Restaurante Real e voltamos logo para o hotel.
Amanhã acordaremos sem calor no quarto, pois o aquecedor é a gás e não é recomendado dormirmos com o fogo aceso e com as janelas fechadas. Mais desconforto!
Como a casa é toda em madeira, onde pisamos faz barulho. Tem um cartaz no quarto com as normas do hotel, e uma delas esclarece que como aqui é tudo em madeira, você deve se deslocar como um puma. Eu ri com isso!
Acréscimos do Marcio

A cidade de Coyhaique, por onde passamos logo após Villa Cerro Castillo, apesar de pequena é bem estruturada, com muitas revendas de máquinas agrícolas e de carros.
Pelos seus arredores, vimos diversos locais para hospedagem, quase todos no estilo de cabanas de madeira e com opções de rafting.
No supermercado em Puerto Aisen, onde compramos várias garrafas de vinho chileno, também compramos alguns utensílios domésticos, farelo de trigo, aveia (para ver se dá uma refrescada no “olho de tandera”, que já está em brasa) e uma barra de chocolate com 68% de cacau.
Almoçamos no restaurante dentro do tal supermercado, onde comemos uma comidinha mais ou menos. A sobremesa foi o chocolate com 68% de cacau, que a Clênia gostou tanto que retornou para comprar mais algumas barras.
Exatamente na hora da pessoa que estava na frente dela na fila pagar, o sistema saiu do ar. Ela, indignada, deixou tudo e foi embora.
O custo do barco para a Geleira San Rafael era de US$ 350,00/pessoa. A embarcação levava também os carros dos passageiros em sua barriga.
A troca do tênis pela sandália, por causa do atolamento no mata-burro, foi uma merda, pois sempre que precisava descer do carro quase morria de frio nos pés.
A pousada onde ficamos hospedados em Puyuhuapi é muito charmosa, parecendo um bangalô de madeira. A proprietária, Luíza, é simpática e prestativa, sempre se esforçando para entender nosso portunhol.
Combinamos com ela que sua funcionária lavaria nossas roupas (e meu tênis sujo de merda) amanhã.
O lance de termos que desligar o aquecedor para dormir é por segurança, pois, com o quarto fechado por causa do frio, o oxigênio do ambiente pode ser totalmente consumido pelo fogo da chama e nos matar.

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