quarta-feira, 1 de maio de 2013

(015) 2008 - Viagem ao Deserto do Atacama - CHILE: COLCHANE - GÊISER DE PUCHULDIZA - ARICA

17º DIA – 05.10.2008 – Domingo
(CHILE: Colchane - Gêiser de Puchuldiza - Arica)

Acordamos às 6h30 com o movimento dos franceses. A guia deles, estressada, saía acordando um por um, ignorando que havia mais pessoas dormindo.
A noite foi bem ruim, pois o frio foi intenso, apesar dos quatro cobertores e de toda vestimenta de casacos, ceroulas, gorros, luvas e meias. Até tentamos dormir só com dois cobertores, mas lá pela 1 h acordamos com um frio de lascar e com a boca seca. Resolvemos juntar tudo, e aí deu para dormir.
Mesmo assim, tanto eu como o Marcio tivemos dificuldade para respirar. Afinal, foi a primeira vez em que dormimos a quase 4.000 m de altitude. Não foi nada bom!
O bom de os franceses já estarem no “ar” quando acordamos é que o aquecimento da água tinha sido aceso há um tempo, o que nos propiciou um bom banho quente. O duro foi tirar a roupa. Seguramente deve ter ido abaixo de 0º C na madrugada.
Quando chegamos ao local do café, havia três mesas preparadas igualmente. Escolhemos uma e sentamos. Para o nosso azar, escolhemos justo a que a guia tinha reservado para os seus “pupilos”.
Quando ela nos viu, já foi esbravejando que aquela mesa estava reservada para um grupo. Ela chamou a senhora da pousada e deu-lhe um esculacho.
Para evitar confusão logo cedo, dissemos que estava tudo bem e mudamos de mesa. Um guarda chileno, que também tomava café, ficou indignado e em nossa defesa esbravejou com a guia. Depois ela pediu desculpas, justificando que iriam passar para a Bolívia e precisavam ser os primeiros na aduana boliviana.
Deixamos o hotel junto com os quatro rapazes chilenos. Eles estavam em duas motos e numa L-200 - Triton. Despedimo-nos e seguimos para o Gêiser de Puchuldilza.
Pegamos um trecho de asfalto e outro de terra. Bem próximo a Colchane, vimos riachos ainda com gelo. No altiplano, os extremos de temperatura são intensos. Na madrugada sempre chega a menos de zero grau.

Colchane - riacho ainda congelado às 8 h da manhã

O trecho de terra foi brabo, pois tinham muitas costelinhas e, para evitá-las, o Marcio andava a 60 Km/h ou 80 Km/h, o que me dava um medo danado. Afinal, o acidente em que virei o Escort aconteceu na mesma circunstância.
Após uns 22 Km de terra, avistamos a área dos gêiseres. Nossa primeira visão foi de algo que parecia um borrão de vela, e pensamos que aquilo era o principal, com jeitão de quem ia entrar em erupção.
Para a nossa dupla surpresa, ao nos aproximarmos vimos que o borrão não era o gêiser, mas um pedação de gelo, mais parecido com um iceberg, naquele desertão gelado. A segunda surpresa foi ele entrar em erupção justo no momento da nossa chegada.

Gêiser de Puchuldiza: erupção às 10 h – Colchane - Chile

Ficamos lá por mais de uma hora, e ele ainda estava espirrando água. Um espetáculo diferente do que já tínhamos visto com gêiseres. Ali estávamos em altitude elevada, a altura do jato de água era enorme, havia a “pedrona” de gelo ao lado e o tempo longo de duração da erupção.

Jorro com mais de 4 m de altura, e por mais de uma hora

Clênia e o “iceberg” ao lado do Gêiser de Puchuldiza

Em 2007, na Nova Zelândia, tínhamos visto um onde o funcionário do local colocava um produto na boca do gêiser para provocar a erupção, o que fazia do espetáculo uma coisa muito combinada.
Neste, não. Tudo foi espontâneo. No Gêiser de El Tatio, no Atacama, fizemos aquele sacrifício todo para vê-lo, acordando às 3 h, para chegar lá e ver apenas fumaça.
O melhor de tudo é que este espetáculo foi privado, dirigido apenas para nós dois, uma vez que em pleno domingo não tinha mais ninguém lá. Só nós e as lhamas.
Esqueci de comentar que próximo ao gêiser também tinham vários buracos por onde saiam ou fumaça ou água fervendo, além de uma piscina alimentada com água drenada de um desses buracos quentes. No caminho até a piscina havia o resfriamento natural da água, que chegava nela numa temperatura de morna para quente.

Água fervendo na área do Gêiser de Puchuldiza - Chile

Piscina com água quente proveniente do gêiser - Chile

Não entramos na piscina, pois o frio estava tamanho que ficamos com medo de adoecer. Estava muito mais frio do que quando entramos na piscina do de El Tatio. Já eram mais de 10 h, e nada do frio melhorar.
Quando deixamos o local, já eram mais de 10h30. Seguimos para Arica. A nossa expectativa agora era de o diesel do tanque ser suficiente até o próximo posto, em Huara.
Quando chegamos a Huara, e para nossa surpresa, não havia posto. Mesmo assim, resolvemos almoçar num boteco na estrada, onde comi uma posta de atum, grandona, com arroz e salada de alface e tomate. O Marcio, em vez do peixe, optou por bife de vaca. O meu estava bem gostoso.
Andamos para trás 32 Km, até Pozo Almonte, para abastecer com um diesel mais confiável do que o vendido em Huarana, por um particular. Como não era posto de gasolina, o Marcio ficou receoso.
O calor já tinha chegado, pois as montanhas tinham ficado para trás, e desde lá já vínhamos nos depenando, tirando ceroulas e casacos.
Após abastecer, outra vez retomamos a viagem no sentido de Arica, extremo norte do Chile, ainda pela estrada Pan-Americana (Ruta 5). Ali onde estávamos era o quilômetro 1.500. Parece que ela atravessa toda a América do Sul, indo até o Equador.
No caminho, vimos alguns trechos turísticos, como geoglifos e oásis.

Geoglifos no caminho para Arica, extremo norte chileno

Oásis na descida da Cordilheira Litorânea, no caminho para Arica

A descida para Cordilheira Litorânea, como é conhecida a serra daqui, é cercada de precipícios arenosos, sem uma árvore ou algo que lembre vegetação. É como se estivéssemos serpenteando uma grande duna em um grande deserto.
Na cidade de Arica facilmente achamos a parte central, onde entramos em alguns hotéis e decidimos ficar no menos pior, o Plaza Colón.
Arica é parecida com Iquique em hotéis, ou seja, fraca. Pelo menos aqui tem garagem para o carro, Wi-Fi e queijo no café da manhã.
Lavamos a roupa aqui no quarto mesmo, pois uma lavanderia hoje não resolveria a nossa emergência.
Saímos para jantar crente que iríamos achar algum restaurante descente, mas vimos alguns botecos com pessoas comemorando a vitória de um time de futebol local.
Acabamos no McDonalds, e eu comendo um belo Big Mac.
Às 21 h já estávamos dormindo, pois estávamos um prego.

Acréscimos do Marcio

A estrada que vai de Huara (entroncamento com a Pan-Americana) a Cochane está em reforma, com alguns trechos com desvios, outros com a pavimentação em terra e com alguns buracos, mas nada que atrapalhasse muito o ritmo da viagem.
As subidas são, na sua maioria, por trechos com retas, diferentemente do que se imagina quando se fala em subir uma serra. Assim, em muitas vezes alterávamos de altitude em mais de mil metros sem fazer sequer uma curva.
O prato mais pedido, quando os outros do cardápio nos pareciam alienígenas, era o “lomo a lo pobre” que é o nosso bife à cavalo. Era a certeza de comer algo conhecido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Minha primeira língua é o português (português do Brasil), mas entendo um pouco o espanhol e o inglês.

Registre aqui seu comentário ou sua dúvida, que eu tentarei responder o mais breve possível.
*******************************************************************
My first language is Portuguese (Brazilian Portuguese), but I understand a little Spanish and English.

Register here your comment or question. I will try to respond as soon as possible.
**********************************************************************************
Mi lengua materna es el portugués (Portugués de Brasil), pero entiendo un poco de Español e Inglés.

Regístrese aquí tu comentario o pregunta. Voy a tratar de responder lo más pronto posible.