18º DIA – 26.10.2009 –
2ª feira
(ARGENTINA: El Calafate)
Acordamos
às 6h20, pois teríamos que estar às 9 h no porto de Punta Bandera, 40 km depois de El
Calafate, para o passeio no Lago Argentino
para vermos os glaciares.
O
Marcio ficou na internet e por isso saímos atrasados do hotel. Enquanto isso, eu
aprontava os sanduíches para o nosso almoço, uma vez que o passeio era de dia
inteiro e no catamarã não teria comida.
O
café-da-manhã do hotel é do tipo continental, sem queijo, presunto ou frutas.
Comemos o queijo, o presunto e o pão de girassol que comprei ontem numa
frutaria que traz os produtos da cidade de Mendoza. Nesta frutaria,
comprei bananas do Equador, mas estavam verdes. O pão tem cara de bom, mas foi
caro: AR$ 9,00 (US$ 2,37/R$ 4,50).
Rapidamente
deixamos o hotel e corremos para Punta Bandera para pegar o barco. Indo
no nosso próprio carro, evitamos o gasto de AR$ 100,00 (US$ 26,32/R$ 50,00) e a encheção de saco que é passar de hotel em
hotel pegando turistas.
Hoje o tempo amanheceu
completamente diferente de ontem. Chovia, nevava, ventava e estava muiiiiiito
frio. Propício para passear ao ar livre!
Mesmo assim, fomos. O
clima é bem instável por esta região de glaciares e de montanhas. Um dia está
com sol e no outro -- ou no mesmo dia -- muda tudo de novo.
Chegamos
ao porto às 8h15. Compramos a entrada do Parque Nacional Los Glaciares e
passamos para o local de embarque.
Quando
chegamos, não tinha quase ninguém, mas logo em seguida lotou o salão de embarque.
Como tinha gente! Eram vários ônibus e vans cheios de pessoas com o mesmo
propósito que nós.
O tempo estava bem feio.
Eu falava e saia fumaça da boca.
O
catamarã que pegamos era enorme e tinha até dois andares. Era o Nueva León.
Corredor para o embarque no catamarã – El
Calafate - Argentina
Interior do catamarã. Parece até o de um avião –
El Calafate - Argentina
O
barco deixou o porto às 9 h. Navegamos pelo Lago Argentino, enorme, com
água bem esverdeada, cercado por montanhas nevadas e alimentado pelo degelo.
O primeiro glaciar avistado
foi o Upsala.
Tela do GPS do barco mostrando o emaranhado de braços no Lago Argentino
Tinham vários pedaços de
gelo boiando na água. Logo depois, foram surgindo icebergs (témpanos, em
espanhol) de coloração azulada. Uma imagem de babar!
Clênia no catamarã e os
icebergs ao fundo. Como na Antártida! – El Calafate – Argentina
O
barco não pode entrar no canal que dava acesso ao Glaciar Upsala, pois o
caminho estava interrompido por um big iceberg. Foi uma pena!
O funcionário do barco
pegou um pedaço de gelo do iceberg, para servir nas bebidas das pessoas e para
que tirassem fotos.
Pescando um pedaço de gelo para bebidas à bordo e para fotos – El Calafate - Argentina
Seguimos
para o Glaciar Spegazzini, o
mais alto do parque, com 135 m
de altura. É constituído de gelo e levou anos para se formar. De vez em quando,
víamos pedaços caírem na água. Faziam um barulho parecido com o de um trovão e
geravam uma onda.
Fomos
para a última parte do passeio, a face norte do Glaciar Perito Moreno.
Também bonito, porém menor.
Todos esperando um pedaço
de gelo se desprender do glaciar – El Calafate - Argentina
Clênia e o Glaciar Perito Moreno – El Calafate -
Argentina
O
tempo abria e fechava. Uma instabilidade só!
Como tinha gente de todo
mundo no passeio!
Voltamos
para o hotel e levamos a roupa para a lavanderia, onde deixamos dois cestos cheios
para lavar, cada um por AR$ 20,00 (US$ 5,26/R$ 10,00).
Saímos para jantar. Fomos
ao Restaurante Cassimiro Biguá, Pasta e Pizza, uma sugestão do Guia
Argentino YPF.
Ambiente de boa comida,
em local agradável. A entrada foi empanada e carpaccio de cordeiro. Este estava
muito bom!
Marcio escolhendo o prato do jantar – Restaurante
Cassimiro Biguá – El Calafate - Argentina
O carpaccio de cordeiro da Clênia – Restaurante
Cassimiro Biguá – El Calafate - Argentina
Para
o prato principal, escolhi um risoto de
cogumelos e o Marcio uma pizza de berinjela.
O vinho foi de Mendoza, um Malbec, 13,5% de álcool, reserva de 2007, da Bodega
Família Zucardi, Santa Julia. Um bom vinho.
Pagamos
por tudo o equivalente a R$ 110,00. Para os brasileiros está bem razoável comer
por aqui. Para quem paga em dólar ou em euro, então, muito melhor.
Risoto de cogumelo –
Restaurante Cassimiro Biguá – El Calafate - Argentina
Aqui
é a cidade da boa gastronomia. Há excelentes opções.
Depois do jantar, e para
a sobremesa, paramos numa loja para tomar um café com chocolate. Eram mais de
20h30 e ainda estava de dia.
Casa de Café e Chocolate Recuarela – El Calafate
- Argentina
Depois,
pegamos a roupa na lavanderia, que ficava bem perto do hotel, e voltamos.
O Marcio ainda saiu para
comprar um par de luvas impermeáveis. Eu fiquei atualizando o diário.
Agora é dormir, pois
amanhã teremos caminhada na geleira.
Acréscimos do Marcio
O trajeto do hotel onde estávamos até o
local do embarque para o passeio às geleiras é de apenas 40 km , mas saímos atrasadíssimos.
Por isso, tive que ir no maior cacete com o carro, a 150 km/h (o GPS registrou
máxima de 155 km/h ).
Quando chegamos lá, o motor estalava e cheirava ao calor do turbo, que devia
estar quase incandescente.
Um problema que temos tido por aqui é o falta de educação
dos fumantes. Aliado a ela, o fato de os lugares também não se preocuparem com
o isolamento da área que destinam para os não-fumantes.
No barco era proibido fumar na sua parte interna. Mas o
local onde era permitido ficava na popa, numa parte adjacente à entrada.
Ora, a fumaça, que não sabia até onde podia ir, invadia a
parte interna. Além disso, o local onde fumavam era o melhor para se tirar
fotografias.
Resumindo, onde quer que fôssemos dentro
do barco sentíamos o fedor da fumaça. No final do passeio deixei isso registrado
no questionário que distribuíram para respondermos.
As geleiras são de fato sensacionais, uma
visão única para nós que vivemos em um país tropical. Já havíamos visto o Glaciar Grey, no Parque Nacional Torres Del Paine, no Chile, e aqui serviu para manter-nos embasbacados
com o visual.
No jantar optei por pizza, pois estava
doido por uma, ainda por cima com o sabor de berinjela que tanto gosto. O prato
da Clênia estava também delicioso, e fiquei de olho comprido nele, na esperança
que ela não conseguisse comer todo.
Depois do jantar, voltamos ao mesmo local
onde fomos ontem – Recuarela --, para a Clênia tomar o tão querido café. Hoje
consegui resistir e não tomei outro sorvete.
Após pegarmos as roupas na lavanderia
(lavadero, em espanhol), saí para comprar um par de luvas impermeáveis, que
aqui eles chamam de corta-vento. A que eu trouxe (assim como todas as que
tínhamos na bagagem) era de lã e nada servia para segurar o frio trazido pelo
vento.
19º DIA – 27.10.2009 –
3ª feira
(ARGENTINA: El Calafate)
Acordamos
quase às 8 h. O dia estava lindo, com o céu bem aberto e o sol com tudo.
Tomamos
café e fomos para o Glaciar Perito Moreno. O Marcio perdeu tempo na
internet e nos atrasamos na saída. O barco sairia para o mini-trekking pela
geleira daquele glaciar às 9h45. Chegamos às 10 h, pois não sabíamos onde era o
porto para este passeio, a estrada para lá era estreita e cheia de curvas, com
limite de velocidade de 30
km/h . Foi um estresse!
Apesar
disso tudo, conseguimos embarcar e seguimos com o grupo.
A da esquerda é a
embarcação que nos levou até o local do mini-trekking - Argentina
Muito
legal ter aquele visual todo do glaciar. É muito gelo, e caindo de vez em quando
na água. Quando isso ocorre, parece o barulho de um trovão.
A
travessia é rápida e curta. Quando chegamos em terra, fomos divididos em 2
grupos: o das pessoas que entendiam espanhol e o das que entendiam inglês. Optamos
por ficar no do espanhol.
Nosso grupo de língua espanhola, recebendo
orientações do guia – Perito Moreno – El Calafate - Argentina
Logo
após o desembarque, e muito próximo desse local, existe uma cabana para apoio a
quem chega para o passeio. Chamam-na de refúgio. Lá têm banheiros, locais para
guardar o que não se quer levar na trilha, café, etc.
Passadas
algumas orientações ao grupo, iniciamos a caminhada até o glaciar, por uma
trilha que atravessava um bosque, sempre visualizando a geleira.
Local utilizado como
refúgio: muito chique! – Perito Moreno – El Calafate - Argentina
Explicações de como se
formam as geleiras. Perito Moreno – El Calafate - Argentina
Antes
de iniciarmos a caminhada sobre o gelo, paramos numa espécie de acampamento,
onde fixaram em nossos calçados uns grampos que penetravam no gelo e minimizavam
o risco de escorregar.
Algumas
das orientações de como andar no gelo com aquele trambolho no pé foram
passadas.
Marcio instalando os
grampos nas botas – Perito Moreno – El Calafate - Argentina
Demonstração de como caminhar com os grampos nos
pés
Não
foi difícil. É só não juntar os pés, para que os grampos não enganchem uns nos
outros.
Nosso grupo subindo o Glaciar Perito Moreno – El
Calafate - Argentina
Clênia em uma parada para contemplação das
redondezas. Tudo muito lindo! – Perito Moreno – El Calafate - Argentina
Passamos
por lugares lindos, com gelo azulado em alguns pontos. Vimos alguns sumidouros
de água do degelo, que eram fendas por onde ela escorria até a base do glaciar.
Interessante!
Pequena poça de água
do degelo no Glaciar Perito Moreno – El Calafate - Argentina
Eles
explicam tudo sobre o glaciar: sua formação, o movimento do gelo na descida da
montanha, etc.
Diferentemente
do que eu imaginava, lá estava menos frio do que na cidade. Venta menos.
Como
tinha gente fazendo trekking no gelo! Soubemos que mais de 300 pessoas por dia vêm
para este passeio.
Outro grupo fazendo o mesmo passeio que a gente
– Perito Moreno – El Calafate - Argentina
Foi
muito bom. Recomendo esse passeio a todos que venham para essas bandas.
O
grau de dificuldade é leve. Tinham senhoras no grupo, e foram sem problemas.
Conosco
foram dois guias. Eles têm a maior habilidade para andar no gelo. Parecem
cabritos, e são magrinhos de tanto gastar energia naquele serviço.
A
caminhada durou uma hora e meia. Tiramos muitas fotos. No fim da trilha, fomos
recebidos numa área onde eles serviram whiskey com gelo do glaciar, além de
água também colhida lá.
A surpresa! Mesa sobre o
gelo, com copos, whiskey e alfajores de doce de leite
Um brinde à beleza do
local. Maravilhoso! Perito Moreno – El Calafate - Argentina
Nós e o Glaciar Perito Moreno – El Calafate -
Argentina
A
água colhida na poça do degelo é saborosíssima, mas não possui muitos minerais
em sua composição, não sendo própria para o consumo constante.
Voltamos
para o refúgio e devolvemos as bases com grampos dos calçados.
Resolvemos
almoçar o nosso lanche com o visual do glaciar. Muito bacana!
Nosso acampamento para o lanche-almoço. Visual
inesquecível! Perito Moreno – El Calafate - Argentina
Depois
de comermos, voltamos para o local do refúgio, onde fizermos o embarque para
retorno.
O
barco que nos levou de volta chegou carregado com um grupo enorme de
adolescentes de várias nacionalidades, todos conversando em inglês.
Eles
se vestiam com colorido muito estranho, bem diferente dos nossos.
Embarcamos
e voltamos para a área onde deixamos o nosso carro. Seguimos para o local onde
há um mirante para o Glaciar Perito Moreno.
Na
estrada para o mirante do glaciar havia um cano por onde saía água de degelo,
oportunidade em que o Marcio colocou o carro embaixo e deu aquele banho. Era tanta
água que o dreno do carro não deu vazão e acabou entrando um pouco pelo sistema
de ventilação.
O primeiro banho (checo) do carro na viagem – El
Calafate - Argentina
Essa
água era potável, pois havia algumas pessoas que paravam os carros para encher
garrafões.
Ainda
curtimos um pouco o parque dos glaciares, e vimos mais gelo se desprendendo da
geleira e caindo na água, com a produção de som de trovão.
Quando
a pedra cai na água, se abre um halo em volta até que ela consiga emergir
novamente. Ficamos esperando um pouco, para ver se tirávamos uma foto do
momento exato da queda, mas não tivemos sorte.
Com boa vontade, vemos um pedaço do Perito
Moreno que se desprendeu e caiu no lago – El Calafate - Argentina
Marcio e o Glaciar Perito Moreno – El Calafate -
Argentina
A imensidão do Glaciar Perito Moreno – El
Calafate - Argentina
Retornamos
para a cidade de El Calafate, abastecemos o carro, compramos água e fomos
para o hotel.
Assim
que cheguei, peguei o computador para mandar algumas fotos para os amigos que
nos acompanham nesta jornada. Atualmente, com os recursos da informática, as
distâncias são minimizadas e tudo é agilizado.
Falei
com a minha sobrinha Soninha no MSN, atualizamos as aventuras de hoje e vi que
a BOVESPA havia despencado. Está muito instável ainda.
Enquanto
eu estava no computador na sala próxima à recepção, único local onde há Wi-Fi,
a Sra. Virna, dona do hotel, assistia à novela.
Nessa
hora, achei interessante, pois chegou uma amiga dela, companheira de novela. As
duas ficaram na maior tricotagem, mas preocupadas se o barulho da televisão estava
me incomodando. Eu falei que estava tudo bem e que elas eram muito atenciosas e
simpáticas.
Saímos
para jantar e fomos a um restaurante indicado pelo Guia YPF, o Las Barricas.
Fomos
a pé. Em El Calafate
tudo é perto. Além disso, o hotel onde estamos é bem localizado.
O
restaurante se parece com a Churrascaria
Fogo de Chão, de Brasília (DF), com todo o acabamento interno em madeira.
Nós no Restaurante Las Barricas – El Calafate -
Argentina
Eu
comi uma pizza de cordeiro com verduras;
o Marcio, um risoto de cogumelos,
parecidos com o shitake, servido numa crosta de queijo frito.
Risoto de hungos
(cogumelos) – Restaurante Las Barricas – El Calafate - Argentina
A
entrada foi brusqueta, um pouco
diferente da nossa. Eles colocaram cogumelo. Estava ótima!
Diferente, mas gostosa. Brusqueta
do Restaurante Las Barricas – El Calafate - Argentina
O
vinho que bebemos era da Bodega El Fin Del Mundo, da uva shiraz,
14,5% de álcool, safra 2007. Ótimo!
Voltamos para o hotel.
Eram mais de 22 h e as lojas já estavam fechadas. Queríamos comprar uns doces
de calafate para levar, mas não foi possível.
Os
argentinos são muito românticos. Quando chegamos ao hotel, o Domingos, filho do
casal proprietário, estava na recepção. Dissemos a ele que amanhã deixaríamos a
cidade. Ele nos perguntou se tínhamos gostado de El Calafate. Quando
respondemos que sim, ele disse que estava muito alegre por nós.
Frente do Hotel Upsala, onde ficamos – El
Calafate - Argentina
Estávamos
bem cansados. Acho que andar no gelo deu uma canseira maior ainda.
Acréscimos do Marcio
A ida para o ponto de embarque para o trekking
foi estressante. Estávamos um pouco atrasados, e parte da estrada para lá era
cheia de curvas e estreita.
Mesmo assim, as coisas estavam indo bem,
pois eu desenvolvia uma boa velocidade, apesar dos gritinhos da Clênia de “que
perigo”, “que perigo”. De repente deparamo-nos com dois carros a nossa frente,
andando na velocidade máxima para o local, que era de 30 km/h . Imagina!!! Mas
chegamos a tempo (atrasados, mas embarcamos).
A sensação de caminhar sobre a geleira é
muito boa, pois aquele ambiente todo branco nos fazia imaginar que estávamos
nos pólos.
No nosso grupo havia duas senhoras de uns
65 anos, de Buenos Aires, que nem gemeram para fazer toda aquela caminhada, com
sobe e desce e passagens em lugares estreitos e altos. Também havia um casal de
italianos.
Nossos guias no trekking foram o Juan e o
Gustavo.
Depois do trekking, no passeio que
fizemos até o mirante do Perito Moreno, pela primeira vez na viagem encontramos
pessoas negras. Eram da França ou de alguma de suas ex-colônias, pois falavam
francês.
Das passarelas do mirante tivemos a
oportunidade de ver várias rupturas do glaciar, apesar de não termos conseguido
fotografar nem uma delas no momento em que ocorreram.
Nosso jantar novamente foi regado a vinho
tinto, em um ambiente agradável, aconchegante e com uma excelente comida.
Depois de uns dias fora do Brasil,
aprendemos a identificar no cardápio os bons pratos. No início, padecemos um
pouco com carne ruim e com as tão famosas papas fritas.
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