sábado, 4 de maio de 2013

(038) 2009 - Viagem à Patagônia e à Terra do Fogo - ARGENTINA: USHUAIA E ARREDORES (CANAL DE BEAGLE, TREM DO FIM DO MUNDO, GLACIAR MARTIAL)

11º DIA – 19.10.2009 – 2ª feira
(ARGENTINA Ushuaia)

Acordamos às 8 h. A temperatura mínima da madrugada foi de - 0,2º C. Mesmo com a chuva de ontem, hoje amanheceu o maior sol e com neve na grama e nos carros.
Tomamos café e saímos. Fomos ao centro da cidade, que é pequeno, mas com tudo para atender ao turista. Para onde se olha tem montanha com neve. Todos os lugares têm aquecimento, e dá agonia o tira-e-bota de casaco, luva, gorro, etc. O Marcio já não agüenta mais, pelo fogo no rabo que ele tem. Eu estou sempre com frio e ele sempre com calor.

Clênia nas ruas da cidade de Ushuaia - Argentina

Fomos a uma lavanderia, onde deixamos as nossas roupas para lavar e secar. Deixamos dois cestos e combinamos de pegá-los no fim do dia. O preço cobrado para fazer o serviço foi AR$ 15,00 (US$ 3,95/R$ 7,50) por cesto.
Fomos à casa de câmbio, onde trocamos nossos reais pela mesma taxa da última vez em Puerto Madryn (R$ 1,00=AR$ 2,00 e US$ 1,00=AR$ 3,80).
Demos uma volta pelas ruas e entramos numas lojas de informática e foto, mas nada nos agradou, pois os preços estavam semelhantes aos do Brasil.
Entramos numa loja de roupas de frio. Comprei para mim um par de tênis para trekking e frio, além de um casaco.
Na hora de pagar, tentei usar o meu cartão de crédito Visa, mas havia esquecido de habilitar o uso no exterior e deu errado. Acabei pagando com os pesos qua havia acabado de trocar, AR$ 1.570,00 (US$ 413,16/R$ 785,00).
As peças são boas e peguei algumas na promoção. Coisa rara, uma vez que raridade aqui é o calor e não o frio.
Almoçamos num pub irlandês antigo da cidade -- Restaurante Galmay. Comi cabrito arrollado e o Marcio foi de lomo com papas fritas.

O cabrito da Clênia – Ushuaia - Argentina

O lomo do Marcio – Ushuaia - Argentina

Aqui pelo centro a comida é bem mais cara do que no hotel onde estamos hospedados. Ontem, tínhamos sido advertidos sobre isso pela recepcionista. Ela nos disse que comeríamos melhor e mais barato no hotel.
No almoço, o Marcio comprou o suco mais caro da vida dele, o equivalente a AR$ 9,00 (US$ 2,37/R$ 4,50). Além de tudo, estava bem ácido. Acho que frutas e folhas por aqui são bem caras, pois é raro vermos sucos no café-da-manhã dos hotéis, e as saladas custam o preço do prato de filé mignon (lomo).
A sobremesa com café foi na casa de chocolate Laguna Negra. Eram deliciosos os chocolates, que combinados com o café foi perfeito.
Por várias vezes hoje nevou. Nada que atrapalhasse o dia.
Como tem esfriado! A minha pele do rosto não agüenta mais a queimação. Além disso, o sol aqui é mais forte, pois o buraco na camada de ozônio está danado por aqui. O sol é bem mais intenso mesmo!
Durante todo o dia deixamos o carro estacionado na rua. Pagamos por isso AR$ 2,00 (US$ 0,53/R$ 1,00).
Fomos para o passeio de barco no Canal de Beagle, que já havíamos reservado no hotel.
Tudo é perto e andamos pouco. Eu, já de tênis novo, pois não agüentava mais sentir os meus dedos dos pés gelados. Antes, passamos no Centro de Informações Turísticas, onde fomos atendidos por uma funcionária simpática, que nos orientou sobre tudo, nos deu mapa e carimbou o meu passaporte com dizeres da terra do fim do mundo. Há folders com informações em português.

O Centro de Informações Turísticas de Ushuaia - Argentina

Depois das orientações que recebemos, fomos ao quiosque da Canoero, para trocar o voucher pelos bilhetes para o passeio de barco.
O quiosque, bem pequeno, estava cheio de gente. Todos se protegendo do frio. É uma maneira eficiente de se aquecer.
Pagamos AR$ 135,00/pessoa (US$ 35,53/R$ 67,50) pelo passeio e AR$ 6,00/pessoa (US$ 1,58/R$ 3,00) de taxa de navegação.

Marcio no cais em Ushuaia – Argentina

O barco partiu às 16 h, com atraso causado pelo mau tempo. Em um momento o sol sumia, nevava e ventava muito; em outro, dava tudo certo. Numa dessas fases favoráveis, a embarcação foi autorizada a deixar o porto.
Este é um passeio imperdível. Inusitado foi para nós navegar ora no Atlântico, ora no Pacífico, cercados por montanhas geladas e nevadas, com um frio e um vento de lascar.

Nós no catamarã, passeando pelo Canal de Beagle – Ushuaia – Argentina

O barco parava de vez em quando em frente a algumas ilhas para os turistas fotografarem os leões-marinhos. Estava tão frio que até os bichos estavam agrupados para se aquecer. Sempre tinha um macho “pilotando” o grupo, e o rugido dele é o mesmo de um leão.

Macho de leão-marinho – Canal de Beagle – Ushuaia - Argentina

A família agrupada para se aquecer – Canal de Beagle – Ushuaia - Argentina

Olha a quantidade de aves nessa ilha! Canal de Beagle – Ushuaia - Argentina

Em uma das paradas foi permitido o desembarque, para visitarmos uma ilha onde há vestígios de moradia de aborígenes.

Uma pequena caminhada na ilha do Canal de Beagle – Ushuaia - Argentina

A visita foi bem rápida, pois a sensação térmica era de -3º C.

Estava frio mesmo!

Voltamos para Ushuaia depois de 3 h de passeio. Fomos brindados com o pôr do sol na hora mais tardia que eu já vi, e o mais ao sul também.

Já eram quase 20 h, e ainda havia um bom caminho para o sol percorrer - Ushuaia

O vento e a maré estavam piores na volta e o catamarã balançou bastante.
Depois do desembarque, retornamos à loja onde comprei as roupas, pois o Marcio queria um tênis também.
Saímos de lá e fomos pegar a nossas roupas na lavanderia. Acabamos pagando pela lavagem apenas o equivalente a um cesto e meio.
No retorno ao hotel passamos no Carrefour, onde compramos água e material para o lanche de amanhã, pois passaremos o dia no Parque Nacional Tierra del Fuego.
Jantamos no hotel mesmo. Dá desânimo sair e encarar o frio de novo.
Tem outros brasileiros hospedados aqui.
Agora é descansar para a aventura de amanhã.

Acréscimos do Marcio

Durante nosso passeio pelas ruas de Ushuaia nesta manhã, vimos diversas vezes neve caindo. Foi minha primeira experiência.
Apesar de ser uma Zona Franca, as ofertas de produtos não são tantas como as que observamos no ano passado na cidade de Iquique, no Chile. Além disso, não havia praticamente nada que eu estivesse procurando, exceto algumas peças sobressalentes para a Hilux.
Em uma das lojas, vimos um suporte para câmeras (fotográficas e filmadoras) completamente diferente de tudo que já havíamos encontrado. Era todo articulado, possibilitando infinitas formas de ajustes, e sua fixação era por poderosas ventosas, para permitir o uso nas partes externas de veículos. Como custava muito caro (AR$ 400,00/US$ 105,26/R$ 200,00), deixamos para procurar em outro lugar, talvez em Cuidad del Este, quando passarmos em Foz do Iguaçu (PR) na volta.
No passeio de catamarã pelo Canal de Beagle vimos pela primeira vez uma pessoa com uma câmera igual a nossa (Nikon P-80).
O barco do passeio estava povoado por pessoas de diversas nacionalidades – holandeses, espanhóis e até outro casal de brasileiros.
As explicações da tripulação eram todas feitas em espanhol e em inglês, sempre falados de forma pausada, para que as pessoas que não tivessem essas línguas como primeiras pudessem entender.
Falando um pouco sobre nosso quarto no Hotel Tolkeyen, ele possui três aquecedores: dois no quarto e um no banheiro. Isso mantém o ambiente em torno dos 24º C, enquanto lá fora beira 0º C.
No hotel também está hospedado um grupo de idosos, todos de língua espanhola. São animados e estão sempre na companhia do guia falando sobre as atividades que farão no dia seguinte.

12º DIA – 20.10.2009 – 3ª feira

(ARGENTINA: Ushuaia)

Hoje acordamos cedo, pois tínhamos que às 9h30 pegar o Tren del Fin del Mundo, para fazer o passeio pelo Parque Nacional Tierra del Fuego. Da janela do nosso quarto deu para ver o amanhecer mais ao sul que já testemunhei.

Amanhecer em Ushuaia - Argentina

Deixamos o hotel e seguimos para o local no parque de onde sai o passeio de trem.
Seguimos a indicação do GPS e foi fácil de achar. Além disso, a sinalização é farta.
Compramos o bilhete por AR$ 95,00/pessoa (US$ 25,00/R$ 22,50) e a taxa do parque por AR$ 50,00/pessoa (US$ 13,16/R$ 25,00).
Já tinha muita gente perambulando pela estação. E como têm estrangeiros! Apesar de terem nos dito que o primeiro horário do trem era o mais tranqüilo, estava cheio.

Bilheteria do Ferrocarril Austral Fueguino – Parque Nacional Tierra Del Fuego – Ushuaia - Argentina

Há saídas às 9h30, às 12 h e às 15 h. O horário de meio-dia é o mais concorrido, por ser mais tarde e, teoricamente, menos frio.
O trajeto foi por uma área cercada por montanhas geladas, e o trem era puxado por uma locomotiva movida a vapor --Maria Fumaça.
A ferrovia foi construída por prisioneiros, em 1920.

O nosso era o vermelho (rojo, em espanhol) – Ushuaia - Argentina

Uma paradinha para fotos e deslumbre – Ushuaia - Argentina

No trem, conhecemos um casal de cariocas. Eles, assim como nós, estavam penando com o frio, mas curtindo muito. Tinham também quatro brasileiros de Porto Alegre (RS), só que eles estavam num Kia Sportage.
Fomos e voltamos de trem, pois estávamos de carro e ele tinha ficado no estacionamento da estação de embarque.
Quando retornamos à estação, às 11h30, fomos conhecer o resto do parque.
É bom fazer num único dia o passeio de trem e o no parque, para que se pague apenas uma vez a taxa de ingresso.
Complementando o passeio de trem, no parque vimos lagos e mais montanhas geladas. Fizemos algumas caminhadas, o que valeu à pena.
Almoçamos sanduíche, com um visual de um lago muito bonito.

Uma parada para o almoço na Isla Redonda – Parque Nacional Tierra Del Fuego – Ushuaia - Argentina

Nosso suco de caju e o achocolatado “Todinho”

Quando saímos do parque já eram mais de 15 h.
Seguimos para o Glaciar Martial, que fica a 4 km do centro de Ushuaia. No local existe uma montanha gelada, e lá funciona uma estação de esqui.
O teleférico está temporariamente desativado, para manutenção para a próxima temporada.
Subimos a montanha, que ainda estava com bastante neve, a pé. Fomos até a estação de desembarque do teleférico.
Foi uma subida com grau de dificuldade alto, não recomendado para quem é cardíaco. É como subir o Morro do Careca, em Natal (RN), umas três vezes.

Local onde eram vendidos os bilhetes para o teleférico – Ushuaia – Argentina

Clênia na subida da montanha que ia até o Glaciar Martial – Ushuaia - Argentina

Ao longo da subida encontramos algumas pessoas descendo, e todos nos davam força para continuar, afirmando que valeria a pena pelo visual.
Todos estavam certos, pois andar no gelo, avistar Ushuaia com as baías e as ilhas lá de cima e apreciar os picos nevados mais de perto é demais!

Nós ainda nem na metade do que foi a subida até o ponto final do teleférico – Ushuaia - Argentina

À esquerda, o local onde termina o teleférico – Ushuaia - Argentina

No ponto onde termina o teleférico, encontramos um casal de espanhóis bem simpáticos e trocamos umas idéias com eles. Temos conhecido muita gente!

Marcio se encaminhando para o refúgio ao final do teleférico – Ushuaia - Argentina

Durante a subida, ainda vimos um casal que ia esquiar e um rapaz descendo de snowboard.
O sol estava se pondo quando resolvemos descer. Sem ele, o frio aumenta rapidamente.
Ainda bem que o esforço da subida nos aqueceu, fazendo-nos até suar. Com a bota que compramos, os nossos pés não sofreram com o gelo. O gelo estava fofo e um pouco escorregadio. Foi divertido!
Voltamos para a cidade e ainda fomos visitar os dois museus locais: o Museu do Fim do Mundo e o do Presídio.
O Marcio ainda curtiu a visita. São pequenos e sem muitos atrativos. Não é nada imperdível.
Próximos aos museus, vimos muitos restaurantes anunciando a centolla como prato. É um caranguejo gigante, de águas profundas, comum nessa região.
Eu já não tinha mais disposição para nada. Com a escalada no gelo meu corpo só pedia um banho quente e moleza.
Quando retornamos ao hotel, já eram mais de 20 h, ainda com a luz do dia. É bom isso, pois o dia rende.
Decidimos deixar Ushuaia amanhã, pois seria repetitivo o que teríamos para fazer por aqui.
Jantamos novamente no hotel. Tomamos um vinho argentino, Sauros, da uva pinnot noir, da cidade de Neuquén, com 14,5% de álcool.
No restaurante, conversamos com duas brasileiras que estavam na mesa ao nosso lado. Uma delas mora em Belo Horizonte (MG) e a outra em Brasília (DF). Elas estavam vindo da cidade de El Calafate, onde ficaram por três dias e adoraram.
Aproveitamos e trocamos umas dicas com elas. A queixa sobre o fato de servirem poucas frutas e folhas nas refeições é mútua.
Agora é descansar e amanhã seguir para a cidade de Puerto Natales, no Chile.

Acréscimos do Marcio

O passeio de trem é muito pitoresco. Ele anda em baixíssima velocidade (uns 20 ou 30 km/h), e a paisagem é linda para nós, que nunca vimos neve nem a paisagem decorada com ela.
Durante todo o trajeto um sistema de som vai explicando a história da ferrovia e do local, em espanhol e em inglês. Ela foi construída por prisioneiros, assim como o presídio que funcionou no local.
A construção da prisão em Ushuaia nos anos 20 foi uma forma de a Argentina fixar posição na região Antártida.
No ponto final existem alguns daqueles sanitários químicos. O funcionário que cuida deles se veste com roupa igual a dos uniformes dos prisioneiros da época. É muito interessante, e todos querem tirar fotos com ele.
O passeio que fizemos posteriormente no parque, já no nosso carro, também é muito bom, pois temos à nossa disposição paisagens belíssimas.
Ao passarmos pela Sede, apresentamos os bilhetes que já havíamos adquirido no passeio de trem, para não termos que pagar novamente. Aproveitei para pegar com eles a freqüência utilizada no rádio amador pelos guarda-parques, para o caso de necessidade (150.350 MHz).
Quando eu estava quase chegando ao terminal do teleférico, na subida que dava acesso ao Glaciar Martial, um sujeito que já estava lá começou a gritar tentando falar alguma coisa comigo. Gritei de volta dizendo-lhe, em espanhol, que não falava a língua.
Ao chegar lá, me desculpei por não falar bem espanhol, e nos apresentamos. Era um casal de espanhóis, que também havia completado aquela empreitada de subida da montanha. Muito simpáticos, eram de Barcelona e ele chamava-se Alberto (não me recordo do nome dela). Depois do tour pela Argentina, iriam passar uns 10 dias no Rio de Janeiro (RJ). Alertei-os sobre os cuidados que deveriam ter na ex-Cidade Maravilhosa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Minha primeira língua é o português (português do Brasil), mas entendo um pouco o espanhol e o inglês.

Registre aqui seu comentário ou sua dúvida, que eu tentarei responder o mais breve possível.
*******************************************************************
My first language is Portuguese (Brazilian Portuguese), but I understand a little Spanish and English.

Register here your comment or question. I will try to respond as soon as possible.
**********************************************************************************
Mi lengua materna es el portugués (Portugués de Brasil), pero entiendo un poco de Español e Inglés.

Regístrese aquí tu comentario o pregunta. Voy a tratar de responder lo más pronto posible.