21º DIA – 09.10.2008 –
5ª feira
(CHILE: Pica: Salares de Huasca e Coposa)
Acordamos
quase às 8 h, tomamos café que, semelhantemente aos outros cafés chilenos, tem
só o básico. Mas filamos presunto de outro hóspede, quando este saiu e deixou
suas sobras na mesa. Na verdade, acho que a funcionária do hotel esqueceu-se de
colocar presunto para nós também, mas o Marcio ficou achando que a iguaria era
do moço e que eu estava me aproveitando.
Comemos bem. Complementamos
com suco e biscoito. Tenho observado que tem sido comum os hóspedes
complementarem seus desayunos.
Quando saímos, já eram mais
de 9 h, mas ainda paramos numa mercearia para comprar água e sabonete. O dono
do lugar logo sacou que eu não era da cidade e, após algumas perguntas sobre a
minha viagem, partimos para o nosso foco: os salares.
Com dúvida sobre o
caminho, paramos em outra mercearia para informações, e aí foi fácil.
A estrada é de terra, no
meio de dunas gigantes, parecendo com as que víamos no caminho para Arica. Como
é diferente e bonito! Tinham trechos de costelinhas, onde o carro pulava tanto e,
junto com a altitude de mais de 4.000
m , a tontura era inevitável, a ponto de eu pedir para
parar um pouco para as coisas melhorarem.
Como tenho sofrido com a
altitude! Apresento principalmente taquicardia e aperto na cabeça. O Marcio, com
a gripe, tem apresentado certo desconforto respiratório. Hoje foi o melhor dia
de gripe dele, com poucos sintomas. O corticóide está dando conta do recado.
Nesta estrada
“maravilhosa”, fizemos os 60 Km até o Salar
de Huasco em mais de três horas. Mesmo fazendo poucas paradas, a viagem foi
lenta pelo estado da estrada, ruim.
O salar, como os outros,
apresenta fauna e flora semelhantes aos que já vimos, mas parecia que era o
primeiro para nós. Como encanta ver um!
Alpaca no
Salar de Huasco - Chile
Mirante do
Salar de Huasco: placa indicativa das opções locais - Chile
Curtimos principalmente
os flamingos. Acho que neste salar encontra-se o maior número deles por m² que
vimos até agora. Eram muitos mesmo.
Grande
concentração de flamingos no Salar de Huasco - Chile
Como
sempre, quando nos aproximávamos eles debandavam.
Paramos
no mirante e almoçamos sanduíches, sucos, iogurte e achocolatado.
Partimos
para o segundo salar do dia, o Coposa,
distante 60 Km deste. Também pegamos um trecho de terra, pior do que o
primeiro, mas em compensação o trecho maior era asfaltado.
Cruzamos
com vários caminhões e supomos que eles vinham certamente da Mina Collahuasi, o que justificava o
asfalto tão bom, para fazer ligação para Iquique, provavelmente.
No
caminho, vimos vários cercados de pedra para os animais, construídos certamente
na época dos incas, ou antes.
Como
tinham alpacas na estrada, o que faz o motorista ter que redobrar a atenção,
pois é caminhão, animal na pista, subidas íngremes com curvas acentuadas, isso
tudo a 4.000 m
para temperar os perigos.
Logo
vimos o Salar de Coposa que,
diferentemente dos anteriores, caracterizava-se pela poeira de sal e por um
vento intenso. Tinha uma laguna, mas havia poucos flamingos.
Salar de
Coposa: vento e poeira de sal - Chile
Promovemos
outra comilança, numa das barracas de apoio do mirante do salar.
Nossa
máquina fotográfica começou a apresentar problemas e não tirava as fotos com
determinados tipos de regulagem do zoom. Eu gelei, pois associei o defeito à
queda de dois dias atrás.
Logo
veio a idéia de voltar a Iquique, na Zona Franca, e comprar outra câmera, para
não ficarmos na mão.
O
plano inicial era fazer isso amanhã, mas para não matar o dia com isso, resolvemos
ir logo hoje, pois ainda eram 15h30.
Chegamos
a Iquique às 18 h. Com o mapa da cidade na mão, chegamos à área da Zofri pela
rua onde as transações de vendas de carros usados acontecem. Como é agitado!
Há
inúmeras carretas-cegonhas com os carros novos e com usados, a maioria (muitos
deles) com lanternas quebradas ou sem elas. Vimos até carros com volante do
lado direito, para usar não sei onde na América do Sul. Ali deve ser o palco da
trambicagem.
Iquique:área
de comércio de carros novos e usados, próxima à Zona Franca. Na carreta vemos
até um Hummer
Babei
quando vi a Concessionária Suzuki cheia de Vitaras de 2 portas, todos zerinho.
Errarmos a rua de acesso
a Zofri. Depois de muitas perguntas, achamos o estacionamento para o público e
paramos o carro na área onde ficam as lojas.
Deu um medo danado quando
nos perdemos, pois há muitas favelas e trata-se de região portuária, com todos
os problemas habituais de insegurança.
No shopping, fomos a três
lojas que vendiam máquinas da marca Cânon. O plano inicial era manter a marca,
para aproveitar os acessórios da antiga câmera. Para a nossa surpresa, só
tinham semi-profissionais, grandonas e com lentes cambiáveis, fora do nosso objetivo.
A mudança de marca foi
inevitável! Fomos à loja na Nikon e vimos uma de porte parecido com o da nossa
Cânon, futura defunta.
Diferentemente da nossa,
aquela era mais leve, com zoom 27 – 487 mm (ótico de 18X). O melhor, o preço era
equivalente a R$ 900,00, bem abaixo dos R$ 1.500,00 estipulados por nós como
teto para a compra.
Assim, a paixão foi
total. Trata-se de um modelo bem recente da Nikon (Coolpix P80), há apenas dois meses no mercado da América do Sul. Ganhamos
um cartão SD de 1 Gb de brinde, além do que já veio nela. O carregador é elétrico
e bi-volt, e a bateria, de lítio, o que também eram pré-requisitos para a
compra da nova máquina. Compramos também uma bateria extra, para garantir
nossas fotos nos passeios longos.
Pagamos no Visa, e agora
é rezar para que, na data da fatura, o dólar dê uma baixada em relação ao real.
Aproveitamos e compramos
casacos chineses para frio intenso.
Deixamos a Zofri já
jantados, e quando pegamos a estrada já eram mais de 20 h. Abastecemos o carro no
caminho, para amanhã retornarmos a San Pedro de Atacama.
Enquanto o Marcio
dirigia, eu fuçava a máquina, e parece que a bichinha é boa mesmo.
Chegamos ao hotel e,
mesmo tendo levado a chave do quarto, descobrimos que entraram nele, arrumaram
tudo e certamente viram o nosso varal montado com toda a roupa lavada ontem.
Havia um grupo imenso
hospedado, e pareciam músicos. Quando jantaram já eram mais de 23 h, e somente
após a meia-noite é que a algazarra deles diminuiu.
Agora é descansar. Estou
um prego, depois de irmos a mais de 4.200 m , descermos à praia em Iquique e
finalmente retornarmos para Pica.
Acréscimos
do Marcio
Realmente o dia foi intenso e tenso. Com
o pirepaque da câmera, vislumbramos logo um prejuízo, que tentamos amenizar
aproveitando onde estávamos e providenciando logo uma nova.
O Chile, como é um país
bastante estreito (apesar de comprido), conseguimos em pouco tempo ir do Oceano
Pacífico às fronteiras com o Peru ou com a Bolívia. Mas sempre cruzando os
Andes e sofrendo com a altitude.
No caminho para o
primeiro salar, ainda próximo à cidade de Pica, resolvemos sair da estrada e descer
a encosta da grande duna para vermos umas ruínas que estavam um pouco abaixo. Havia
rastros de outros veículos que tinham feito a mesma coisa, e fomos no “vácuo”
deles.
Na subida a coisa ficou
esquisita, pois a inclinação era muito intensa e o terreno bastante fofo. Com
pouca velocidade, mesmo com a tração nas quatro rodas acionada o carro patinava
a partir de um determinado ponto. Tentamos umas duas vezes, mas a saída foi
recuar mais, de ré, e subir com velocidade. Qualquer outro carro que não fosse
4x4 não sairia dali.
Novamente vale registrar
que quando se desce dos 4.000
m para 2.000
m ou para o nível do mar, ouve-se o estalar das garrafas
de água vazias, que vão sendo comprimidas com o aumento da pressão externa. Pura
física!
Hoje, quando descemos para
Iquique, meus ouvidos ficaram entupidos por horas, e ainda por cima doíam um
pouco.
A Zona Franca é uma
loucura! Não sei de onde vêm tantos carros usados para serem levados, por
carretas, para o Peru, Bolívia e Paraguai. Vimos em uma carreta um Hummer novinho.
E os ferros-velhos
(desmontes)? Inúmeros, e especializados. Tinham apenas os que vendiam motores,
os de lataria etc.
Quando chegamos de volta
ao hotel em Pica, achei que a proprietária teria pensado que nós tínhamos
fugido, pois saímos às 9 h para um passeio que não levaria até àquela hora (22
h).
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