27º DIA – 04.11.2009 –
4ª feira
(CHILE: Puyuhuapi – ARGENTINA: Esquel)
Às
7 h estávamos de pé, nos preparativos para deixar a cidade e seguir pela Carretera Austral.
Tomamos
café, fechamos nossa conta -- despedidas feitas do casal holandês e da Luiza,
dona da Hostal (B&B) -- e partimos.
De
novo, o tempo estava bem fechado e chuvoso. Hoje só tínhamos laranja para
complementar o nosso café.
Salão de estar e das refeições da Casa Ludwing –
Puyuhuapi - Chile
Tínhamos
pressa, pois o trecho da Carretera Austral
entre as cidades de Puyuhuapi e
La Junta
ficaria fechado das 10 h às 14 h, por causa da obra preparatória para o
asfaltamento.
Felizmente
deu tempo de atravessar esse trecho sem problemas. Encontramos vários
trabalhadores já nos preparativos para fechar a estrada.
Imagino
a dureza que deve ser trabalhar no frio intenso, com chuva e com todo tipo de
adversidade.
Fazer
essa estrada também deve ser o fim do mundo. Chove bastante e formam-se
cachoeiras de degelo, que descem as montanhas que ficam margeando a pista. Faz-se
um trecho hoje e não se sabe se estará tudo do mesmo jeito amanhã.
Máquinas na Carretera Austral no trecho entre
Puyuhuapi e La Junta
- Chile
Eles
têm construído canais de drenagem paralelos à estrada, para evitar que a água das
cachoeiras caia na pista e ponha tudo a perder. Passamos por inúmeras
cachoeiras de degelo e por várias pontes sobre rios de águas claras e esverdeadas.
Várias cachoeiras formadas pelo degelo –
Carretera Austral - Chile
Esta é grande! Carretera Austral - Chile
Paramos
no povoado de La Junta
para abastecer. Aproveitei e comprei duas bananas. Estava “seca” por uma fruta.
Estavam ótimas!
Conversei
com o dono da loja, e ele disse que conhecia Natal (RN). Falou que costuma ir
de carro para o Brasil, e que não acha que Natal (RN) fica muito longe. Eu ri
com ele.
Em
frente a esse posto da COPEC (estatal chilena do petróleo) tem um monumento representativo
da Carretera Austral, do tempo do Pinochet.
Marco na Carretera Austral, no povoado de La Junta - Chile
Pegamos
uma nevasca em um trecho da estrada. A neve estava fresquinha e fofa quando se pisava.
Clênia se divertindo na neve da Carretera
Austral - Chile
Muito
linda a área! É incrível! Devemos estar a menos de 60 km de Puyuhuapi, e
deixamos a chuvona de lá para pegar essa nevona aqui.
A
antena do carro bateu em um galho e se lascou. O Marcio quase morreu! Pelo
menos ela ainda sobe e desce quando se liga o rádio.
Quando
chegamos à cidade de Chaitén eram mais de 13 h. Fomos surpreendidos com imagens
desoladoras.
Vimos
uma cidade que um dia foi charmosa, completamente fantasma. As ruas com muita
areia e algumas casas soterradas. Na areia da praia havia vestígios de casas e muito
lixo.
Conversamos
com um policial, que nos contou sobre a tragédia que aconteceu na cidade em 2
de maio de 2008.
O
Vulcão Chaitén entrou em erupção e liberou
muitas cinzas, as quais obstruíram o rio que passa pela cidade. Com isso, houve
mudança no seu curso, o que causou uma espécie de tsunami que inundou tudo.
A
sorte é que, pela erupção do vulcão, já haviam evacuado as pessoas. A inundação
aconteceu 12 dias depois.
Das
cinco mil pessoas que viviam lá, apenas 50 famílias ainda insistem em permanecer. Os
cientistas alertaram sobre a poluição da água e da terra provocada pelas cinzas
vulcânicas.
As
cinzas do Vulcão Chaitén se
espalharam por áreas bem distantes.
Almoçamos
numa casa que antes funcionava como restaurante, o La
Roca. Demos sorte de encontrá-lo, pois já eram mais de 13
h e a fome tinha apertado.
Só
havia esse lugar e um outro na cidade. Fomos surpreendidos com a comida. O
salmão estava saborosíssimo, e o arroz também. Teve também salada de alface e
tomate. A alface estava fresquinha.
Conversamos
com a Joselia, dona do restaurante. É
de dar pena ver a maneira saudosa com a qual ela falou do lugar antes da
tragédia. Ela nos disse que nasceu ali e que não iria para outro lugar.
O
governo tem intenção de fundar uma nova Chaitén,
a 10 km
dali, mas as pessoas não querem.
A
Josélia disse que não quer ir para um
grande centro por causa da falta de tranqüilidade que isso representaria.
Com
isso eles ficavam ali, na expectativa de um futuro que é completamente incerto.
Sem contar o risco de uma nova erupção.
É
uma tristeza! Numa das casas que visitei, na expectativa de achar algum lugar
para comermos, vi uma cena marcante: não tinha ninguém, e era como se tivessem
largado tudo para fugir. Tudo estava intocado. Muito ruim de ver.
O
pior é que na Cordilheira dos Andes há
uma cadeia de mais de 60 vulcões em atividade, inclusive próximos a Lima e a Santiago.
Da ponte na estrada
pudemos observar o tal vulcão.
Seguimos
viagem para a Argentina, para a cidade de Esquel,
que fica um pouco depois de Trevelin,
para fazer um passeio de trem pelos campos argentinos.
Para
nosso azar, o trem sai apenas nas quartas-feiras e nos sábados. Uma pena, pois
não pudemos ficar até o dia da próxima saída.
Como
já eram mais de 16 h, e com o dia perdido, fomos trocar o óleo do carro. Foi
bom, pois o lugar era descente e liberou espaço no porta-malas. Os filtros de
óleo e de ar também foram substituídos.
Ficamos
hospedados no Hotel Tehuelche, no
centro da cidade, em frente ao Supermercado
La Anônima
(uma rede na Argentina) e perto de restaurantes.
O hotel, apesar de
velho, tinha Wi-Fi até nos quartos. Isso foi um aspecto convidativo.
Deixamos as malas e
fomos ao mercado para comprar banana, pão, queijo e presunto para o almoço de
amanhã. Ainda bem que fomos logo, pois ele fechou enquanto estávamos lá, às 21
h.
Deixamos
as compras na nossa geladeira -- o carro -- e fomos jantar. Fomos à Pizzaria Fitzroya, tradicional na cidade.
O Marcio gostou, mas eu achei a massa meio biscoitada. Pedimos metade cogumelos
e metade roquefort.
Chegamos ao hotel cansadíssimos.
Eu fiquei um pouco no computador e o Marcio fazendo as unhas. Fomos dormir mais
de meia-noite.
Amanhã
tentaremos ir ao Parque Nacional Los Alerces,
a 40 km
daqui.
Acréscimos do Marcio
No povoado de La Junta , pouco depois de
Puyuhuapi e onde abastecemos, havia até emissora de rádio FM.
No povoado também
pareceu-me que estava instalado o escritório da empresa de engenharia que
estava trabalhando na estrada, pois havia muitos veículos pintados com o
logotipo da firma perambulando por lá.
O diesel, para meu
espanto, estava mais caro que em Puyuhuapi e, espantem-se, mais caro que a
gasolina. Nunca tinha visto isso!
Sobre a cidade de
Chaitén, a Clênia já esgotou o que podia ser registrado.
Nossa saída do Chile se
deu pelo povoado de Futaleufu.
Na entrada na Argentina,
um dos funcionários da aduana ficou levando a maior conversa comigo, querendo
saber por onde já tínhamos passado e se tínhamos gostado.
Eu queria me concentrar
na guarda dos papéis (passaporte e documentos do carro) e quase não pude dar
atenção a ele.
Ao final, ele era a
pessoa incumbida da vistoria do carro. Praticamente não olhou nada. Limitou-se
a pedir que abrisse o porta-malas, fez algumas perguntas bobas e nos liberou.
No lubricentro onde
trocamos o óleo em Esquel, um cliente que estava na fila após a gente ficou
papeando sobre viagens, política e carros. Quando lhe disse que nosso carro, do
ano 1997, no Brasil valia o equivalente a AR$ 100 mil (US$ 26.315,79/R$ 50.000,00), ficou impressionado. Falou que um semelhante
por lá está valendo AR$ 50 mil.
Uma coisa interessante
que observei no lubricentro é que eles operam com óleo lubrificante em tonéis
de 200 litros ,
aplicando-o nos motores com bombas semelhantes às de combustível. Talvez por
isso era comum entrarem pessoas com vasilhames (garrafas PET, por exemplo) para
comprar quantidade suficiente para completar o nível de seus carros.
O garçom da Pizzaria
Fitzroya era uruguaio e foi muito atencioso conosco. Eu gostei muito da pizza,
apesar de a Clênia ter feito ressalvas.
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