domingo, 19 de maio de 2013

(048) 2009 - Viagem à Patagônia e à Terra do Fogo - CHILE - ARGENTINA: PUYUHUAPI - ESQUEL, VIA CHAITÉN (SOTERRADA PELO VULCÃO CHAITÉN)

27º DIA – 04.11.2009 – 4ª feira
(CHILE: Puyuhuapi – ARGENTINA: Esquel)

Às 7 h estávamos de pé, nos preparativos para deixar a cidade e seguir pela Carretera Austral.
Tomamos café, fechamos nossa conta -- despedidas feitas do casal holandês e da Luiza, dona da Hostal (B&B) -- e partimos.
De novo, o tempo estava bem fechado e chuvoso. Hoje só tínhamos laranja para complementar o nosso café.

Salão de estar e das refeições da Casa Ludwing – Puyuhuapi - Chile

Tínhamos pressa, pois o trecho da Carretera Austral entre as cidades de Puyuhuapi e La Junta ficaria fechado das 10 h às 14 h, por causa da obra preparatória para o asfaltamento.
Felizmente deu tempo de atravessar esse trecho sem problemas. Encontramos vários trabalhadores já nos preparativos para fechar a estrada.
Imagino a dureza que deve ser trabalhar no frio intenso, com chuva e com todo tipo de adversidade.
Fazer essa estrada também deve ser o fim do mundo. Chove bastante e formam-se cachoeiras de degelo, que descem as montanhas que ficam margeando a pista. Faz-se um trecho hoje e não se sabe se estará tudo do mesmo jeito amanhã.
Máquinas na Carretera Austral no trecho entre Puyuhuapi e La Junta - Chile

Eles têm construído canais de drenagem paralelos à estrada, para evitar que a água das cachoeiras caia na pista e ponha tudo a perder. Passamos por inúmeras cachoeiras de degelo e por várias pontes sobre rios de águas claras e esverdeadas.

Várias cachoeiras formadas pelo degelo – Carretera Austral - Chile

Esta é grande! Carretera Austral - Chile

Paramos no povoado de La Junta para abastecer. Aproveitei e comprei duas bananas. Estava “seca” por uma fruta. Estavam ótimas!
Conversei com o dono da loja, e ele disse que conhecia Natal (RN). Falou que costuma ir de carro para o Brasil, e que não acha que Natal (RN) fica muito longe. Eu ri com ele.
Em frente a esse posto da COPEC (estatal chilena do petróleo) tem um monumento representativo da Carretera Austral, do tempo do Pinochet.

Marco na Carretera Austral, no povoado de La Junta - Chile

Pegamos uma nevasca em um trecho da estrada. A neve estava fresquinha e fofa quando se pisava.

Clênia se divertindo na neve da Carretera Austral - Chile

Muito linda a área! É incrível! Devemos estar a menos de 60 km de Puyuhuapi, e deixamos a chuvona de lá para pegar essa nevona aqui.

Nossa companheira Toyota Hilux SW4 e a neve na Carretera Austral - Chile

Estava tudo branco na nossa frente – Carretera Austral - Chile

A antena do carro bateu em um galho e se lascou. O Marcio quase morreu! Pelo menos ela ainda sobe e desce quando se liga o rádio.
Quando chegamos à cidade de Chaitén eram mais de 13 h. Fomos surpreendidos com imagens desoladoras.
Vimos uma cidade que um dia foi charmosa, completamente fantasma. As ruas com muita areia e algumas casas soterradas. Na areia da praia havia vestígios de casas e muito lixo.

Orla da cidade de Chaitén, arrasada pela erupção do Vulcão Chaitén - Chile

Casa que foi arrastada e agora está semi-soterrada na praia de Chaitén - Chile

Veículos e moradias soterradas em Chaitén - Chile

Nosso carro na orla arrasada da cidade de Chaitén - Chile

Conversamos com um policial, que nos contou sobre a tragédia que aconteceu na cidade em 2 de maio de 2008.
O Vulcão Chaitén entrou em erupção e liberou muitas cinzas, as quais obstruíram o rio que passa pela cidade. Com isso, houve mudança no seu curso, o que causou uma espécie de tsunami que inundou tudo.
A sorte é que, pela erupção do vulcão, já haviam evacuado as pessoas. A inundação aconteceu 12 dias depois.
Das cinco mil pessoas que viviam lá, apenas 50 famílias ainda insistem em permanecer. Os cientistas alertaram sobre a poluição da água e da terra provocada pelas cinzas vulcânicas.
As cinzas do Vulcão Chaitén se espalharam por áreas bem distantes.
Almoçamos numa casa que antes funcionava como restaurante, o La Roca. Demos sorte de encontrá-lo, pois já eram mais de 13 h e a fome tinha apertado.
Só havia esse lugar e um outro na cidade. Fomos surpreendidos com a comida. O salmão estava saborosíssimo, e o arroz também. Teve também salada de alface e tomate. A alface estava fresquinha.
Conversamos com a Joselia, dona do restaurante. É de dar pena ver a maneira saudosa com a qual ela falou do lugar antes da tragédia. Ela nos disse que nasceu ali e que não iria para outro lugar.
O governo tem intenção de fundar uma nova Chaitén, a 10 km dali, mas as pessoas não querem.
A Josélia disse que não quer ir para um grande centro por causa da falta de tranqüilidade que isso representaria.
Com isso eles ficavam ali, na expectativa de um futuro que é completamente incerto. Sem contar o risco de uma nova erupção.
É uma tristeza! Numa das casas que visitei, na expectativa de achar algum lugar para comermos, vi uma cena marcante: não tinha ninguém, e era como se tivessem largado tudo para fugir. Tudo estava intocado. Muito ruim de ver.
O pior é que na Cordilheira dos Andes há uma cadeia de mais de 60 vulcões em atividade, inclusive próximos a Lima e a Santiago.
Da ponte na estrada pudemos observar o tal vulcão.

Vista do Vulcão Chaitén, que arrasou a cidade em 2008 – Chaitén - Chile

Seguimos viagem para a Argentina, para a cidade de Esquel, que fica um pouco depois de Trevelin, para fazer um passeio de trem pelos campos argentinos.
Para nosso azar, o trem sai apenas nas quartas-feiras e nos sábados. Uma pena, pois não pudemos ficar até o dia da próxima saída.
Como já eram mais de 16 h, e com o dia perdido, fomos trocar o óleo do carro. Foi bom, pois o lugar era descente e liberou espaço no porta-malas. Os filtros de óleo e de ar também foram substituídos.
Ficamos hospedados no Hotel Tehuelche, no centro da cidade, em frente ao Supermercado La Anônima (uma rede na Argentina) e perto de restaurantes.
O hotel, apesar de velho, tinha Wi-Fi até nos quartos. Isso foi um aspecto convidativo.
Deixamos as malas e fomos ao mercado para comprar banana, pão, queijo e presunto para o almoço de amanhã. Ainda bem que fomos logo, pois ele fechou enquanto estávamos lá, às 21 h.
Deixamos as compras na nossa geladeira -- o carro -- e fomos jantar. Fomos à Pizzaria Fitzroya, tradicional na cidade. O Marcio gostou, mas eu achei a massa meio biscoitada. Pedimos metade cogumelos e metade roquefort.
Chegamos ao hotel cansadíssimos. Eu fiquei um pouco no computador e o Marcio fazendo as unhas. Fomos dormir mais de meia-noite.
Amanhã tentaremos ir ao Parque Nacional Los Alerces, a 40 km daqui.

Acréscimos do Marcio

No povoado de La Junta, pouco depois de Puyuhuapi e onde abastecemos, havia até emissora de rádio FM.
No povoado também pareceu-me que estava instalado o escritório da empresa de engenharia que estava trabalhando na estrada, pois havia muitos veículos pintados com o logotipo da firma perambulando por lá.
O diesel, para meu espanto, estava mais caro que em Puyuhuapi e, espantem-se, mais caro que a gasolina. Nunca tinha visto isso!
Sobre a cidade de Chaitén, a Clênia já esgotou o que podia ser registrado.
Nossa saída do Chile se deu pelo povoado de Futaleufu.
Na entrada na Argentina, um dos funcionários da aduana ficou levando a maior conversa comigo, querendo saber por onde já tínhamos passado e se tínhamos gostado.
Eu queria me concentrar na guarda dos papéis (passaporte e documentos do carro) e quase não pude dar atenção a ele.
Ao final, ele era a pessoa incumbida da vistoria do carro. Praticamente não olhou nada. Limitou-se a pedir que abrisse o porta-malas, fez algumas perguntas bobas e nos liberou.
No lubricentro onde trocamos o óleo em Esquel, um cliente que estava na fila após a gente ficou papeando sobre viagens, política e carros. Quando lhe disse que nosso carro, do ano 1997, no Brasil valia o equivalente a AR$ 100 mil (US$ 26.315,79/R$ 50.000,00), ficou impressionado. Falou que um semelhante por lá está valendo AR$ 50 mil.
Uma coisa interessante que observei no lubricentro é que eles operam com óleo lubrificante em tonéis de 200 litros, aplicando-o nos motores com bombas semelhantes às de combustível. Talvez por isso era comum entrarem pessoas com vasilhames (garrafas PET, por exemplo) para comprar quantidade suficiente para completar o nível de seus carros.
O garçom da Pizzaria Fitzroya era uruguaio e foi muito atencioso conosco. Eu gostei muito da pizza, apesar de a Clênia ter feito ressalvas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Minha primeira língua é o português (português do Brasil), mas entendo um pouco o espanhol e o inglês.

Registre aqui seu comentário ou sua dúvida, que eu tentarei responder o mais breve possível.
*******************************************************************
My first language is Portuguese (Brazilian Portuguese), but I understand a little Spanish and English.

Register here your comment or question. I will try to respond as soon as possible.
**********************************************************************************
Mi lengua materna es el portugués (Portugués de Brasil), pero entiendo un poco de Español e Inglés.

Regístrese aquí tu comentario o pregunta. Voy a tratar de responder lo más pronto posible.