terça-feira, 7 de maio de 2013

(045) 2009 - Viagem à Patagônia e à Terra do Fogo - ARGENTINA: DE EL CHALTÉN PARA PERITO MORENO (VIA CUEVA DE LAS MANOS)

22º DIA – 30.10.2009 – 6ª feira
(ARGENTINA: El Chalten - Perito Moreno)

O dia hoje amanheceu lindo, caindo uma nevasca e o termômetro marcando 1º C. Como era diferente para nós, achamos tudo lindo.
Tomamos café e, sem perspectiva de melhora do tempo, achamos melhor cair na estrada e continuar a viagem, pois desse jeito não seria possível caminhar, tirar fotos, etc, pois molharia tudo.
Arrumamos as coisas e deixamos o hotel às 10 h. Estava chovendo neve. Por isso, molhamos toda a bagagem ao colocá-la no carro.
Nevava muito e tudo estava branco. O Marcio estava receoso com a possibilidade de deslizamento do carro caso houvesse gelo no asfalto. Teve uma hora em que o carro parecia deslizar. Fiquei com o maior medo!

Nevasca em El Chaltén – Reparem o rastro branco do limpador de pára-brisa - Argentina

Viajando sob nevasca, de El Chaltén para Perito Moreno - Argentina

Como a claridade é intensa com a neve! Fica insuportável sem óculos escuro.

Tudo branco com a neve – El Chaltén - Argentina

Pegamos alguns trechos de terra e asfalto. Paramos na estrada para almoçar os sanduíches que tinham sido feitos para a trilha que faríamos hoje e que não houve.
Quando deixamos a área dos glaciares, entramos num trecho onde não tinha nevado nem chovido. Depois começou a nevar intensamente de novo.
Passamos por duas pessoas viajando de moto sob a neve caindo. Imagino o sufoco deles! De carro já é ruim, imagina de moto! Deve ser uma tortura pelo frio e pela poeira, além do risco de um acidente com um coelho ou outro bicho atravessando a estrada.
Viajante corajoso, indo para El Chaltén de moto - Argentina

De repente, começamos a sentir um cheiro forte de diesel dentro carro. Era um dos nossos galões que estava vazando um pouco. A tampa dele tinha afrouxado com os buracos e as lombadas da estrada de terra (rípio).
E o Marcio insistindo em andar a 100 km/h. De vez em quando o carro derrapava. E eu vendo a hora do carro rodar! São daquelas estradas que enganam. Parece uma pista de corrida, mas de repente podem surgir costelinhas e irregularidades.
Tivemos que parar para colocar o diesel dos galões no tanque. Ventava demais e foi muito difícil fazer a operação. O casaco do Marcio ficou todo melado de óleo. Foi uma merda!
Ventava pra cacete nessa hora – Estrada para a cidade de Perito Moreno - Argentina

O pior agora é ficar com o cheiro da roupa do Marcio dentro carro. Não tem jeito de não carregar combustível extra, pois são lugares remotos e nem sempre tem onde comprar.
Chegamos ao povoado de Bajo Caracoles, onde tem indicações para a Cueva de Las Manos, patrimônio cultural da UNESCO.
Trata-se de uma caverna pequena, onde foram encontradas pinturas de milhares de mãos, com mais de 150 mil anos.
Paramos num posto policial para obtermos informações sobre o caminho a tomar. Lá, vimos uma Pick-Up Strada da Fiat que havia capotado, com a placa da cidade de Turvo (SC), Brasil.
Perguntei ao policial quando houve aquele acidente, e fiquei surpresa quando me respondeu que tinha sido há dois anos, pois o carro estava novinho. Ele disse que o proprietário nunca voltou para pegar o veículo.

Carro brasileiro acidentado na estrada de rípio - Bajo Caracoles - Argentina

Eram 16h45, e perguntei se dava tempo para a visitação da caverna. Ele achava que sim, pois a última seria às 18 h.
Tivemos que andar rápido para conseguir chegar a tempo. Fomos por estrada de terra, com ovelhas, guanacos, coelhos e emas como companheiros.
Eu estava com tanto medo de acidente que nem conseguia curtir o trajeto. Chegamos a um cânion marrom, contrastando com a vegetação rasteira e queimada pelo frio. Parecia uma miragem!
Cânion na chegada da Cueva de Las Manos – Bajo Caracoles - Argentina

No caminho, passaram por nós três motos BMW, com aventureiros para lá de corajosos por encarar aquelas adversidades. Eles estavam voltando da visita. O visual com as motos é lindo, parecendo aquelas propagandas do Cigarro Malboro que passavam antigamente, com um cowboy.

Descemos pelo cânion até chegar à administração do local. Lá, existe uma casa de madeira para os guias ficarem. Tudo bem estruturado, com calefação a gás.
Estava 1º C quando chegamos. Em todos os lugares de visitação há banheiros, e estes têm água quente para lavarmos as mãos.
Pagamos AR$ 50,00/pessoa (US$ 15,16/R$ 25,00). A visitação durou 1 hora. Há visitas de hora em hora, das 9 h às 19 h. É bem elástica a disponibilidade de visitação. Acho que pela distância do local para a cidade mais próxima.
A estrada de 44 km existe só para o acesso à atração. Não há nada no caminho, exceto um pequeno quiosque para venda de bebida e de empanadas. Na placa desse quiosque tem até suas coordenadas de GPS pintada. Estava fechado na hora em que passamos.
A caverna é interessante, com suas paredes cheias de pinturas de mãos, como se alguém tivesse posto a própria e pintado ao redor dela com tinta spray.
Dentre as mais de 400 mãos pintadas, de adultos e de crianças, menos de 40 são de mãos direitas. As demais são das esquerdas, dando a entender que as pessoas eram destras.

Cueva de Las Manos – Bajo Caracoles - Argentina

Fomos guiados por uma técnica em turismo e por uma estagiária na área. Sempre atenciosas, nos disponibilizaram informações sobre tudo.
De acordo com a cor usada para a pintura, estima-se a data em que foi feita. Há algumas com 8.000 anos de idade, e as mais novas com 1.300 anos. Para mim, pareciam que tinham sido pintadas na semana passada, pelo estado de conservação em que se encontravam.
As mais conservadas encontravam-se em locais mais protegidos do vento e da luz.
Terminamos a visita às 19 h.
Parecem pichações com spray de adolescentes atuais – Bajo Caracoles - Argentina

Nós no ponto onde se inicia a visitação da Cueva de Las Manos – Bajo Caracoles - Argentina

Depois da visitação, seguimos viagem até a cidade de Perito Moreno, local previsto para o nosso pernoite.
Seguimos quase todo trajeto pela RN-40, equivalente às nossas BR. Esse trecho está em obra e em breve estará asfaltado.
Demos azar de pegar vários trechos em terra ainda. É uma tristeza, pela poeira! O nariz é o primeiro a reclamar. Espirramos muito com coriza. Temos usado sorine direto.
Meus dedos estão ressecados pelo frio do tempo e pelo calor da água dos banhos, apesar de muito creme que tenho usado.
Quando chegamos à cidade de Perito Moreno já eram mais de 21 h. A cidade é fraquinha, mas tem cinco locais para hospedagem.
Ficamos no Hotel Americano. Parecia o melhor da cidade. Antes, tinha entrado em um onde havia um cara fumando na recepção. Dei meia volta e voltei, antes mesmo de perguntar algo. Estava um fedor desgraçado no ambiente.
O fumo aqui na Argentina é uma praga! Em muito poucos lugares se pode respirar à vontade. A briga contra o cigarro é bem recente por aqui.
O local onde ficamos parece uma casa que ampliaram e transformaram em hotel. Demos sorte, pois tem restaurante também. Apenas deixamos as malas no quarto e fomos comer.
Jantamos peito de frango e salada mista, com cenoura, beterraba, alface, tomate e pimentão. Este último ingrediente, se tivéssemos entendido o espanhol do cardápio, teríamos pedido para não ser colocado.
Interessante é que já eram quase 23 h, e a família dona do lugar estava jantando como de fossem ainda 20 h. Até as crianças. Achei até que estávamos num fuso diferentes do deles, mas não estávamos.
Estavam também hospedados no hotel um casal da Suíça Francesa que havíamos vimos em Torres Del Paine (Chile) e em El Calafate (Argentina). Eles também estão no carro deles, uma pick-up Toyota Hilux modificada para a viagem. Parece um moto-home, com suporte para laptop e tudo mais.
Assim comemoramos o nosso 13º aniversário de casamento. Bem à La Clênia e El Marcio! Imagina: sexo, drogas e rock and roll, debaixo da coberta, com o frio patagônico.

Acréscimos do Marcio

O tempo hoje foi incrível! Tivemos amostra de quase tudo. Quando deixamos a pousada em El Chaltén estava caindo uma nevasca, que nos acompanhou um bocado de tempo na estrada.
Depois veio o sol com o céu bem azul, para voltar a nevar pouco mais adiante. Isso tudo, sempre acompanhado de muito frio, mesmo nos momentos de sol.
Não abastecemos na saída de El Chaltén, pois com a nevasca o sujeito do posto nem apareceu para nos atender na bomba.
Como estava com uma reserva de 40 litros em galões, o tanque ainda estava com ¼ consumido e haveria um último posto pela frente, deixei para lá.
Nosso último abastecimento do dia foi feito a uns 100 km de El Chaltén, no povoado de Três Lagoas. O preço lá estava mais caro que na cidade de onde saímos, mas ainda assim muito mais barato que no Brasil. Completamos o tanque (70 litros), e ainda tínhamos 40 litros de reserva nos galões, para os quase 600 km sem posto de combustível.
A partir dali acabou o asfalto. Novamente estávamos em uma das estradas de rípio argentinas, em direção à cidade de Perito Moreno.
Resolvemos parar para o que seria nosso almoço do dia logo que se iniciou a parte de terra. Encostamos e nos fartamos com nossos sanduíches e sucos.
Com a trepidação da estrada, as travas das tampas dos galões se soltaram e elas afrouxaram, deixando babar um pouco de diesel. Foi o bastante para feder tudo. Tenho que me lembrar de, ao voltarmos para casa, providenciar uma trava para as travas.
Tivemos que continuar rodando ainda por algum tempo antes de colocar o combustível no tanque, pois ainda não havíamos consumido aquela quantidade contida nos bujões.
Quando pudemos parar para essa tarefa, ventava tanto que foi um sacrifício fazer tudo. Como a Clênia descreveu antes, acabei sujando o casaco com o pouco diesel que pingou do bocal. Cavacos do ofício!
Seguimos viagem e chegamos ao povoado de Bajo Caracoles, ponto de partida para a visitação da Cueva de Las Manos.
Quando terminamos a visita e começamos a voltar para a estrada principal (de rípio), para continuarmos a viagem até cidade de Perito Moreno, a temperatura externa foi baixando rapidamente. Quando deixamos o estacionamento da caverna, o termômetro marcava uns 6º C. Ao longo do caminho, baixou para 1º C, voltando a subir até chegar a 10º C quando chegamos à estrada principal. Imagina que doideira!
Depois de Bajo Caracoles, a estrada de rípio se alternou entre “em asfaltamento” e “de terra”, até chegarmos a Perito Moreno.
Devido ao cansaço da viagem e a toda a circunstância envolvida, nossa comemoração dos 13 anos de casamento foi apenas uma rapidinha antes de dormir, apenas para não deixar a data passar em branco.

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