22º DIA – 30.10.2009 –
6ª feira
(ARGENTINA: El Chalten - Perito Moreno)
O
dia hoje amanheceu lindo, caindo uma nevasca e o termômetro marcando 1º C. Como
era diferente para nós, achamos tudo lindo.
Tomamos
café e, sem perspectiva de melhora do tempo, achamos melhor cair na estrada e continuar
a viagem, pois desse jeito não seria possível caminhar, tirar fotos, etc, pois
molharia tudo.
Arrumamos as coisas e
deixamos o hotel às 10 h. Estava chovendo neve. Por isso, molhamos toda a
bagagem ao colocá-la no carro.
Nevava
muito e tudo estava branco. O Marcio estava receoso com a possibilidade de
deslizamento do carro caso houvesse gelo no asfalto. Teve uma hora em que o
carro parecia deslizar. Fiquei com o maior medo!
Nevasca em El
Chaltén – Reparem o rastro branco do limpador de pára-brisa -
Argentina
Viajando
sob nevasca, de El Chaltén para Perito Moreno - Argentina
Como
a claridade é intensa com a neve! Fica insuportável sem óculos escuro.
Tudo branco
com a neve – El Chaltén - Argentina
Pegamos
alguns trechos de terra e asfalto. Paramos na estrada para almoçar os sanduíches
que tinham sido feitos para a trilha que faríamos hoje e que não houve.
Quando
deixamos a área dos glaciares, entramos num trecho onde não tinha nevado nem
chovido. Depois começou a nevar intensamente de novo.
Passamos por duas
pessoas viajando de moto sob a neve caindo. Imagino o sufoco deles! De carro já
é ruim, imagina de moto! Deve ser uma tortura pelo frio e pela poeira, além do
risco de um acidente com um coelho ou outro bicho atravessando a estrada.
Viajante
corajoso, indo para El Chaltén de moto - Argentina
De
repente, começamos a sentir um cheiro forte de diesel dentro carro. Era um dos
nossos galões que estava vazando um pouco. A tampa dele tinha afrouxado com os
buracos e as lombadas da estrada de terra (rípio).
E
o Marcio insistindo em andar a 100
km/h . De vez em quando o carro derrapava. E eu vendo a
hora do carro rodar! São daquelas estradas que enganam. Parece uma pista de
corrida, mas de repente podem surgir costelinhas e irregularidades.
Tivemos
que parar para colocar o diesel dos galões no tanque. Ventava demais e foi
muito difícil fazer a operação. O casaco do Marcio ficou todo melado de óleo. Foi
uma merda!
Ventava pra cacete nessa hora – Estrada para a cidade de Perito Moreno -
Argentina
O
pior agora é ficar com o cheiro da roupa do Marcio dentro carro. Não tem jeito
de não carregar combustível extra, pois são lugares remotos e nem sempre tem
onde comprar.
Chegamos
ao povoado de Bajo Caracoles, onde
tem indicações para a Cueva de Las Manos,
patrimônio cultural da UNESCO.
Trata-se
de uma caverna pequena, onde foram encontradas pinturas de milhares de mãos,
com mais de 150 mil anos.
Paramos
num posto policial para obtermos informações sobre o caminho a tomar. Lá, vimos
uma Pick-Up Strada da Fiat que havia capotado,
com a placa da cidade de Turvo (SC), Brasil.
Perguntei
ao policial quando houve aquele acidente, e fiquei surpresa quando me respondeu
que tinha sido há dois anos, pois o carro estava novinho. Ele disse que o
proprietário nunca voltou para pegar o veículo.
Carro
brasileiro acidentado na estrada de rípio - Bajo Caracoles - Argentina
Eram
16h45, e perguntei se dava tempo para a visitação da caverna. Ele achava que
sim, pois a última seria às 18 h.
Tivemos
que andar rápido para conseguir chegar a tempo. Fomos por estrada de terra, com
ovelhas, guanacos, coelhos e emas como companheiros.
Eu
estava com tanto medo de acidente que nem conseguia curtir o trajeto. Chegamos
a um cânion marrom, contrastando com a vegetação rasteira e queimada pelo frio.
Parecia uma miragem!
Cânion na
chegada da Cueva de Las Manos – Bajo Caracoles - Argentina
No
caminho, passaram por nós três motos BMW, com aventureiros para lá de corajosos
por encarar aquelas adversidades. Eles estavam voltando da visita. O visual com
as motos é lindo, parecendo aquelas propagandas do Cigarro Malboro que passavam antigamente, com um cowboy.
Descemos
pelo cânion até chegar à administração do local. Lá, existe uma casa de madeira
para os guias ficarem. Tudo bem estruturado, com calefação a gás.
Estava
1º C quando chegamos. Em todos os lugares de visitação há banheiros, e estes têm
água quente para lavarmos as mãos.
Pagamos
AR$ 50,00/pessoa (US$ 15,16/R$ 25,00). A visitação durou 1
hora. Há visitas de hora em hora, das 9 h às 19 h. É bem elástica a
disponibilidade de visitação. Acho que pela distância do local para a cidade
mais próxima.
A
estrada de 44 km
existe só para o acesso à atração. Não há nada no caminho, exceto um pequeno
quiosque para venda de bebida e de empanadas. Na placa desse quiosque tem até suas
coordenadas de GPS pintada. Estava fechado na hora em que passamos.
A
caverna é interessante, com suas paredes cheias de pinturas de mãos, como se
alguém tivesse posto a própria e pintado ao redor dela com tinta spray.
Dentre
as mais de 400 mãos pintadas, de adultos e de crianças, menos de 40 são de mãos
direitas. As demais são das esquerdas, dando a entender que as pessoas eram destras.
Cueva de
Las Manos – Bajo Caracoles - Argentina
Fomos
guiados por uma técnica em turismo e por uma estagiária na área. Sempre
atenciosas, nos disponibilizaram informações sobre tudo.
De
acordo com a cor usada para a pintura, estima-se a data em que foi feita. Há
algumas com 8.000 anos de idade, e as mais novas com 1.300 anos. Para mim,
pareciam que tinham sido pintadas na semana passada, pelo estado de conservação
em que se encontravam.
As
mais conservadas encontravam-se em locais mais protegidos do vento e da luz.
Terminamos
a visita às 19 h.
Parecem
pichações com spray de adolescentes atuais – Bajo Caracoles - Argentina
Nós no ponto onde se inicia a visitação da Cueva de Las Manos – Bajo
Caracoles - Argentina
Depois
da visitação, seguimos viagem até a cidade de Perito Moreno, local previsto para o nosso pernoite.
Seguimos
quase todo trajeto pela RN-40, equivalente às nossas BR. Esse trecho está em
obra e em breve estará asfaltado.
Demos
azar de pegar vários trechos em terra ainda. É uma tristeza, pela poeira! O
nariz é o primeiro a reclamar. Espirramos muito com coriza. Temos usado sorine
direto.
Meus
dedos estão ressecados pelo frio do tempo e pelo calor da água dos banhos,
apesar de muito creme que tenho usado.
Quando
chegamos à cidade de Perito Moreno já eram mais de 21 h. A cidade é
fraquinha, mas tem cinco locais para hospedagem.
Ficamos
no Hotel Americano. Parecia o melhor
da cidade. Antes, tinha entrado em um onde havia um cara fumando na recepção.
Dei meia volta e voltei, antes mesmo de perguntar algo. Estava um fedor
desgraçado no ambiente.
O
fumo aqui na Argentina é uma praga! Em muito poucos lugares se pode respirar à
vontade. A briga contra o cigarro é bem recente por aqui.
O
local onde ficamos parece uma casa que ampliaram e transformaram em hotel. Demos sorte,
pois tem restaurante também. Apenas deixamos as malas no quarto e fomos comer.
Jantamos
peito de frango e salada mista, com cenoura, beterraba, alface, tomate e
pimentão. Este último ingrediente, se tivéssemos entendido o espanhol do
cardápio, teríamos pedido para não ser colocado.
Interessante
é que já eram quase 23 h, e a família dona do lugar estava jantando como de
fossem ainda 20 h. Até as crianças. Achei até que estávamos num fuso diferentes
do deles, mas não estávamos.
Estavam
também hospedados no hotel um casal da Suíça Francesa que havíamos vimos em Torres Del Paine (Chile) e em El
Calafate (Argentina). Eles também estão no carro deles,
uma pick-up Toyota Hilux modificada para a viagem. Parece um moto-home, com
suporte para laptop e tudo mais.
Assim
comemoramos o nosso 13º aniversário de casamento. Bem à La Clênia e El Marcio! Imagina:
sexo, drogas e rock and roll, debaixo da coberta, com o frio patagônico.
Acréscimos do Marcio
O tempo hoje foi
incrível! Tivemos amostra de quase tudo. Quando deixamos a pousada em El Chaltén estava
caindo uma nevasca, que nos acompanhou um bocado de tempo na estrada.
Depois veio o sol com o
céu bem azul, para voltar a nevar pouco mais adiante. Isso tudo, sempre
acompanhado de muito frio, mesmo nos momentos de sol.
Não abastecemos na saída
de El Chaltén, pois com a nevasca o sujeito do posto nem apareceu para nos
atender na bomba.
Como estava com uma
reserva de 40 litros
em galões, o tanque ainda estava com ¼ consumido e haveria um último posto pela
frente, deixei para lá.
Nosso último
abastecimento do dia foi feito a uns 100 km de El Chaltén, no povoado de Três
Lagoas. O preço lá estava mais caro que na cidade de onde saímos, mas ainda
assim muito mais barato que no Brasil. Completamos o tanque (70 litros ), e ainda
tínhamos 40 litros
de reserva nos galões, para os quase 600 km sem posto de combustível.
A partir dali acabou o
asfalto. Novamente estávamos em uma das estradas de rípio argentinas, em
direção à cidade de Perito Moreno.
Resolvemos parar para o
que seria nosso almoço do dia logo que se iniciou a parte de terra. Encostamos
e nos fartamos com nossos sanduíches e sucos.
Com a trepidação da
estrada, as travas das tampas dos galões se soltaram e elas afrouxaram,
deixando babar um pouco de diesel. Foi o bastante para feder tudo. Tenho que me
lembrar de, ao voltarmos para casa, providenciar uma trava para as travas.
Tivemos que continuar
rodando ainda por algum tempo antes de colocar o combustível no tanque, pois
ainda não havíamos consumido aquela quantidade contida nos bujões.
Quando pudemos parar
para essa tarefa, ventava tanto que foi um sacrifício fazer tudo. Como a Clênia
descreveu antes, acabei sujando o casaco com o pouco diesel que pingou do
bocal. Cavacos do ofício!
Seguimos viagem e
chegamos ao povoado de Bajo Caracoles, ponto de partida para a visitação da Cueva de Las Manos.
Quando terminamos a
visita e começamos a voltar para a estrada principal (de rípio), para
continuarmos a viagem até cidade de Perito Moreno, a temperatura externa foi
baixando rapidamente. Quando deixamos o estacionamento da caverna, o termômetro
marcava uns 6º C. Ao longo do caminho, baixou para 1º C, voltando a subir até
chegar a 10º C quando chegamos à estrada principal. Imagina que doideira!
Depois de Bajo
Caracoles, a estrada de rípio se alternou entre “em asfaltamento” e “de terra”,
até chegarmos a Perito Moreno.
Devido ao cansaço da
viagem e a toda a circunstância envolvida, nossa comemoração dos 13 anos de
casamento foi apenas uma rapidinha antes de dormir, apenas para não deixar a
data passar em branco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Minha primeira língua é o português (português do Brasil), mas entendo um pouco o espanhol e o inglês.
Registre aqui seu comentário ou sua dúvida, que eu tentarei responder o mais breve possível.
*******************************************************************
My first language is Portuguese (Brazilian Portuguese), but I understand a little Spanish and English.
Register here your comment or question. I will try to respond as soon as possible.
**********************************************************************************
Mi lengua materna es el portugués (Portugués de Brasil), pero entiendo un poco de Español e Inglés.
Regístrese aquí tu comentario o pregunta. Voy a tratar de responder lo más pronto posible.