18º DIA – 21.09.2012 – 6ª
feira
(PERU: Huarney
- Trujillo)
Acordamos às 6 h, tomamos café no hotel e às 8h20 deixamos Huarmey.
A Rodovia Pan-americana
está sendo duplicada neste trecho até Trujillo.
Como é bom não estarmos mais na altitude!
O céu estava azul, mas meio embaçado. Vimos no mar algumas
ilhas e muitos barcos pesqueiros.
Como têm montanhas de areia na estrada, e muitos caminhões!
Demos uma parada na Playa
Tortuga (tartaruga, em espanhol), no município de Casma.
O lugar é bem bonito, com areia escura, muitos barcos pesqueiros
e muitas aves. Parece um pouco, bem pouco, com Cinque Terre, na Itália, com as casas encravadas na montanha. Era
uma pena que a areia estivesse cheia de lixo e as ruas de cachorros vadios!
Vimos alguns pelicanos e gaivotas.
Playa Tortuga, no
município de Casma - Peru
Pelicanos na Playa
Tortuga - Peru
Playa Tortuga - Peru
Passamos por um super-susto na estrada. O bagageiro de um
carro que ia à nossa frente soltou-se com o deslocamento de ar de um caminhão
que passou em sentido contrário e voou em nossa direção. Por sorte não
estávamos tão colados e aquela coisa não veio no pára-brisa.
Atropelamos tudo e paramos, sob choque, para avaliar o estrago.
Um dos faróis de neblina foi quebrado e terá que ser trocado, pois é uma
exigência no Código de Trânsito da
Bolívia.
Farol de neblina
quebrado: o bagageiro soltou-se com toda a carga
O boboca do motorista do carro apenas ria, como se não
tivesse sido com ele. Um irresponsável sem tamanho, por transportar carga sem
segurança para os outros. Eu tremia inteira.
Substituímos o farol de neblina na cidade de peruana de Chimbote.
Os faróis novos custaram S/. 78,00 (US$ 30,23/R$ 61,98) e a mão-de-obra para a troca
mais S/. 20,00 (US$ 7,75/R$ 15,89).
A cidade de Chimbote parece ser violenta, pois todas as
lojas têm grades.
As buzinas dos taxistas chamando os passageiros era um saco!
O transporte público é deficiente e os taxistas fazem a festa, carregando mais
de um passageiro por corrida.
Deixamos Chimbote às 12h20 e pegamos um trânsito pesado até
a estrada. Para complicar mais, havia uma manifestação de professores nas ruas.
Acho que aqui tem tempestade de areia de vez em quando, pois
as cidades são encravadas nas dunas. Só de aguardar na oficina, respirando o ar
com o vento e poeira, os sintomas de rinite e tosse começaram. Imagino que um
asmático não pode visitar o Peru, nunca.
Seguindo dica do GPS, almoçamos em Virú, uma cidade
pesqueira e produtora de legumes e frutas, um pouco antes de Trujillo. Comemos no
Restaurante El Cañan.
Comemos bem, depois de um século só com macarrão e sopa. Fomos
de filé de congro com creme de aspargos.
O Restaurante El Cañan
pertence a um árabe, e no banheiro não tinha sabão para lavar as mãos. Movi
meio mundo para conseguir o tal do sabão e conseguir lavar minha mão.
Chegamos a Trujillo antes das 16 horas. Escolhemos o Hotel El Escudero, com nota 8,2 no Booking.com. A diária, com choro, caiu
de S/. 170,00 (US$ 65,89/R$ 135,08) para S/. 150,00 (US$ 58,14/R$ 119,19).
Após descarregarmos as malas, fomos visitar as Ruínas de Chan Chan, o maior complexo de
cidades de barro do planeta. Pagamos entrada de estudante, S/. 5,00 por pessoa (US$ 1,94/R$ 3,97).
Ruínas de Chan Chan, em Trujillo - Peru
Tudo é construído com barro – Ruínas de Chan Chan – Trujillo - Peru
Muralhas de barro em Chan Chan
– Trujillo - Peru
Maquete mostra como era
um dos ambientes de Chan
Chan – Trujillo - Peru
Depois, fomos ver o pôr do sol no Oceano Pacífico, na Playa de Huanchaco. Sensacional, com os
surfistas e as aves! Pena que havia lixo na areia!
Pôr do sol no Oceano
Pacífico, na Playa
de Huanchaco - Peru
Playa
de Huanchaco: ao fundo uma daquelas
montanhas dos Andes - Peru
Reparem o momento desta
foto! Playa
de Huanchaco – Peru
Está acontecendo um campeonato de surf em Huanchaco. Começou ontem e vai até amanhã.
Surfista treinando para o
campeonato – Playa de Huanchaco - Peru
Voltamos para o hotel, que fica a 11 Km de Huanchco, para nos prepararmos para o jantar.
A internet do hotel é bem rápida, e deu para atualizar todo
o Blog.
Esta cidade é jeitosa e se parece pouco com o Peru que temos
conhecido. Porém, as buzinas e a imprudência no trânsito são iguais. Trata-se de
uma selva, onde as pessoas estão em cavalos e a regra é “salve-se quem puder”.
Fomos de táxi jantar no Restaurante
El Mochica. Comemos corvina, um peixe de mar pescado aqui mesmo. Estava bom
e é a especialidade do lugar. Bebemos um vinho feito da combinação das uvas malbec-merlot, de 2009, peruano, de 4
meses em barril de carvalho.
Nosso vinho no jantar em
Trujillo, no Restaurante
El Mochica - Peru
Corvina à belle meunière,
especialidade do local – Trujillo - Peru
Acréscimos
do Marcio
O episódio do “bagageiro voador” foi foda
mesmo! Ele estava carregado com enfeites de uma festa folclórica daqui, e foi
tudo praticamente destruído.
Mesmo nosso carro sendo alto, o impacto
ainda quebrou um dos faróis de neblina, que estavam instalados na parte
inferior da grade dianteira.
Almoçamos no meio da estrada, no El Cañan
(Pan-americana Norte, Km 519,9 – Virú – virugourmet_2006@hotmail.com).
Apesar da falta de sabão para as mãos, o local era amplo e tinha até Wi-Fi.
No retorno da Playa de Huanchaco para o
hotel, sofremos com o trânsito caótico do Peru: motoristas e pedestres
totalmente mal-educados (em relação, inclusive, ao Brasil). As buzinas são uma
constante. Parece não existirem regras. Foi estressante dirigir de volta ao
hotel naquele horário de rush!
Observação interessante: tanto aqui no Peru quanto no Chile e na Argentina (locais
onde já estivemos), os postos de combustíveis não têm à disposição do cliente
mangueira com água para lavagem de vidros e/ou de outras coisas mais. Tudo é feito
com aquela esponjinha molhada com sabão e com o pequeno rodo do verso. Como
nossos vidros, janelas e retrovisores estão sempre muito sujos, enchemos com
água as nossas garrafas plásticas usadas e os lavamos enquanto o abastecimento
de combustível é feito.
19º DIA – 22.09.2012 – Sábado
(Peru: Trujillo
- Piúra)
Acordamos às 5h30 com pessoas falando e fazendo barulho.
Tomamos o café da manhã na companhia de um gaúcho, o Gabriel,
que é da área de couros e tanantes e está na cidade a trabalho.
Falei-lhe que este curso havia na minha cidade, Campina
Grande (PB), e ele disse que o curso de lá foi o segundo a ser criado depois do
do Rio Grande do Sul.
Ele contou que morou 12 anos no Chile na época do General Pinochet,
e que aquele período foi muito difícil. Hoje o Chile está outra coisa.
Falamos sobre a pobreza em que o Peru vive, assim como o
Brasil, sobre a poeira e, claro, sobre o trânsito caótico generalizado no país.
Ele contou que o governo tem estimulado a atividade de mineração,
e que de um tempo para cá tem entrado mais dinheiro no país. A coisa está “menos
pior” agora. Citou o exemplo da cidade peruana de Arequipa, que deu um salto na
economia de uns quinze anos para cá.
Os funcionários do hotel são muito atenciosos o tempo todo.
O Luiz e a Nelly conversaram bastante conosco. Ambos acharam legal estarmos de
carro pelo Peru, desde Brasília.
O café da manhã foi servido no segundo andar, pois a área normalmente
utilizada para essa finalidade estava sendo ocupada por um evento. Era uma
seleção para empregos em um shopping que será criado na cidade. Trinta jovens
conseguiriam vagas, e isso era bom, já que o nível de desemprego está alto.
A economia por aqui gira em torno do turismo, da agricultura
de frutas, da cana-de-açúcar e de verduras, da pesca e da produção de cevada
para fabricação da cerveja de Trujillo. O solo peruano é rico em potássio e
calcário, o que, segundo eles, faz a cevada daqui ser diferente e de boa
qualidade.
Em todos os hotéis o café da manhã é bom. Há suco de mamão
igual ao nosso, pães gostosos e café normal.
O café de Huarmey e o daqui têm sido servidos de forma diferente.
Chamado de café peruano, é servido bem concentrado e frio num pequeno bule,
para ser diluído numa xícara com água quente. No fim, fica com o sabor do nosso
café coado.
O Marcio utilizou o Skype
para ligar para o Brasil, aproveitando o bom sinal do Wi-Fi do hotel. Comodidade total por R$ 0,13/min (US$ 0,06).
Este foi o melhor quarto da viagem até agora. A suíte tinha
garagem privativa, e nos sentimos em casa com o carro do lado. Aproveitamos a
comodidade e reposicionamos as malas no porta-malas, para otimizar o espaço.
Às 8 horas deixamos Trujillo. Saímos pelo caminho das Ruínas de Chan Chan e logo estávamos na Rodovia Pan-americana.
Várias vezes quase batemos o carro nas ruas. Nem vou mais
falar disso de tão irritante que é. Já bastou ontem que, de dentro do táxi para
o restaurante, vimos de outro ângulo o que é o trânsito peruano.
Demos muita sorte com o tempo que fez ontem e que garantiu
boas fotos do pôr do sol. Hoje já estava bem nublado.
Paramos no povoado de Guadalupe para comprar bananas e água.
Eles enfiam a faca quando vêem o carro. Pela água de 1,5 litro , que custa S/. 2,50
(US$ 0,97/R$ 1,99), queriam me cobrar S/. 4,00
(US$ 1,55/R$ 3,18). Tem que ter cuidado
para não ser “assaltado”.
Avistamos muitos moinhos de arroz. A produção aqui é grande.
Há muitas áreas irrigadas.
Lanchamos empanadas de carne deliciosas, compradas ontem numa
padaria em Huanchaco. Ela
ficava de frente para a praia e tudo lá era gostoso. Um bom lugar para
aproveitar o pôr do sol no Oceano Pacífico, lanchando.
Na cidade de Chiclayo dobramos à esquerda para a Reserva Privada Chaparrí. A sinalização
é boa e o GPS também ajudou. Soubemos deste lugar graças a um programa do Globo Repórter.
Antes da Reserva, paramos num povoado para comprar os
tickets. Demos muita sorte por conseguir fazer a visita, pois não tínhamos
feito reserva para o guia, e esse acompanhamento é obrigatório.
Pagamos S/. 10,00 por pessoa (US$ 3,88/R$
7,95)
pela entrada e mais S/. 50,00 (US$ 19,38/R$ 39,73) pelo guia. O valor
cobrado pelo guia é para grupo de 1
a 10 pessoas.
Do povoado, seguimos com uma funcionária por mais 14 Km até a entrada da Reserva.
De lá, ela voltou para o povoado em outro carro, e nós começamos a visita com o
guia Pedro. Ele tinha acabado de finalizar a visita de outro grupo.
Reserva
Chaparrí: nós com o guia Pedro - Peru
O lugar é quente e seco. Só chove de dezembro a março. Em
anos de la niña é certo que haverá seca
pelos anos seguintes.
Caminhamos por 2 horas e meia, debaixo de um sol e com um calor
de mais de 30° C.
Passamos pelos bosques secos, um pouco parecidos com o nosso
cerrado. Eles são assim chamados, pois na época das chuvas as folhas das
árvores secas reaparecem.
Vimos várias aves, uma delas vermelha.
Pássaro
vermelho (Barão do Melgaço ou Pyrocephalus Rubinus) – Reserva
Chaparrí - Peru
Na Reserva, há dois projetos em andamento: o do urso de óculos (oso de anteojos) e o do pavão
preto de asas brancas.
Vimos o urso de óculos
preso numa área grande e sendo adaptado para sobreviver quando for solto na
natureza.
Outros animais também são observados/estudados na Reserva, graças
a câmeras fotográficas doadas por entidades alemães de Frankfurt, como parte de
um projeto. Elas são ativadas por calor e pelo movimento.
Vimos algumas fotos muito boas obtidas com esse equipamento.
Têm havido registros de puma, de tigre andino, de tamanduá e
de gato andino.
Pava Aliblanca na Reserva Chaparrí - Peru
O urso de óculos (ou urso
andino) na Reserva
Chaparrí - Peru
Parece mesmo que está de óculos!
Puma fotografada pelas câmeras sensíveis ao calor e ao
movimento
Outro exemplar dos
habitantes da Reserva
Chaparrí - Peru
O guia Pedro mostrando a
câmera alemã sensível ao calor e ao movimento
A visita à Reserva vale a pena! O circuito é pequeno e leve.
O guia fez o percurso bem lentamente e falou devagar. Ele
tem 72 anos e está envolvido com o projeto da Reserva desde que foi criado, há
12 anos.
O local pertence à comunidade, e 400 pessoas são membros da Reserva.
A proteção é total, e percentuais pré-estabelecidos de toda a
arrecadação são gastos com saúde, educação e segurança.
O urso de óculos é
encontrado desde a Venezuela até a Bolívia, e é herbívoro. Mesmo assim, cruzar
com um bicho desse pela frente não deve ser nada tranqüilo. Ele tem mais de 1 metro quando está de pé. Na
reserva estão catalogados 25 deles.
Às 16 horas deixamos a Reserva e o visual do Cerro Chaparrí, com algumas árvores
secas floridas.
Vegetação encontrada na Reserva Chaparrí - Peru
Ao sairmos da Reserva, fomos conhecer o Reservorio de Tinajones, que é alimentado com água das chuvas.
Funciona como ninhal para algumas aves e abastece a população local.
Reservorio de Tinajones -
Peru
Voltamos para Chiclayo e pegamos a Rodovia Pan-americana em direção ao Equador.
Fomos premiados com mais um pôr do sol dos deuses.
Pôr do sol na Rodovia Pan-americana - Peru
Pelo avançado da hora, o pernoite de hoje ainda será ainda
no Peru, na cidade de Piura.
Estamos bem cansados, apesar de não termos rodado muito -- cerca
de 500 Km .
No trecho de hoje pagamos 3 pedágios, no valor de S/. 9,60 cada
(US$ 3,72/R$ 7,63). Muito caro para uma
pista que não é nem duplicada!
Em Piura, optamos pelo Hotel
Río Verde, depois de visitarmos antes outros seis bem vagabundos. Essa
qualidade toda custou-nos S/. 219,55 (US$ 85,10/R$ 174,45) o pernoite.
Jantamos calzone na Pizzaria
Valentiere, localizada bem perto do hotel.
O dono da pizzaria nos serviu um limoncello, um licor de limão comum na Itália.
Acréscimos
do Marcio
A Reserva Chaparrí fica nas coordenadas S 06° 32.411’ e W 079° 28.428’,
na altitude 459 m .
Lá, eles cuidam dos
animais até que estejam prontos para serem soltos na natureza. Com relação ao urso de óculos que vimos (com 3 anos de idade), Pedro
disse que o colocaram com um outro, mais velho, para que ele aprendesse a
cuidar do território e a se impor.
Resolvemos seguir até a
cidade de Piúra para o pernoite. A Rodovia Pan-americana é uma reta só, mas sempre que se chega a alguma cidade/povoado a
estrada passa por dentro dela, o que torna esta parte lenta e estressante.
Em Piura, encontramos o
mesmo caos das demais cidades, com trânsito caótico, muitas motokars e buzinas
até encher o saco.
Gastamos mais de uma
hora procurando hotel para o pernoite. Os melhores eram caríssimos; os outros,
ruins demais. Não havia meio termo. Tivemos que gastar mais um pouco para
ficarmos bem acomodados.
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