34º DIA – 07.10.2012 – Domingo
(PERU: Puno
– BOLÍVIA: La Paz )
Esta foi mais uma noite terrível, com falta de ar e com dor
na cabeça. Ainda bem que já estamos quase no terceiro dia nesta altitude e logo
nos adaptaremos. Para mim têm sido necessários 3 dias para aclimatar.
O Marcio está com diarréia de novo. Acho que foram as empanadas
que comemos ontem.
Hoje no café da manhã havia um grupo grande de turistas e o
restaurante do hotel estava lotado. Todos pernoitam aqui em Puno para fazer o
passeio de dia inteiro que fizemos ontem pelo Lago Titicaca.
Alguns
vêm da vizinha Bolívia ou da cidade peruana Chivay.
Para quem está na Bolívia, a opção de passeio é a partir da
cidade de Copacabana, a 165
Km de La
Paz. É perto, mas precisa de um pernoite, pois os passeios no
lago levam todo o dia.
Finalmente chegou o dia de deixar o pré-histórico e empoeirado
Peru!
Antes das 8 h deixamos o hotel e a cidade de Puno rumo a La Paz , distante 300 Km .
Fomos beirando o imenso Lago
Titicaca em quase todo trecho de Puno até a fronteira com a Bolívia.
Lago
Titicaca: sempre à nossa esquerda, de
Puno até Desaguadero
É inegável a importância deste lago para a população. Apesar
de poluído, tem fauna abundante. Vimos vários cercados para criar peixes e muitas
aves que se alimentam ali.
É interessante ver montanhas com quase 5 mil metros de
altura aparentarem ser baixinhas, pois já estamos a 4 mil metros, restando apenas
mil para o cume delas.
Não parece tão alta, mas
está a mais de 5.000 m
sobre o nível do mar - Peru
Chegamos à fronteira, na cidade peruana de Desaguadero.
Adeus Peru!
Antes de sairmos do Peru, fomos abordados por um agente da
prefeitura dizendo que tínhamos que pagar S/. 5,00 (US$
1,94/R$ 3,97)
para prosseguir a viagem.
Achei estranho e fui ao posto policial ao lado, expliquei o
que estava havendo, ele foi ao carro onde estava o tal agente e nos disse que
era um pedágio.
Ainda achando estranho, por ser um valor pequeno, troquei US$
1,00 na casa de câmbio em frente, pagamos e seguimos.
Cruzamos uma ponte sobre o Lago Titicaca e já estávamos na Bolívia.
Lago
Titicaca visto da ponte na fronteira
Peru/Bolívia
Fizemos a aduana do carro e a nossa migração no mesmo
prédio. Essa é a aduana mais “suja” que eu já vi!
Foram exigidas cópias da carteira de motorista, do
passaporte, do carimbo de entrada no país e do documento do carro.
O local que tirava fotocópia estava fechado.
Enquanto o Marcio vigiava o carro, voltei a pé até o Peru e tirei cópias. Antes, troquei US$ 5
para pagar as fotocópias.
Na aduana boliviana,
aguardando os trâmites
Logo após o desembaraço na fronteira, fomos parados pela
polícia, que não perdeu a chance de pedir propina. A prostituição é tão grande,
que o policial preferiu receber uma lata de Guaraná
Antártica a moeda deles, o boliviano.
Finalmente seguimos para La Paz , que estava a 110 Km da fronteira, com uma
hora a mais no fuso horário.
Ainda fomos parados novamente, dessa vez por uns guris do
exército. Um deles pediu o passaporte do Marcio, enquanto outros, sem nos
avisar, abriram a porta traseira do carro e começaram a olhar o que estava
sobre o banco.
Dizem que é nesta hora que eles colocam drogas no carro para
incriminar as pessoas.
Chegar a La Paz
foi uma graça, pois é uma confusão total o trânsito de carros e de pessoas.
Trata-se da capital mais alta do mundo, a 3.600 m , e por conta disso
não têm árvores. É tudo meio cinza.
Periferia de La Paz: trânsito caótico e aparentemente sem regras - Bolívia
Nunca vi bagunça maior na minha vida! De cara, entramos por
uma feira repleta de vans.
Fiquei literalmente atordoada e o GPS também. Finalmente, o
equipamento se achou no caminho para um hotel dos mais caros, segundo o guia de
viagem. Para não corrermos o risco de nos darmos mal, fomos.
O hotel é o El Rey Palace.
Antigo, porém completo, bem localizado e fora da bagunça. A diária ficou em Bs.
589,90 (US$ 85,00/R$ 174,25).
Vista da janela do nosso
hotel: parte velha do centro de La
Paz - Bolívia
Fomos a um supermercado próximo para comprar algumas coisas,
mas voltamos logo, pois o Marcio ainda está com diarréia. Deve ser a comida ou
a água, mesmo mineral, que pode ter composição diferente e lascar tudo.
Ficamos no hotel e assistimos à novela Gabriela, pela
internet. No quarto, há Wi-Fi de boa
qualidade. Estávamos atrasados em vários capítulos.
Jantamos também aqui no hotel, e amanhã exploraremos mais a
cidade, que me causou uma reação muito negativa.
A parte onde estamos parece um buraco, cercado por uma
grande favela, com casas sem pintar de dois pavimentos.
Vista noturna de La Paz , a partir da janela do
nosso quarto - Bolívia
Acréscimos
do Marcio
Logo após a fronteira,
fomos parados pela polícia boliviana, para registrar novamente a entrada do
carro.
Ao final dos
procedimentos, quando eu já estava saindo, o sujeito que me atendeu disse que
eu teria que pagar pelo serviço. Quando lhe perguntei quanto era, ele respondeu
com outra pergunta: quanto você tem?
Aí, percebi que o
serviço era gratuito e que ele queria mesmo era levar algum dinheiro meu.
Respondi que tinha
acabado de entrar no país e que ainda não tinha trocado o dinheiro. O pouco que
possuía seria utilizado para comprar combustível.
Tudo mentira! Eu achei
aquilo um absurdo e não queria contribuir.
Propus que o agrado fosse uma latinha de Guaraná Antártica, refrigerante
tipicamente brasileiro e concorrente da Coca-Cola no Brasil. Disse-lhe que
sempre trazia algumas comigo para presentear autoridades como ele ao longo da viagem. Aceitou sorrindo.
Desde 2008, quando fomos
até o Deserto do Atacama - Chile, eu sempre carrego na bagagem umas 24 latas de
Guaraná Antártica para presentear pessoas que nos atendem bem ao longo das
viagens. Todos adoram, principalmente porque não existe à venda em nossos
países vizinhos.
A estrada até La Paz se parece com as nossas,
com nítida percepção que não são feitas para durar, diferentemente do que
percebemos no Peru.
A chegada foi um caos. O
trânsito caótico, procissão, ruas estreitas, etc. Depois de muito estresse,
chegamos ao hotel. Minha diarréia voltou!
35º DIA – 08.10.2012 –
2ª feira
(BOLÍVIA: La Paz )
Hoje foi um dia diferente: cinza!
O hotel serve o café da manhã no sistema buffet, porém, segundo eles, é um café
americano. Não entendi. Mas havia o suficiente, como pães, queijos e cereais,
dentre eles a quinoa.
O Marcio foi à Concessionária Toyota e ao Banco do
Brasil, ambos perto do hotel.
Eu fui à lavadora de roupas, também bem próximo ao
hotel. A cobrança foi por quilo.
Fiz a unha, também perto do hotel, na Praça do Estudante, mas não recomendo o
local para ninguém. O salão era feio e do século passado. A manicure tremia e
perguntou se era para tirar as cutículas. Já fiquei achando esquisita a
pergunta. Aí fui eu quem começou a tremer com medo de bifes.
Mas acabou tudo bem. Fiquei aliviada quando saí de
lá.
De lá, peguei um táxi na rua e fui ao melhor
shopping da cidade, o Norte. Paguei Bs.
6,00 (US$ 0,86/R$ 1,77). A cobrança é pela corrida e não há taxímetro, assim como no Peru e no Equador.
Quando cheguei, fiquei chocada com o que vi. Tem
cara de shopping dos anos 70, e ainda por cima é permitido fumar lá dentro. Acreditem!
Rapidamente saí de lá e fui ao Café em frente, na esperança de tomar um cafezinho sem sentir cheiro
de cigarro. Mas descobri que também lá é permitido fumar, exceto de meio-dia às
14 horas. Fora desse horário de almoço as pessoas têm que aturar o cigarro.
Café com palmier: fugindo do
cigarro – La Paz
- Bolívia
Decidi voltar a pé para o hotel, pois ficava a apenas
algumas quadras e era uma chance de ver mais de perto o que é La Paz.
Vi os prédios do Banco Central e da Vice-presidência
e um obelisco que homenageia o soldado
desconhecido.
Obelisco do soldado
desconhecido – La Paz - Bolívia
Banco Central boliviano - La Paz - Bolívia
Prédio da Vice-presidência
boliviana – La Paz
– Bolívia
Avistei a agência do Banco do Brasil em meio ao caos
do trânsito daqui.
Trânsito de La Paz - Bolívia
Agência do Banco do Brasil em La Paz : prédio antigo e
bonito – Bolívia
Passei por um cartaz com preços de exames
ginecológicos: uma pechincha!
Ecografia ginecológica por Bs.
75,00 (US$ 10,81/R$
22,15) – La Paz - Bolívia
Voltei para o hotel o Marcio já tinha voltado
também. Almoçamos no restaurante do hotel.
Huari, tradicional cerveja
boliviana
Filé com cogumelos (hungos):
Hotel El Rey Palace – La Paz
- Bolívia
Após o almoço, saímos para conhecer Chacaltaya, a montanha nevada mais perto
de La Paz (30 Km ), com 5.421 m de altura.
Deixamos o centro de La Paz , onde fica o hotel, e subimos
até uma área residencial mais alta, conhecida como El Alto, com cara de favela e com as casas sem reboco e sem pintura.
O caminho já foi estressante, com o trânsito triste
de ruim. São inúmeras vans buzinando como vespas na sua cabeça.
Para completar, o carro não está muito bom. Quando
está frio, engasga como quando estava com problema na bomba injetora. O Marcio
não quer mais voltar à Concessionária Toyota e diz que só resolverá o problema em Brasília. Ele diz
que o defeito é uma combinação de frio, altitude e combustível. O fato é que estou
insegura de andar na montanha deste jeito.
Deixamos o asfalto e seguimos por uma estrada horrorosa
de terra. De repente, o tempo fechou e uma grande nuvem de chuva cobriu o mundo.
Desabou um aguaceiro acompanhado de neve e escureceu tudo. A temperatura
despencou dos 16° C para inacreditáveis 1,7° C.
Começamos a voltar, e ainda bem que chegamos ao
hotel sem problemas. O trânsito estava mais tranqüilo, pois muitas lojas
estavam fechadas às 15 h. Pode ser que, assim como na Argentina, aqui também haja
a siesta e o comércio só reabra às 16
horas.
Quando chegamos ainda chovia, mas depois passou. O
frio permaneceu, e na cidade, a 3.800
m , estava 6 ° C. Muiiito frio!
Fomos ao mercado comprar sanduíches, suco e água,
pois amanhã teremos uma aventura daquelas. Deixaremos La Paz , para minha alegria, e
iremos para um Parque Nacional do Nevado Sajama,
a 200 Km
daqui. Tentaremos ficar no único hotel do lugar, o Tomarapi Ecolodge.
Liguei para uma agência de turismo que faz passeios
completos de La Paz
para lá, mas eles não faziam reserva só para a hotelaria. A Paola, funcionária da
agência, foi gentil e tentou me ajudar passando o telefone da operadora que faz
reserva só de hotéis, mas ninguém atendeu. Será uma incógnita se conseguiremos,
ou não, a hospedagem. Caso não consigamos, iremos para a cidade de Oruro.
Por sugestão do Sávio, colega do Marcio do Banco do
Brasil daqui de La Paz ,
fomos jantar num bairro chique daqui, a Zona Sul, no Restaurante La
Tranquera , que fica no térreo Apart Hotel Camino Real. Fomos de táxi.
Esse bairro residencial é mais moderno do que a
parte central onde estão o nosso hotel e as atrações históricas.
O restaurante é bacana. O sistema de funcionamento
é o seguinte: escolhendo-se um dos pratos do variado cardápio, temos incluído os
acompanhamentos de um buffet, que
contempla batatas variadas, arroz, salada e sobremesa.
Eu escolhi filé de alpaca e o Marcio filé de
surubim.
O peixe servido não era nada filé. Veio uma baita
posta. Eu falei com o garçom que queria trocar por outro filé de alpaca, e
assim ele o fez.
Deu certo e comemos bem. Para sobremesa, escolhi
mouse de amora, que eu nunca tinha visto. Muito bom!
Bebemos um vinho boliviano. Isso mesmo, boliviano,
feito no sul do país. Era um Cabernet-merlot
de 2007 e aindda estava bom. Tinha 13%
de álcool, diferentemente do que tenho visto nos supermercados, com gradação mais
baixa.
Pagamos bem barato pelo jantar com tudo isso: Bs.
258,50 (US$ 37,25/R$
76,36).
Restaurante La Tranquera , no Aparthotel Camino Real – La Paz - Bolívia
Sopa
de banana – Restaurante La Tranquera – La
Paz - Bolívia
Vinho boliviano no jantar no Restaurante
La Tranquera – La
Paz - Bolívia
Voltamos também de táxi para o hotel. Pagamos pela
ida e volta apenas Bs. 40,00 (US$ 5,76/R$ 11,82).
Saí com uma impressão um pouco melhor de La Paz. Se tivéssemos nos
hospedado naquele bairro, como teria sido? Não sei se melhor.
Acréscimos
do Marcio
Passei no Banco do
Brasil para conhecer o colega Eduardo, que me ajudou na etapa do planejamento
da viagem enviando-me pelos Correios o mapa rodoviário da Bolívia.
Para minha surpresa, ele
já havia retornado ao Brasil. Foi substituído pelo Sávio, que ainda não tinha
chegado.
Em vez de esperar, resolvi
passar na Concessionária Toyota – que ficava quase em frente ao Banco -- para
comprar algumas peças que estivessem com preços mais baratos que no Brasil. Comprei
apenas pastilhas de freio e buchas da barra estabilizadora dianteira. Havia
outras, mas seus preços estavam muito próximos dos nossos.
Voltei ao Banco e
conversei por um bom tempo com o Sávio. Ele contou que por aqui não há
violência urbana e que a própria comunidade se encarrega de punir o infrator.
Quando isso acontece, penduram um boneco no poste (como nosso Judas), em sinal
de que resolveram uma irregularidade.
Fui à manicure, que
surpreendeu com a excelente qualidade (bem diferente da experiência da Clênia).
O salão era mixuruca, mas a senhora fez cada mão umas 5 vezes, passando
pedra-pomes, lixando e retirando a cutícula. Ficou ótimo!
O nome do salão: Salón de Belleza Royni, na Av. 20 de octubre, Edifício Jazmín nr.
2019 local # 3, entre Aspiazu y J.J. Pérez. Tel: 242-2960. Nome da
manicure/proprietária: Rocio Salazar de Aldama.
Na ida de táxi para a
Zona Sul para o jantar, subimos e descemos várias ruas até chegarmos à parte
mais organizada da cidade, com residências bonitas e boas, onde mora a classe
média e a abastada de La Paz.
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