DESFECHO
Das
três viagens que fizemos pela América do Sul em nosso carro (2008, 2009 e
2012), esta foi sem sombra de dúvida a mais estressante, mas será a que mais
coisas a respeito teremos para contar aos amigos.
No
trecho de Brasília (DF) até a fronteira com o Peru, na cidade de Assis Brasil
(AC), pudemos acompanhar pela janela do carro a alteração da paisagem a cada
dia. Partimos olhando o cerrado e
cruzamos a fronteira com a floresta
amazônica nos olhando.
Também
o preço do combustível foi aumentando bastante à medida que a paisagem se
alterava. Quando chegamos a Assis Brasil (AC) já estávamos pagando R$ 2,80 (US$ 1,37) pelo litro do diesel, enquanto em Brasília (DF)
estava a R$ 2,14 (US$ 1,04), uma diferença de
30,84%.
Pouco
depois de entrarmos no Peru já começamos a conviver com grandes altitudes e a
ver montanhas com neve.
A
temperatura baixou de 38° C para 5° C em um intervalo de tempo curtíssimo. Casacos,
gorros e luvas deixaram as malas e passaram a fazer parte do nosso vestiário
diário.
Aí,
tivemos o problema com o diesel contaminado da cidade peruana de Puerto
Maldonado. Carro internado em Cuzco, preocupação e despesa (grande) inesperada.
Tudo
se resolveu e seguimos vendo coisas maravilhosas e nos deparando com situações
pitorescas. Comidas e costumes estavam nos surpreendendo, algumas vezes de
forma um pouco desconfortável. Mas curtimos as novidades e as gravamos em
nossas memórias.
Passeamos
por Cuzco e por seus arredores, conhecemos a famosa Machu Picchu, com suas
ruínas cheias de histórias e teorias.
Vimos
a maior concentração de aves marinhas até então encontrada por nós, nas Islas Ballestras, na costa da cidade
peruana de Paracas. Sensacional!!
Vimos
lagos com incríveis águas azuis na Reserva
Nacional Huascarán. O Cerro Huascarán,
com seu cume nevado, é incrível!
Conhecemos
o Urso de Óculos (Oso de Anteojos) na Reserva Chaparrí.
Voei
sobre as Linhas de Nazca – e quase
vomitei (Clênia amarelou e ficou em terra).
Vimos
os condores no Valle del Colca.
Navegamos
pelo Lago Titicaca em barco feito de totora.
Então,
tivemos outro problema com combustível. Dessa vez no Equador, na cidade de
Riobamba. Não foi picaretagem, mas um engano do frentista: ele encheu nosso
tanque (carro a diesel) com gasolina.
Nova
internação e mais estresse, despesa (um pouco menor que a anterior) e atraso de
um dia no nosso cronograma. O lado positivo: enquanto aguardava o conserto ser
concluído, a Clênia conheceu no hotel pessoas que deram dicas sobre passeios no
Equador.
Registramos -- com uma foto do GPS – o momento em que
cruzamos a Linha do Equador.
Conhecemos um pedacinho da Amazônia do Equador, no passeio que fizemos até a cidade de Puyo: florestas
densas e bem próximas ao mar e a montanhas nevadas.
Vimos vários vulcões: Cotocachi,
Tungurahua, Altar e Chimborazo.
Caminhamos um pouco na trilha de acesso ao Vulcão
Chimborazo, a mais de 4.000
m de altitude (como cansava!!). Conhecemos o abrigo
utilizado pelos alpinistas que o desafiam.
Andamos de trem na cidade de Alausí. Fomos até o Nariz do Diabo, um passeio agradável
pelas montanhas equatorianas.
Entramos na Bolívia. Lá, fomos abordados diversas vezes por
policiais que deveriam nos proteger e orientar, mas que em vez disso estavam
sempre querendo algum dinheiro. O país parece que está vivendo uma revolução
comunista velada. A todo momento éramos parados para algum tipo de “controle”.
E o abastecimento de combustível na Bolívia? Não era qualquer
posto que tinha autorização para vender para veículo estrangeiro. Os que
tinham, cobravam o triplo do preço praticado para os nativos. E a coisa era
oficial!!! Outro estresse!
Mas a paisagem que encontramos no país de Evo Morales era
desbundante!
O Parque Nacional Sajama
e as montanhas nevadas que avistamos por lá são inesquecíveis: vulcões Sajama, Parinacota e Pomerape.
O Salar de Uyuni e
o circuito que fizemos de lá até o Chile também não ficam nada a dever em
belezas naturais: a Isla del Pescado,
o Salar de Chiguana, o Vulcão Ollague, as Lagunas Cañapa, Hedionda, Colorada e Verde, a Árvore de Pedra e o Deserto
de Siloli. Fantásticos!
Após a cidade de Uyuni não nos deparamos mais com “as
autoridades bolivianas” querendo fiscalizar alguma coisa. Aí, pudemos esquecer
o estresse e aproveitar as paisagens e as pessoas que conhecemos logo após o
povoado de San Juan – o motorista William, a guia (não me recordo seu nome) e
seus turistas franceses.
Quando começamos a nos aproximar da fronteira com o Chile, o Vulcão Licancabur começou a nos
acompanhar na janela direita do carro.
Estávamos com um bom planejamento. Os 689 Km que separam os
povoados de Uyuni (na Bolívia) do de San Pedro de Atacama (no Chile), sem posto
de combustível, em nada nos preocupou: havíamos levado um galão que foi
abastecido com 15 litros
no último posto. E olha que não poderíamos ser socorridos por nenhum dos vários
veículos de turismo que nos acompanhavam, pois eram todos movidos a gasolina
(jipes da Toyota e da Lexus, com motores V-6).
Na volta para casa, cruzamos um pedaço do Chile e da Argentina
já conhecido nosso da viagem de 2008.
Aproveitamos a passagem pela Argentina para comprar alguns
vinhos na cidade de Cafayate (Província de Salta), para tomar sorvete do Fredo e para comer alfajores de chocolate
com doce-de-leite. Os lácteos argentinos são insuperáveis!
Não poderia deixar de registrar que a Clênia foi uma
excelente companhia, amorosa (na maior parte do tempo), atenta a tudo, hábil
negociadora nos hotéis e exímia operadora de mapas e GPS. Reclamou pouco e
trabalhou muito. Espero tê-la ao lado em todas as viagens que ainda faremos.
Agora é encontar os amigos e compartilhar com eles nossa
aventura deste ano de 2012, que foi inesquecível.
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