15º DIA – 18.09.2012 – 3ª
feira
(PERU: Lima
- Huaraz)
Às 8h15
deixamos o hotel e seguimos pela via expressa por um congestionamento imenso.
Observando
aquilo, percebi que não é a existência de um corredor central para ônibus que
resolve o problema de trânsito caótico, mas, sim, retirar os carros das ruas,
com as pessoas trabalhando perto de onde residem. Somente quando formos para o
trabalho a pé ou de bicicleta o problema será solucionado.
Bom,
não sei como conseguimos deixar Lima sem bater o carro. Taxistas não dão mole
para ninguém. A política reinante é a do "salve-se quem puder".
Eu
já estava nervosa com tanta buzina e poluição. O policiamento fica louco,
apitando o tempo todo para tentar agilizar as coisas, numa guarita no meio dos
cruzamentos ou mesmo no asfalto.
Policial feminina em guarita no
cruzamento: sem sucesso no controle do trânsito – Lima - Peru
Vimos
muitos carros novos, mas parece que a frota em geral é velha e poluente.
Não
posso esquecer das motos e das bicicletas adaptadas para levar 4 passageiros e
outras coisas mais na parte à frente do piloto. Nunca vi isso!
Moto adaptada para o transporte de carga – Lima - Peru
Em toda
a periferia vemos muito lixo e casas inacabadas (sem o reboco). Segundo nos
informaram, é para não pagar (ou pagar menos) imposto.
Imóveis inacabados para pagar menos impostos – Lima - Peru
Com
muita sorte saímos ilesos da capital peruana, rodando 33 Km em quase uma hora.
Garanto
que este caos ainda não ganhou do trânsito do Cairo (Egito) e muito menos do de
Nairobe (Quênia), esta última, a campeã.
Seguimos
pela Rodovia Pan-americana, uma
estrada excelente e rápida, privada, com 2 pontos de cobrança de pedágios, que
custavam S/. 6,10 cada (US$ 2,36/R$ 4,85).
Rodovia Pan-americana: trecho de Lima para Huaraz - Peru
Há
muitas áreas de agricultura familiar ao longo da estrada, que fica entre o
Oceano Pacífico (à esquerda) e as montanhas de areia (à direita), pois estamos
indo para o norte do Peru.
Aproveitei
para continuar lendo, em PDF e no Smartphone, o livro 50 Tons de Cinza. Tenho me divertido com as experiências da ingênua
Anastácia e o dominador Mr. Grey. Sem mais comentários.
Num
determinado ponto viramos na Rodovia PE-16, rumo à cidade de Huaraz.
Logo
após a mudança de rodovia, novo pedágio, que custou S/.7,50 (US$ 2,91/R$ 5,96). Aproveitamos para usar o sanitário. O vaso
devia estar uns 10 cm
abaixo da altura normal para nós.
Perto
do meio-dia, paramos no povoado de Chasquitambo para almoço. O lugar fica no
meio das montanhas, mas ainda abaixo de 1.000 m .
Restaurante Yazzuri, em Chasquitambo, entre Lima e Huaraz -
Peru
Quase
todo trecho beira o Rio Fortaleza e
têm muitas fruterias.
Conheci
o pepino, uma fruta doce, parecida com o pêssego. Eu já o havia experimentado
no hotel em Cuzco.
Experimentei
a cerveja da marca Cusqueña, feita na
cidade de Cuzco e famosa pelo sabor, por causa do solo e da altitude.
Pepino, fruta doce cujo sabor é parecido com o do pêssego
A famosa Cusqueña
Comi
o yakissoba deles; o Márcio, carne, arroz e batata frita. Mesmo com a garantia
de que não era picante, ainda assim ardia.
Inca Kola, o guaraná peruano
Almoço em Chasquitambo: yakissoba e lomo saltado
Em Cajacay,
passamos pela Laguna Conococha. Avistamos
as montanhas com muita neve do Nevado
Pastoruri.
Laguna Conococha, no caminho para Huaraz: 4.000 m de altitude
Neve no Cerro Pastoruri, no
caminho para Huaraz - Peru
Lindíssimo
o lugar! Com 4.000 m
de altitude, a temperatura estava 5° C. Para aumentar o frio, havia a chuva. Com
a umidade, acho que estava nevando nas montanhas.
Uma
cena comum é ver a mulherada trabalhando. Parece que os homens foram para
guerra e não voltaram. É muito raro vermos homens por aqui.
Chegamos
a Huaraz às 15h30. Estava frio e nublado. Esse lugar é bem poeirento.
Chegada em
Huaraz. Ao fundo, construções sem o reboco externo – Peru
O trânsito
também é caótico, apesar de a cidade ser pequena. Os carros, como em todo o
Peru, buzinam insuportavelmente.
Trânsito em Huaraz e velhinha encurvada
pelo peso carregado nas costas por toda a vida - Peru
A
opção de passeio a partir de Huaraz é para a Reserva Nacional Huascarán, localizada na Cordilheira Branca, com montanhas de 6 mil metros, geleiras e outras
coisas lindas para ver.
Fomos
ao escritório da administração da Reserva. Como estávamos em nosso próprio
carro, a conversa e as orientações colhidas do funcionário foram direcionadas
para as opções de passeios que poderíamos fazer com o veículo.
Decidimos
gastar 3 dias inteiros desfrutando as belezas do local. Pagamos S/. 65,00 por
pessoa (US$ 25,19/R$ 51,65) pelo bilhete para 3
dias de visitação. Este é considerado tour aventura. O funcionário (um senhor)
nos deu várias informações importantes e vamos nos aventurar por lá.
Partiremos
amanhã cedo.
Estamos
hospedados no Hotel El Tumi, por S/. 170,00
(US$ 65,89/R$ 135,08). Está caro, mas tem
garagem.
Huaraz
sofreu um terremoto que destruiu toda cidade, exceto uma rua. Nessa rua as
construções ainda são originais e a arquitetura da época pode ser observada.
Jantamos
na Tratoria e Pizzaria Bruno. O Bruno
é um francês que cozinha bem e que está aqui há 17 anos. Seu estabelecimento é
um dos mais charmosos. Diria até que é inimaginável algo semelhante por aqui.
Comemos bem e ficamos confortáveis.
Tratoria e Pizzaria Bruno. Um charme! Huaraz - Peru
Nós na Tratoria e Pizzaria Bruno
– Huaraz - Peru
Almôndegas ao suco – Huaraz - Peru
Ravióli ao molho bolonheza – Huaraz - Peru
Descansaremos
agora, ansiosos para aproveitarmos amanhã.
Acréscimos
do Marcio
Para se chegar à cidade de Huaraz
cruza-se toda a Cordilheira Negra. A cidade fica localizada entre as Cordilheiras
Negra e Branca, a 3.800 m
de altitude.
A rodovia PE-16 (do entroncamento da Pan-americana
para Huaraz) tem pedágio e é de boa qualidade, mas o deslocamento é lento, pois
é pelas montanhas, com muitas curvas e se sobe a mais de 4.000 m .
Em Huaraz, compramos o mapa da Reserva Nacional Huascarán por S/. 25,00 (US$ 9,69/R$ 19,86).
Troquei mais dólares por soles.
O ingresso que compramos na administração
da Reserva é válido para 1 mês, pois somente havia opções para 1 dia ou para 1
mês. À noite, um turista austríaco nos abordou na feira de artesanato tentando vender o ingresso de 1 mês dele,
utilizado por apenas 3 dias.
16º DIA – 19.09.2012 – 4ª
feira
(PERU: Huaraz
- Chacas)
Acordamos
com um frio de 3° C do lado de fora do cobertor. Dormir acima dos 3 mil metros até
que não foi difícil.
O
café da manhã não estava incluído na diária. Pedimos pão, ovo com presunto e
suco de laranja com mamão. Complementamos com banana e cereais que tínhamos
conosco. Havia opções de combos, mas
como não comíamos a maior parte das coisas que os integravam, fizemos assim.
Apesar
de termos acordado antes das 6 h para sairmos bem cedo, o atendimento no restaurante
do hotel inicia às 7 h e é enrolado. Atrasamos.
Frio de 3° C fora do cobertor – Huaraz - Peru
Fizemos
o check-out e pagamos com dólar. A
taxa utilizada pelo hotel foi de S/. 2,50 e não S/. 2,59, como na casa de câmbio
onde fomos ontem.
Deixamos
Huaraz às 8 h rumo à Cordilheira Branca
e à Reserva Nacional Huascarán.
Paramos
em um povoado para comprar bananas, onde havia várias mulheres em seus trajes
típicos e com cartola na cabeça.
Eu
me senti como num filme, e mais ainda quando a mulher que me vendeu a banana
sorriu e mostrou os dentes revestidos com uma moldura de prata, parecendo uma
cena de faroeste.
Na
cidade de Yungay deixamos o asfalto para iniciar a subida até as montanhas
geladas do parque.
Pegamos
estrada de terra o tempo todo, até a Laguna
Llanganuco.
Legal
foi avistar, em quase todo trajeto, o Cerro
Huascarán.
Cerro Huascarán, que dá nome à Reserva Nacional - Peru
Quando
paramos num mirante do Huascarán para tirar umas fotos, um velhinho se
aproximou e acabou fazendo parte do nosso registro.
Nós e o velhinho peruano com o Cerro Huascarán ao fundo - Peru
Depois,
ele pediu propina e acabamos dando a ele uma caixinha de suco de caju.
O
céu estava absurdamente azul e a temperatura beirava os 30° C no sol forte. Para
não cozinharmos, começamos a tirar as roupas de frio. Eu esperava muito frio.
Paramos
em uma das duas guaritas da Reserva, mostramos os bilhetes e eles passaram um
rádio para a outra avisando que estávamos entrando. Colhemos algumas
informações e seguimos.
Sede da Reserva Nacional Huascarán - Peru
Não
existem mapas para fornecer ao turista, mas somente informações verbais. A
estrutura é fraca, bem diferente das dos parques nos Estados Unidos, na
Argentina e no Chile. Ainda bem que compramos o mapa do circuito em Huaraz!
Caso contrário, ficaria bem difícil, mesmo com o GPS, que possuía em sua
memória quase todas as atrações.
No
trajeto, cruzamos com um casal francês, o Sebastian e a Maude, que estava há
mais de um ano viajando pela América do Sul num Land Rover Discovery trazido de navio da França. Registramos nosso
encontro, que aconteceu numa quebrada (encontro de duas montanhas).
Sebastian e Maude, na Reserva Nacional Huascarán - Peru
Uma "quebrada" na Reserva Nacional Huascrán - Peru
Continuamos
rodando até que chegamos a duas lagunas do Complexo
Llanganuco. Elas eram de uma cor azul-turquesa impressionante!
Há a
laguna fêmea, a Chinancocha, com 28 m de profundidade, e a
macho, a Orconococha.
Laguna Chinancocha, a 3.850 m de altitude e com 28 m de profundidade
Laguna Orconococha – Reserva Nacional
Huascarán - Peru
Quanto
mais subíamos na estrada cheia de curvas, mais de perto víamos a Cordilheira Branca, com muita neve nas
montanhas.
O interessante
é que fazia um calor com sensação de 40º C, havia uma poeira infernal, com um
pó fino, e sentíamos cada vez mais a altitude.
Em
um determinado ponto, e por sugestão do guarda-parque, paramos o carro e
iniciamos a trilha para a Laguna 69. Um
guia que encontramos nos disse que ela duraria de 4 a 5 horas, ida e volta.
Mesmo
contra a vontade do Marcio, seguimos a pé com o objetivo de ter o visual
maravilhoso de uma lagoa azul, rodeada por uma geleira.
Trilha para a Laguna 69,
localizada lá ao fundo, ao pé da geleira
Começamos
bem, passamos por um camping e vimos umas pessoas aguardando a chegada de umas
mulas para carregar suas bagagens. Pensamos que eles talvez fossem escalar a
geleira.
Nosso
problema começou quando começamos a subir mais. Mudávamos um metro de altitude
e parecia que tinha sido um quilômetro.
Qdo iniciamos a caminhada, já estávamos a
mais de 3.000 m
de altitude
O
fôlego estava curto, tanto para mim quanto para o Marcio. Víamos cachoeiras de
degelo e a montanha gelada cada vez mais perto, mas não nunca chegava.
A laguna que queríamos estava ali atrás, mas era muuuuito
difícil caminhar!
Era
muito tentador continuar, mas desistimos depois de 1 hora de caminhada. Estava
perigoso.
Chegamos
a Huaraz ontem, com 3 mil metros de altitude, e não tivemos tempo de aclimatar
como fizemos em Cuzco (para irmos a Machu Picchu). Acho que seriam precisos uns
3 dias hospedados nesta altitude para nos acostumarmos e agüentarmos a falta de
oxigênio.
Apesar
de não termos alcançado nosso objetivo, curtimos os visuais e o contato com a
natureza.
Vimos
jumentos com franja, cavalos, vacas, muitos pássaros pequenos e árvores
descamando o tronco. Uma paisagem não esperada nesta altitude.
Jumento peludo e com franja – Reserva Nacional
Huascarán - Peru
Nosso carrinho perto do céu – Reserva Nacional
Huascarán – Peru
Na Reserva Nacional Huascarán existem 60
montanhas. Destas, trinta estão acima dos 6.000 m de altitude. Deve
ser o maior complexo com essa característica no planeta.
Sessenta montanhas. Trinta estão acima
dos 6.000 m
– Reserva Nacional Huascarán - Peru
Paisagem belíssima na Reserva Nacional Huascarán - Peru
Seguimos
viagem, e aos 4.770 m
pudemos ver uns 7 dos sessenta cerros nevados da Cordilheira Branca.
Nossa posição dentro da Reserva Nacional Huascarán – Peru
Às
17 horas chegamos a Yanama, mais um povoado dentro da Reserva. Na Prefeitura, colhemos
informações sobre a distância para o povoado de Chacas. Eles usam o tempo para
informar a distância, e não a quilometragem.
Disseram
que Chaca ficava a 50 minutos de Yanama. Na rua, três pessoas informaram tempos
diferentes, desde uma hora e meia até 3 horas de percurso.
Seguimos.
Enfrentamos em todo o trecho uma estrada de terra, com curvas sinuosas, com
abismos de um lado e a montanha do outro.
Gastamos
uma hora e meia de Yanama a San Luis, aonde chegamos às 19 h. Como este povoado
era muito precário em hospedagem, resolvemos seguir para dormir em Chacas, 1 h
adiante.
Nesse
trecho, passamos um susto danado com o carro. De repente ele se apagou
totalmente, como se a bateria tivesse sido arrancada. Era noite, no meio do
mato, mas ainda nos arredores do povoado de San Luis.
Nossa
primeira atitude foi pegar a lanterna e abrir o capô. As lanternas de pilha
resolveram não funcionar. Peguei o celular na bolsa e ele já clareou alguma
coisa dentro do carro. Fui até minha mala de pernoite, no banco traseiro, e
peguei uma lanterna à bateria. Foi nossa sorte: ela funcionou.
O
Marcio descobriu que um dos dois terminais da bateria (o negativo) tinha sido desgastado
em parte, e o contato entre ele e a abraçadeira do cabo ficava instável com a trepidação
da estrada.
Demos
sorte de isso não ter acontecido mais cedo, na estrada com o penhasco do lado.
Teríamos sobrado numa das curvas e caído lá embaixo.
Apertado
o parafuso, seguimos para Chacas.
Tivemos
novamente sorte! Em Chacas havia o Hotel
e Restaurante El Mirador, um oásis naquele contexto, com bom quarto e
banheiro privado com água quente. O pernoite ficou em S/. 130,00 (US$ 50,39/R$ 103,29).
Jantamos
bem. Toda a comida foi feita na hora, num fogão à lenha que aquecia todo o ambiente.
Tomamos
sopa de verduras e eu comi macarrão e um bifão mal passado com batatas
gratinadas.
Sopa de legumes no Hotel e Restaurante El Mirador – Chacas - Peru
Bife mal passado com batatas gratinadas
Durante
nosso jantar, a família de seis pessoas e um amigo também jantaram numa sala ao
lado. Bem religiosos, agradeceram a Deus pela comida.
Segundo
o dono do lugar, o Galdêncio, o pisco é uma bebida nacional e por isso é
encontrado em todos os lugares do Peru. Ele disse que na confecção de um bom pisco sour deve ser utilizado o açúcar
comum, e não o cristal, para se obter um melhor sabor e cor.
Tiramos
algumas dúvidas sobre o trajeto de amanhã. A esposa dele, a Rosa, ficou
espantada de termos encontrado o hotel deles pelo GPS. Tive que explicar a ela
o que era o aparelho. Amanhã vamos mostrar-lhe o equipamento.
Parece
que um trator passou em cima de nós. Estamos acabados, porém quando lembro dos
cartões postais que vimos, tudo fica bem.
Está
difícil de respirar aqui também.
Amanhã
a aventura continua!
Acréscimos
do Marcio
O casal de franceses que
encontramos hoje (Sebastian e Maude) trouxe seu Land Rover da França de navio. Eles
vão ficar um ano e meio pela América do Sul. Já tinham ido à Bolívia e ao Brasil
(Mato Grosso).
Quando o carro apagou
(motor e luzes), quase bati na montanha que estava do lado esquerdo. A porta do
meu lado nem abria totalmente, pois estava muito próxima do morro.
O problema foi causado
pelo deslocamento da bateria de sua base, devido, talvez, por ter sido deixada
frouxa na Concessionária Toyota de Cuzco.
Com a trepidação da
estrada, ela foi “andando” e forçando o terminal negativo. Com isso, houve um
desgaste deste terminal, que não ficou mais firme com o aperto normal. Coloquei
a abraçadeira meio torta, para que ficasse firme e pudéssemos sair dali e
chegar a Chacas. Deu certo o gatilho e o carro voltou a funcionar.
17º DIA – 20.09.2012 – 5ª
feira
(PERU: Chacas
- Huarney)
Acordamos
antes das 6 horas. Tanto eu como o Marcio não dormimos muito bem devido à
altitude. Estamos a 3.850 m .
Dá um aperto no peito e o fôlego fica curto, fazendo-nos suspirar várias vezes.
Para
completar, com tanta poeira que enfrentamos ontem, tenho tido sintomas de
rinite. A coriza e a obstrução nasais têm sido constantes, mesmo lavando o
nariz com soro fisiológico. Hoje tomei um Alegra
180, para ver se resisto mais à poeira que teremos pela frente.
O
nosso café foi no hotel, e dos mais caprichosos. A louça estava arrumada com
zelo e a comida fresquinha. Tinha pão de piso,
ovo mexido com presunto, suco de laranja e café. Pedi um tazón (tigela em espanhol) para colocar os cereais com a banana. As
bananas daqui são bem doces e saborosas.
A
família dona do hotel é simpática. Com quatro filhos, a Rosa e o Galdêncio
tentam prestar um bom serviço.
O
Marcio mostrou à família o GPS, pois eles não conheciam tal equipamento. A Rosa
anotou as coordenadas do hotel para colocá-las nos próximos cartões de visita.
Nosso
“motorista” conseguiu dar um jeito no problema da bateria do carro, preenchendo
com arame o espaço entre o parafuso da bateria e a abraçadeira. Além disso,
apertou toda a fixação da bateria. É um Magaiver!
Às 8
horas deixamos Chacas, com um céu azul, porém com algumas nuvens nas montanhas.
Voltamos
para San Luis por outra estrada, sugerida pelo Galdêncio, na esperança de ser
mais curta, mas não mudou nada. Havia muitos pastores com vacas e ovelhas no
caminho, o que tornou o trecho cheio de curvas ainda mais lento.
Velhinhas pastoras na estrada para San Luis - Peru
As
pessoas por aqui têm as bochechas rosadas, mesmo sendo morenas. Talvez por
terem mais hemácias em decorrência da alta altitude onde vivem.
Parece
que os jovens e os homens não moram nesta região. Vemos muita gente de
meia-idade para cima e que, de carregar peso nas costas ao longo da vida, são
encurvadas para frente.
A
estrada para San Luis não constava no GPS. Achamos o caminho no boca a boca.
Todas as pessoas são gentis e nos ajudam nas nossas dúvidas.
Passamos
por montanhas com escarpas em granito que eu nunca tinha visto antes.
Espetacular! A Laguna Huachococha com
o espelho d’água das escarpas era sensacional.
Uma
tenda feita com capim, dotada de um bom colchão, fechavam o encanto do lugar, a
4.300 m .
Laguna Huachococha e o espelho d’água. Por mim, o nome dela seria
Laguna do Espelho – Reserva Nacional Huascarán - Peru
A Lindinha descansando na tenda de capim – Reserva Nacional Huascarán - Peru
A tenda, o Marcio e nossa Toyota SW4 – Reserva Nacional
Huascarán – Peru
Próximo
ao povoado de Huari a estrada voltou a aparecer no GPS, mostrando o Rio Huari.
A
região é rica em rios formados pelo degelo da neve das montanhas. Imagino que se
deixasse de nevar por aqui, desapareceria toda a população que vive nesses
arredores com essa água.
Chegamos
a Huari e visitamos a Laguna Purhuay.
De cor cinza, mesmo com o céu azul, fica localizada dentro de um rochedo e tem um
visual pitoresco.
Aproveitamos
e lanchamos os sanduíches que estavam conosco há 3 dias. Estavam guardados no “carro-freezer”
e ainda estavam bons. Tomamos o guaraná deles, o Inca Kola, no país desde 1937. Achei que tem muito gás, e a cor e o
sabor lembram um pouco o do abacaxi.
Laguna Purhuay, próximo ao povoado de Huari - Peru
Nós e a Laguna Purhuay, a mais
de 2.000 m
de altitude - Peru
Laguna Purhuay – Reserva Nacional
Huascarán - Peru
A
partir de Huari a estrada era asfaltada. Nem acredito que acabaram o sacolejo e
a poeira da estrada de terra! Porém, acabaram também os visuais bacanas que
vimos e vivemos.
A
nossa alegria durou pouco. O asfalto entre Huari, Chavín e Catac era sempre
interrompido por trechos de terra.
Em Chavín,
eu estava crente que ia almoçar uma sopa, mas a cidade é decepcionante. Acabei
comendo mesmo mais dos nossos sanduíches com suco.
Fomos
até 4.600 m
de altitude e passamos por um túnel debaixo de uma montanha nevada, onde fazia
um frio intenso.
Passamos,
com chuva e neve, pela Laguna Querococha,
de águas escuras, a 4 mil metros. A temperatura externa era 7° C.
Laguna Querococha, na Reserva Nacional Huascarán - Peru
Laguna Querococha com chuva e com frio de 7°C - Peru
Saímos
da Reserva sem passar por qualquer guarita. Acho que se tivéssemos comprado o
passe de um dia, por S/. 5,00/pessoa (US$ 1,94/R$ 3,97), teria dado certo. Compramos
o de S/. 65,00/pessoa (US$ 25,19/R$ 51,65), para 30 dias, com uso efetivo
de apenas dois. Não teremos como saber se teria dado certo.
Voltamos
para a Rodovia Pan-americana quase às
18 horas. Encarar a estrada à noite não é fácil. Ainda mais aqui, onde os motoristas
que estão atrás não têm paciência e buzinam para que você saia da frente. A
ordem é ultrapassar ou deixar que passem.
Outra
coisa ruim é que aqui aquela “convenção” para avisar quando se pode ultrapassar
(no Brasil: pisca-pisca ligado para a direita) é o oposto da nossa (no Peru:
pisca-pisca ligado para a esquerda). Dá um nó na nossa cabeça!
Chegamos
a Huarmey pouco após 19 horas. Não deu para chegarmos a Trujillo, como
planejado. Tínhamos acordado bem cedo e dormido mal, e não seria seguro seguir
mais um pouco.
O pernoite
foi na Posada Huarmey, na beira da
estrada, com banheiro privado, Wi-Fi,
café dá manhã, garagem e água quente no chuveiro (detalhes importantes por
aqui), por S/. 130,00 (US$ 50,39/R$ 103,29).
Estava
bem frio e a água do chuveiro não esquentou direito durante o meu banho. No
banho do Marcio já estava quente. Dei azar de ser a primeira da fila.
O Wi-Fi estava com o sinal muito fraco e
não deu para postar as fotos no Blog,
como eu queria. Acho que tinha muita gente usando e tumultuou a rede.
Jantamos
no restaurante da pousada. É um perigo andar pelas ruas de qualquer cidade
peruana. Durante a procura por hospedagem, o Marcio quase bateu numa daquelas
motocas-táxis de 3 rodas. Uma desgraça infratora das regras! Eles acham que
estão num carro, mas não seguem as regras para um carro: não usam a seta,
avançam sinal, etc.
Comemos
o de sempre. Eu, um macarrão; o Marcio, bife com batata e arroz.
Agora
é dormir, mesmo com o barulho de caminhões na estrada.
Acréscimos
do Marcio
O Hotel El Mirador, em Chacas, fica nas coordenadas S 09°
09.516` e W 077° 21.990’, na altitude 3.382 m .
O carro foi super-econômico no último trecho (9,04 Km/l), já que andou
quase sempre com a reduzida engatada. Pela altitude, o motor não tinha força e
tivemos que utilizar a reduzida várias vezes.
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