40º DIA – 13.10.2012 – Sábado
(BOLÍVIA: San
Juan – Laguna Colorada)
Acordamos
cedo e não tinha água quente no chuveiro. O gás é desligado à noite para
economizar. Isso sempre acontece em hospedagens menores.
Tivemos
que aguardar que fosse ligado e ainda esperamos uns 40 min para que a água
começasse a chegar aquecida no quarto.
O
dono do Hostal Magia de San Juan, o Humberto,
bateu papo conosco durante o café.
Ele
já morou na Inglaterra, onde tem uma agência para captar turistas para o Salar de Uyuni e para a Reserva Nacional Eduardo Avaroa, onde
ficam a Laguna Colorada e outras
atrações.
Por
isso, a sala de jantar é em estilo pub
e as portas são grossas, lembrando as de castelos.
Hostal Magia de San Juan: local do café da manhã
A Lindinha no café da manhã da Hostal Magia de San Juan - Bolivia
Hostal
Magia de San Juan: pátio interno com os
quartos e com teto de vidro - Bolívia
Conversamos
sobre a impressão que construímos de que a Bolívia vive um comunismo velado,
onde há controle de tudo, com militares em pedágios controlando quem vai e quem
vem, o detalhe na venda de combustíveis para estrangeiros, etc.
Ele
nos disse que tudo começou com o atual governo. Ele (Evo Morales), de origem
humilde, camponês -- assim como 60% da população -- amigo de Hugo Chaves e de Fidel
Castro, tem idéias desse tipo e o apoio da maioria. A classe média (40%) é quem
paga a conta, com a carga tributária em torno de 30%. Achei-o uma pessoa bastante
esclarecida.
Ele nos
indicou o caminho para sair de San Juan rumo à Laguna Colorada.
Passamos
pelo Salar de Chiguana, no rumo do
ativo Vulcão Ollague.
No
Salar, encontramos dois casais de ciclistas franceses. Um deles era a Marie,
muito simpática. Batemos um papo e tiramos fotos com eles.
Ciclistas franceses no Salar de Chiguana - Bolívia
Marcio e os ciclistas franceses. Tinha até bicicleta puxando
reboque! Bolívia
Muito
corajosos, um dos casais já estava viajando há um ano. A Marie, há apenas 4
meses.
Começamos
a seguir um Toyota vermelho. Num momento em que pararam para fotos, nos
apresentamos. Eram 8 adultos no carro: três casais franceses, o motorista e a
guia.
Toyota que seguimos até a Laguna Colorada - Bolívia
O motorista
se chamava Willian e concordou que os seguissemos até a Laguna Colorada.
Cruzamos
o Salar de Chiguana a 80 Km/h , e rodamos nesse
ritmo por uns 60 Km ,
desde San Juan.
Circundamos
o Vulcão Ollague -- chileno e ativo
-- e fizemos uma parada para ver a fumaça que saía de sua boca.
Vimos
também rochas esculpidas pelo vento e uma planta boliviana chamada llareta (yareta ou azorella), que é
hermafrodita, combustível e que cresce 1,5 cm/ano.
Vulcão Ollague (Chileno): fumaça da atividade vulcânica -
Bolívia
Visual do nosso ponto de parada
A planta llareta, que é hermafrodita e combustível: parece um
coral
Nosso carrinho na paisagem desértica
boliviana, no caminho para a Laguna Colorada
Os
franceses que estavam com o Willian só falavam francês. Só um deles “arranhava”
o inglês.
Depois
da parada para avistar o Vulcão Ollague,
a estrada ficou péssima, com muitas pedras batendo na lataria do carro.
Passamos
por outro ciclista. Devia ser outro francês, pois os turistas compatriotas que
iam no carro do Willian forneceram água a ele. Solidariedade em pleno deserto.
Abastecimento de água em pleno deserto boliviano
Paramos
na Laguna Cañapa, a 4.180 m de altitude, cheia
de flamingos maravilhosos e com espelhos d'água espetaculares dos vulcões.
Laguna Cañapa, no trajeto de San Juan
para a Laguna Colorada - Bolívia
Belo espelho d’água na Laguna Cañapa - Bolívia
A imagem dispensa palavras – Laguna Cañapa - Bolívia
Seguimos
para a para atração seguinte, que foi a Laguna
Hedionda. Aí foi um show de flamingos, que estavam a apenas 2 m de nós.
Flamingo Andino: tem a ponta da asa na cor preta
Flamingo Chileno: a cor rosa predomina
Detalhe da cabeça e do bico
Depois
das duas lagunas, e a 4.734
m , chegamos ao Deserto
de Siloli, com a pior estrada do trajeto, mas com um visual deslumbante de
montanhas coloridas e com um vento absurdo.
Montanhas coloridas no Deserto de Siloli - Bolívia
Deserto de Siloli: trecho plano, mas a 4.734 m de altitude -
Bolívia
Pedras no Deserto de Siloli - Bolívia
Marcio e Willian brincando no Deserto
de Siloli, a mais de 4.700 m de altitude -
Bolívia
Nas
rochas do Deserto de Siloli avistamos
várias vizcachas, uma espécie de coelho
andino.
Vizcacha: parece um coelho, mas tem rabo e bigodes compridos
Olha o bigodão da vizcacha!
Quando
faltavam uns 20 Km
para a Laguna Colorada, paramos na Árvore de Pedra, uma rocha no formato de
árvore, esculpida pelo vento.
A famosa Árvore de Pedra (parte
da frente) - Bolívia
Árvore de Pedra (parte de trás) - Bolívia
No
lugar, há diversas outras rochas com formatos parecidos com alguma coisa: cogumelo,
macaco, ave, etc.
Esta se parece com uma ave - Bolívia
Pedra Furada
Cogumelo
Quando
chegamos à Laguna Colorada, já eram
17 h. Tínhamos rodado 200 Km
desde o povoado de San Juan. Gastamos 7 horas.
A
laguna é uma das Sete Maravilhas do Mundo
em sua categoria. E merece! Ela é imensa, rosa (ou cenoura) e envolta por sal.
A cor
da água é devido ao caroteno presente num agente que alimenta os flamingos.
Laguna Colorada - Bolívia
Nós e a Laguna Colorada ao
fundo - Bolívia
São centenas de flamingos nas águas avermelhadas da Laguna Colorada - Bolívia
No
local há dois mirantes. Chegamos por um deles, o Mirador Aguas Calientes, onde há um museu com explicações sobre os
flamingos. E é só. Digo isso, pois no Atacama
(Chile) há um vídeo explicativo.
Tipos de flamingos vistos na Laguna Colorada: andino, chieno e James
Marcio, Willian e seus carros
Vicunhas vistas às margens da Laguna Colorada - Bolívia
Passamos
pela guarita de ingresso na Reserva
Andina Eduardo Avaroa, onde são cobrados Bs. 150,00 por pessoa (US$ 21,87/R$ 43,95).
Parece
barato, mas não há qualquer investimento, principalmente nas estradas, que são
péssimas e acabam com qualquer carro.
O
guarda controla tudo: quem entra, quem sai e a identificação do veículo.
Fomos
orientados a guardar os tickets, pois serão solicitados outra vez na saída. O parque
só acaba na fronteira com o Chile.
Após
a guarita, fomos ao outro mirante onde também é possível chegar mais perto dos
flamingos. Com a cor rosa da água as aves ficaram ainda mais bonitas.
Estávamos
estrupiados com a poeira que está entrando no carro, moles com os balanços da
estrada, mas felizes por termos visto em um só dia tanta diversidade de imagens
maravilhosas.
Não
sei como o Marcio aguentou dirigir o dia inteiro com tanto saculejo, andando em
pedreiras.
A
pior parte ficou com a acomodação na Laguna
Colorada. A única opção são quartos administrados pela comunidade. Há
poucas suítes, e elas já estavam ocupadas.
Andamos
por todo o povoado e isso não agradou nada.
O
lugar do banho era com piso em cimento, sem azulejo. Mesmo assim, só havia duas
duchas para um batalhão de gente. Vasos sanitários, só tinham dois também.
Por
sorte, o Willian conversou com alguém de uma das casas e conseguimos uma suíte,
mas sem água quente na ducha. Ficou por Bs. 277,60 (US$ 40,00/R$
82,00).
Um roubo, pelas condições péssimas de higiene e sem café da manhã.
Até
a opção de dormir no carro estava descartada, pois congelaríamos, já que à
noite aqui a temperatura chega aos - 30° C.
Acho
que aqui bateremos o recorde de frio que passamos em Sajama, que foi de - 5,7° C.
Bateremos
também nosso recorde de dormir em altitude, já que aqui estamos a 4.600 m . Espero que
durmamos sem sofrimentos!
Todos
os motoristas lavam seus carros, que ficam imundos de poeira das estradas e do
sal dos dois Salares (de Uyuni e de Chiguana). Usam mangueiras
existentes ao lado das construções dos quartos.
O
Marcio também aproveitou e tirou o barro, a poeira e o sal de ontem e de hoje. Estava
a maior crosta, mas saiu tudo.
Estava
tão frio que o Marcio, mesmo com luvas, quase congelou as mãos.
Na
nossa suíte, encaramos banho gelado mesmo. Depois do dia que tivemos, não dá
para dormir sem banho.
A
água estava muito gelada. A minha cabeça doeu muito no banho e os meus dedos dos
pés demoraram muito tempo dormentes. Fiquei até preocupada.
Eu
estressei tanto com isso que perdi o tesão para qualquer coisa.
Outra
novela foi para conseguirmos o jantar. O Willian interveio outra vez. Foi
pedida autorização ao chefe de uma das excursões, quase um cacique, e
conseguimos que autorizasse sua cozinheira a fazer uma comida para a gente, já
que ela garantiu-lhe que não faltariam ingredientes para as refeições do seu
grupo nos quatro dias seguintes.
Amanhã
improvisaremos o café da manhã.
Acréscimos
do Marcio
O jantar de ontem foi
ótimo: milanesa de frango com salada e batata. Tudo acompanhado de vinho tinto
boliviano.
Saímos às 7h45. Logo no
início da jornada encontramos quatro pessoas (2 casais) viajando de bicicleta.
Paramos para conversar. Eram franceses. Conversamos um pouco.
Mais adiante vimos um
veículo com turistas parado para fotos. Paramos ao lado e perguntamos alguma
coisa sobre o caminho a seguir e pedimos para acompanhá-los até a Laguna
Colorada, nosso destino de hoje. Concordaram.
O trajeto foi duríssimo,
talvez o mais pesado que fizemos até hoje. Era areia, pedra, ambos,
costelinhas, poeira, etc..., e tudo isso a mais de 4.000 m de altitude.
Passamos por paisagens
lindíssimas. Visitamos lagunas, deserto e vimos a famosa Arbol de Piedra.
O pagamento de Bs.
300,00 da taxa de ingresso no Parque Nacional Eduardo Avaroa praticamente acabou com meu dinheiro boliviano.
Espero que não precisemos de mais até chegarmos ao Chile amanhã.
O nome do povoado onde
dormimos na Laguna
Colorada é Huayllajara. Todos os motoristas das vans lavam os
carros quando chegam lá.
A mangueira com água
somente é disponibilizada para quem está hospedado. Aproveitei para lavar os
vidros. Minha mão quase que congela com o vento na luva molhada.
Quando chegamos ao
povoado, não encontramos quarto individual disponível. Só havia com oito camas
e banheiro coletivo.
Nosso novo amigo, o
Willian, conversou com uma mulher e conseguiu um quarto com cama de casal e com
banheiro privativo. Um luxo!! Até nosso jantar teve que ser autorizado pelo
motorista de um grupo. Eles levam a cozinheira e a comida para ser feita, na
quantidade quase que exata para o grupo de turistas. Como estávamos sós,
passamos por esses dissabores.
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