DESFECHO
Esta
viagem foi a que mais dividiu nossas opiniões. A idéia de irmos para o Uruguai
e de reservar praticamente trinta dias para percorrê-lo foi minha. Mas vamos
por partes.
No
nosso primeiro pernoite, numa cidade distante 514 Km de Brasília (DF) em
direção ao sul do país, dormimos com o ar refrigerado ligado. Estávamos no
Estado de Minas Gerais e fazia muito calor.
No
segundo dia, já no Paraná, dormimos com cobertores, pois estava frio. Já
estávamos a 1.351 Km
de casa.
A
partir daí a temperatura permaneceu baixa.
Dessa
forma, nossos primeiros destinos no Uruguai, que eram balneários (Punta Del
Diablo, Cabo Polônio e La
Paloma), apresentaram-se-nos totalmente desinteressantes,
pois o uso do mar era a principal atração e aquilo que buscávamos. Como estava
frio e chuvoso, quase nada restava que nos atraísse por lá. Talvez se fossem os
meses de DEZ ou JAN a coisa teria sido diferente. Mas não saberemos.
Além
disso, a água do mar por lá é escura e sempre fria, o que não desperta qualquer
encanto visual no brasileiro que está acostumado com as praias que tem em seu
litoral, principalmente no nordeste do país.
Assim
sendo, enquanto estávamos em Punta Del
Diablo fizemos um pequeno ajuste no cronograma da viagem,
reduzindo em uns cinco dias o tempo que tínhamos reservado para percorrer os
balneários. Antecipamos a data de partida de cada um deles. E a viagem seguiu morna, apesar de tudo estar dando
certo.
A partir de Punta Del Diablo visitamos a Fortaleza Santa Teresa, toda de pedra, com uma bela vista dos
campos e num estado de conservação invejável.
Em
Cabo Polônio tivemos contato com a praia mais selvagem
e sem infraestrutura que já conhecemos, mas tudo foi apreciado por nós a
partir do excepcional “conforto relativo” da Posada Perla Del Cabo, onde dormimos numa minúscula suíte, com água
quente e luz elétrica (provenientes de gerador), além de termos ao nosso dispor
um restaurante transado, confortável e com boa comida. Lá, visitamos o farol
local, avistamos colônias de lobos-marinhos e duas ou três baleias-franca. As
funcionárias eram atenciosas e simpáticas, e não mediram esforços para nos
agradar e para tornar a nossa estada o mais confortável possível.
Em La
Paloma conhecemos nossa primeira hospedagem no Uruguai com cara de
hotel. Era o Proa Sur Hotel, que
dispunha de elevador, camas Queen Size,
toalhas de qualidade, chuveiro perfeito, piscina aquecida e academia de
ginástica. Mas estava frio e as praias e o mar não nos atraíram.
Na nossa primeira passagem por Montevidéu conhecemos a Bodega Bouza, uma vinícola que dispõe de
excelente restaurante, requintado, bonito, com boa comida e atendimento de
primeira. Almoçamos por lá e compramos algumas garrafas do vinho deles. Nesse
mesmo dia, conhecemos também o Establecimiento
Juanicó, outra vinícola uruguaia que produz bons vinhos, bastante presentes
nas mesas dos restaurantes do país.
Chegamos a Punta Del Este. Lá, conhecemos o Casapueblo, do famoso artista uruguaio
Carlos Vilaró, com sua arquitetura nada tradicional e repleta de obras do
proprietário, morto em FEV/2014. Visitamos também o interessantíssimo Museo Del Mar, cruzamos a Ponte Ondulada, degustamos vinhos na Bodega y Viñedos Alto de La Ballena e conhecemos o
simpático povoado Pueblo Eden, com
seus 84 habitantes. Caminhamos bastante pela Playa Mansa, a praia do Rio da Prata.
Voltamos para Montevidéu para conhecer o Teatro Solís, onde assistimos a uma peça. Visitamos o Museu do Automóvel, avistamos o Estádio Centenário, passeamos pelo Jardim Botânico, pelo Rosedal e pelo Jardim Japonês. Fomos ao cinema duas vezes e andamos em bicicletas
alugadas. Vimos o palácio presidencial onde trabalha o Presidente José Mujica e
usamos muito os ônibus urbanos.
Fomos para Colônia do Sacramento, a primeira cidade uruguaia.
Ficamos hospedados próximo ao Centro Histórico, que não nos encantou tanto,
pois parecia que estávamos passeando por Ouro Preto (MG) ou por Parati (RJ).
Apesar disso, estávamos bem acomodados e comemos muito bem nos vários e
pitorescos restaurantes locais. O pessoal da pousada foi muito gentil em
permitir que deixássemos nosso carro guardado com eles enquanto passávamos uns
dias em Buenos Aires.
Seguimos para a capital argentina e voltamos a ter contato
com multidões. Lá, caminhamos como nunca! Visitamos o Teatro Colón, assistimos a uma peça no Teatro Regina, passeamos pela Calle
Florida e pelo Rio Tigre, fomos ao Cemitério
Recoleta e ao Caminito e comemos
muito bem. A Clênia se esbaldou nos cafés.
De volta ao Uruguai, pegamos nosso carro na pousada e
começamos nossa jornada de volta para casa. Pernoitamos em Fray Bentos, no que
foi o quarto de hotel mais sujo de toda a viagem (Hotel RR). Resistimos bravamente!
Entramos no Brasil e resolvemos pegar uma praia em
Florianópolis (SC). Mas o tempo não estava firme e a praia de Canasvieiras,
onde ficamos, estava com o mar impróprio para banho devido à poluição. Imagina
um local turístico como aquele nessa situação! E estávamos em baixa temporada!!!
Durante toda a viagem pensei muito a respeito dos motivos da
nossa falta de encanto pelo país vizinho e concluí o seguinte (minha opinião
pessoal):
- sempre
que viajamos (todos nós de um modo geral), temos a expectativa de ver alguma
coisa que não conhecemos ou que não tenhamos onde vivemos;
- é
por essa razão que ficamos deslumbrados com as montanhas nevadas que
encontramos nos nossos vizinhos andinos, com os vulcões também tão presentes
por lá, com os lagos formados com água de degelo, com os povoados existentes em
lugares situados a 4.000 m
de altitude, etc.;
- o
Uruguai, país totalmente plano, não possui essas coisas diferentes para nos
oferecer. Além disso, suas praias não são belas como as que temos e sua
história, por ter a idade aproximada da nossa e ser muito parecida, resulta em
cidades históricas que pensamos já conhecer/ter visto (Ouro Preto-MG,
Sabará-MG, Parati-RJ, por exemplo), com igrejas, pavimentação e edificações
muito semelhantes. E aí não nos encanta ......
- para
os viciados em compras, nem para isso vale a viagem, pois tudo lá é caro.
Mas nosso vizinho também tem suas qualidades e não podemos
deixar de ressaltá-las:
- por
ser um país pouco populoso (são apenas uns 3.300.000 habitantes), não
encontramos multidão, nem trânsito intenso nas estradas ou nas cidades, é fácil
estacionar em qualquer lugar e não há correria;
- isso
tudo resulta numa população que, aos meus olhos, é menos estressada e que sabe
desfrutar melhor o dia e a vida;
- é
com bastante frequência que encontramos pessoas praticando atividades ao ar
livre (corrida, caminhada, bicicleta, etc.), outras sentadas em bancos na orla
apreciando o pôr do sol ou conversando com amigos, ou senhoras curtindo cafés
no meio da tarde. Em Montevidéu, presenciei uma cena que considerei emblemática:
um sujeito, de paletó e gravata, dormindo após o almoço num banco da Rambla.
Relaxando antes de começar o 2º turno no trabalho – Montevidéu - URUGUAI
Quando que no Brasil veremos uma cena dessas?! Acho que
nunca.
Por tudo isso, sempre que me perguntam se eu gostei da
viagem, a resposta não pode ser dada em apenas uma palavra. Tenho que contar
toda essa história e deixar que tirem suas próprias conclusões.
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