sábado, 29 de novembro de 2014

(120) 2014 - Viagem ao Uruguai - DESFECHO



DESFECHO

Esta viagem foi a que mais dividiu nossas opiniões. A idéia de irmos para o Uruguai e de reservar praticamente trinta dias para percorrê-lo foi minha. Mas vamos por partes.
No nosso primeiro pernoite, numa cidade distante 514 Km de Brasília (DF) em direção ao sul do país, dormimos com o ar refrigerado ligado. Estávamos no Estado de Minas Gerais e fazia muito calor.
No segundo dia, já no Paraná, dormimos com cobertores, pois estava frio. Já estávamos a 1.351 Km de casa.
A partir daí a temperatura permaneceu baixa.
Dessa forma, nossos primeiros destinos no Uruguai, que eram balneários (Punta Del Diablo, Cabo Polônio e La Paloma), apresentaram-se-nos totalmente desinteressantes, pois o uso do mar era a principal atração e aquilo que buscávamos. Como estava frio e chuvoso, quase nada restava que nos atraísse por lá. Talvez se fossem os meses de DEZ ou JAN a coisa teria sido diferente. Mas não saberemos.
Além disso, a água do mar por lá é escura e sempre fria, o que não desperta qualquer encanto visual no brasileiro que está acostumado com as praias que tem em seu litoral, principalmente no nordeste do país.
Assim sendo, enquanto estávamos em Punta Del Diablo fizemos um pequeno ajuste no cronograma da viagem, reduzindo em uns cinco dias o tempo que tínhamos reservado para percorrer os balneários. Antecipamos a data de partida de cada um deles. E a viagem seguiu morna, apesar de tudo estar dando certo.
A partir de Punta Del Diablo visitamos a Fortaleza Santa Teresa, toda de pedra, com uma bela vista dos campos e num estado de conservação invejável.
Em Cabo Polônio tivemos contato com a praia mais selvagem e sem infraestrutura que já conhecemos, mas tudo foi apreciado por nós a partir do excepcional “conforto relativo” da Posada Perla Del Cabo, onde dormimos numa minúscula suíte, com água quente e luz elétrica (provenientes de gerador), além de termos ao nosso dispor um restaurante transado, confortável e com boa comida. Lá, visitamos o farol local, avistamos colônias de lobos-marinhos e duas ou três baleias-franca. As funcionárias eram atenciosas e simpáticas, e não mediram esforços para nos agradar e para tornar a nossa estada o mais confortável possível.
Em La Paloma conhecemos nossa primeira hospedagem no Uruguai com cara de hotel. Era o Proa Sur Hotel, que dispunha de elevador, camas Queen Size, toalhas de qualidade, chuveiro perfeito, piscina aquecida e academia de ginástica. Mas estava frio e as praias e o mar não nos atraíram.
Na nossa primeira passagem por Montevidéu conhecemos a Bodega Bouza, uma vinícola que dispõe de excelente restaurante, requintado, bonito, com boa comida e atendimento de primeira. Almoçamos por lá e compramos algumas garrafas do vinho deles. Nesse mesmo dia, conhecemos também o Establecimiento Juanicó, outra vinícola uruguaia que produz bons vinhos, bastante presentes nas mesas dos restaurantes do país.
Chegamos a Punta Del Este. Lá, conhecemos o Casapueblo, do famoso artista uruguaio Carlos Vilaró, com sua arquitetura nada tradicional e repleta de obras do proprietário, morto em FEV/2014. Visitamos também o interessantíssimo Museo Del Mar, cruzamos a Ponte Ondulada, degustamos vinhos na Bodega y Viñedos Alto de La Ballena e conhecemos o simpático povoado Pueblo Eden, com seus 84 habitantes. Caminhamos bastante pela Playa Mansa, a praia do Rio da Prata.
Voltamos para Montevidéu para conhecer o Teatro Solís, onde assistimos a uma peça. Visitamos o Museu do Automóvel, avistamos o Estádio Centenário, passeamos pelo Jardim Botânico, pelo Rosedal e pelo Jardim Japonês. Fomos ao cinema duas vezes e andamos em bicicletas alugadas. Vimos o palácio presidencial onde trabalha o Presidente José Mujica e usamos muito os ônibus urbanos.
Fomos para Colônia do Sacramento, a primeira cidade uruguaia. Ficamos hospedados próximo ao Centro Histórico, que não nos encantou tanto, pois parecia que estávamos passeando por Ouro Preto (MG) ou por Parati (RJ). Apesar disso, estávamos bem acomodados e comemos muito bem nos vários e pitorescos restaurantes locais. O pessoal da pousada foi muito gentil em permitir que deixássemos nosso carro guardado com eles enquanto passávamos uns dias em Buenos Aires.
Seguimos para a capital argentina e voltamos a ter contato com multidões. Lá, caminhamos como nunca! Visitamos o Teatro Colón, assistimos a uma peça no Teatro Regina, passeamos pela Calle Florida e pelo Rio Tigre, fomos ao Cemitério Recoleta e ao Caminito e comemos muito bem. A Clênia se esbaldou nos cafés.
De volta ao Uruguai, pegamos nosso carro na pousada e começamos nossa jornada de volta para casa. Pernoitamos em Fray Bentos, no que foi o quarto de hotel mais sujo de toda a viagem (Hotel RR). Resistimos bravamente!
Entramos no Brasil e resolvemos pegar uma praia em Florianópolis (SC). Mas o tempo não estava firme e a praia de Canasvieiras, onde ficamos, estava com o mar impróprio para banho devido à poluição. Imagina um local turístico como aquele nessa situação! E estávamos em baixa temporada!!!
Durante toda a viagem pensei muito a respeito dos motivos da nossa falta de encanto pelo país vizinho e concluí o seguinte (minha opinião pessoal):
-    sempre que viajamos (todos nós de um modo geral), temos a expectativa de ver alguma coisa que não conhecemos ou que não tenhamos onde vivemos;
-    é por essa razão que ficamos deslumbrados com as montanhas nevadas que encontramos nos nossos vizinhos andinos, com os vulcões também tão presentes por lá, com os lagos formados com água de degelo, com os povoados existentes em lugares situados a 4.000 m de altitude, etc.;
-    o Uruguai, país totalmente plano, não possui essas coisas diferentes para nos oferecer. Além disso, suas praias não são belas como as que temos e sua história, por ter a idade aproximada da nossa e ser muito parecida, resulta em cidades históricas que pensamos já conhecer/ter visto (Ouro Preto-MG, Sabará-MG, Parati-RJ, por exemplo), com igrejas, pavimentação e edificações muito semelhantes. E aí não nos encanta ......
-    para os viciados em compras, nem para isso vale a viagem, pois tudo lá é caro.
Mas nosso vizinho também tem suas qualidades e não podemos deixar de ressaltá-las:
-    por ser um país pouco populoso (são apenas uns 3.300.000 habitantes), não encontramos multidão, nem trânsito intenso nas estradas ou nas cidades, é fácil estacionar em qualquer lugar e não há correria;
-    isso tudo resulta numa população que, aos meus olhos, é menos estressada e que sabe desfrutar melhor o dia e a vida;
-    é com bastante frequência que encontramos pessoas praticando atividades ao ar livre (corrida, caminhada, bicicleta, etc.), outras sentadas em bancos na orla apreciando o pôr do sol ou conversando com amigos, ou senhoras curtindo cafés no meio da tarde. Em Montevidéu, presenciei uma cena que considerei emblemática: um sujeito, de paletó e gravata, dormindo após o almoço num banco da Rambla.



Relaxando antes de começar o 2º turno no trabalho – Montevidéu - URUGUAI


Quando que no Brasil veremos uma cena dessas?! Acho que nunca.
Por tudo isso, sempre que me perguntam se eu gostei da viagem, a resposta não pode ser dada em apenas uma palavra. Tenho que contar toda essa história e deixar que tirem suas próprias conclusões.
 






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