terça-feira, 30 de abril de 2013

(009) 2008 - Viagem ao Deserto do Atacama - ARGENTINA: SALTA E ARREDORES

5º DIA – 23.09.2008 – 3ª feira

(ARGENTINA: Salta)


Acordamos às 6 h, mesmo não tendo compromisso para hoje. O céu está bem claro e parece que vai esquentar, apesar de ainda estar friozinho. É sempre assim, começa frio e esquenta ao longo do dia.

Descemos para tomar café às 8 h e descobrimos que já era 9 h, pois o nosso relógio-despertador não está marcando a hora corretamente.

Para a minha decepção, o café, apesar de ter sido informado que era do tipo buffet, não tinha queijo, presunto nem frutas, apenas pão de caixa (pão de forma), croissant (chamado aqui de meia-lua), suco de laranja e manteiga.

Depois do café fomos, a pé, até concessionária Toyota, onde o Marcio comprou algumas peças para a Hilux, pois os preços chegavam a ser metade dos praticados no Brasil. Além disso, também encomendou outras que não tinham para pronta-entrega, para pegarmos quando voltarmos do Chile.

Saímos de lá e, na volta para o hotel, passamos num mercado onde compramos maçãs, peras, presunto, queijo e pão. Achei os preços das frutas meio caros, e acho que é por isso não têm nos hotéis onde ficamos até agora.

Parte dessa comida será usada amanhã no passeio de dia inteiro que faremos.

Achamos muito fácil andar aqui com um mapa na mão. Além disso, a cidade é bem plana o que facilita andar a pé.

O trânsito é meio ruim e os carros de passeio são velhos e movidos à diesel, o que contribui para a poluição sonora e química.

Deixamos as compras no hotel e fomos fazer um pouco de turismo.

Fomos ao Cerro São Bernardo, próximo ao hotel. Para chegar lá, pegamos um teleférico da Praça San Martin até o topo, de onde se tem uma boa vista de Salta, que é bem plana mesmo. Lá existe uma cascata artificial, uma área de alimentação e de lazer. Valeu a visita!



Vista de Salta do Cerro São Bernardo

Descemos e eu fui conhecer o Museu de Altas Montanha (MAAM), enquanto o Marcio retornou à Concessionária Toyota para encomendar uma peça que esqueceu de pedir de manhã.

A visita ao museu vale a pena, pois lá existem expostas três múmias incas, encontradas em montanhas acima de 5 mil metros. Para resgatar essas múmias foram feitas expedições árduas.

Os maias ofereciam seres humanos em sacrifício na montanha, para que eles ficassem mais perto dos deuses deles e a graça pudesse ser alcançada.

É interessante, pois mostra um pouco da história inca, um povo que existiu do sul da Venezuela até o sul do Chile.

A região de Salta tem muitas montanhas. Parece que há mais de 70 na Argentina, 30 delas só por aqui.

Em seguida, fui conhecer a Catedral de Salta, vizinha ao museu, bem ao estilo europeu, com muito ouro e pé direito alto.

Catedral de Salta

O povo aqui é bastante católico. A influência espanhola é total. Acho que não praticam nem outras religiões por aqui.

Às 19 h, conforme combinado, encontrei o Marcio na Praça 9 de Julio. Ainda era dia. Lanchamos e fomos procurar óculos escuros para ele usar amanhã, pois o dele foi quebrado quando sentou em cima logo no primeiro dia de Argentina.

Achamos um que servia numa ótica, e lá se vai mais dinheiro com óculos escuro!

No caminho, achamos uma loja de sapato, onde o Marcio comprou um mocassin de couro por um preço bem em conta.

Retornamos para o hotel e agora é dormir. Amanhã teremos o nosso primeiro dia de passeio.

Acréscimos do Marcio

Fomos a pé até a Concessionária Toyota Autolux, uma caminhada de uns trinta minutos.

No trajeto, passamos por diversas lojas de autopeças, inclusive de motos. O pneu para a minha moto estava custando metade do preço que o cobrado no Brasil, mas a marca existente não era conhecida minha e fiquei com medo de comprar.

As peças da Hilux estavam baratíssimas. Para se ter uma idéia, no Brasil os amortecedores traseiros custam R$ 435,00/cada. Na Argentina eles custaram o equivalente a R$ 450,00 o par.

Aproveitei para comprar as borrachas de vedação de todas as portas e a do porta-malas, correia dentada, tensor da correia dentada, porca anti-furto para as rodas, velas incandescentes do motor etc.

O atendimento na Autolux foi feito pelo Sr. Ivan, que foi muito atencioso e paciente com a dificuldade do idioma e com a demora com os cálculos que eu fazia antes de confirmar que queria a mercadoria.

Na Autolux, assim como em alguns outros lugares, havia um daqueles bebedouros que utilizam garrafões de 20 litros de água mineral. A diferença para os nossos é que a segunda torneira no deles é de água quente (fervendo), para fazer chá.

Na Argentina, o nosso GM Celta é vendido como SUZUKI Fun. É o mesmo carro, mas com a bandeira de outra montadora, semelhantemente ao GM Tracker, que nada mais é que o SUZUKI Grand Vitara.

As tomadas na Argentina são semelhantes às da Austrália e às da Nova Zelândia, com três pinos em forma de “Y”. A energia elétrica, apesar de ser 220 Volts, acho que opera com 50 Hertz (no Brasil é 60 Hertz), pois nosso rádio-relógio estava sempre com a hora atrasada em relação à colocada. Até o fim da viagem vou tentar confirmar isso.

6º DIA – 24.09.2008 – 4ª feira

(ARGENTINA: Salta – Povoado de Cachi)

Acordamos às 5h30. De matar, mas necessário. A empresa de turismo – La Posada -- ficou de nos pegar às 7 h.

Tomamos café, dessa vez com queijo, presunto, fruta e bolo, tudo comprado ontem por nós.

Aqui amanhece bem tarde, às 6h30.

A empresa só passou às 7h30, e seguimos para o povoado de Cachi, ao norte de Salta. O motorista chamava-se Adolfo; a guia, Dafna, era canadense, já tinha morado na Costa Rica e estava na Argentina há um ano e meio.

A van, Kombi para eles, estava bem cheia. Tinha gente da Dinamarca, da Espanha, da França, de outros lugares da Argentina e nós.

No caminho para Cachi passamos por alguns lugarejos e por alguns produtores de tabaco. A indústria do fumo é forte aqui na região, e, do que é produzido aqui, 80% é exportado. Por isso que se fuma muito aqui! Chega a ser insuportável.

A paisagem mudava à medida que a altitude aumentava. Com muitas curvas sinuosas e alguns trechos de terra, passamos por lugares lindos e bem pitorescos, lembrando um pouco a Nova Zelândia e a Suíça, por causa das montanhas.

Paramos em alguns pontos mais bonitos para fotos, para café e para o xixi. Em alguns lugares daria perfeitamente para fazer filme de faroeste mexicano, pelos cactos gigantes, chamados de cardones.




Cardones - Cactos gigantes

Um dos pontos altos do passeio foi a visita ao Parque Nacional dos Cardones, no mínimo diferente!

Paramos numa comunidade para comprar alguns artesanatos (artesanías, em espanhol), e fiquei imaginando como aquelas pessoas vivem ali, naquele ambiente inóspito. Não tem lagos formados pelo degelo, apenas um rio correndo com bem pouca água. Deve existir um meio de fornecimento de água para as plantações.

Quando começou a aumentar a altitude, a guia nos falou sobre a folha de coca, para minimizar os efeitos da redução da pressão ambiente. Disse para colocarmos umas três folhas no canto da boca e mascarmos de vez em quando. Assim eu fiz.

Segundo ela, para se produzir de 1 g de cocaína são necessários 90 kg de folhas.

Eu fiz como recomendado, mas acho que não adiantou muito, pois a altitude em alguns trechos passou dos 3.300 m e, num momento quando eu me agachei para pegar uma coisa no chão e levantei, tive a maior tontura. A minha pressão deve ter caído e não subiu a tempo.

O Marcio não usou a folha de coca e não sentiu nada. Imagino que para montanhistas é que a coisa é difícil, pois ainda há o esforço físico.

O povoado de Cachi é bem arrumado. Pequeno e no meio do nada, com lojinhas de artesanatos locais e com um museu arqueológico que possuía algumas peças interessantes.




Inscrição rupestre no museu arqueológico de Cachi

O almoço foi numa Bodega próxima ao povoado, chamada Sala de Payogasta. Muito legal, por estar no meio dessa paisagem e por estarmos mais próximos do povo que vive na região.

Comemos berinjela empanada com um cereal local e uma panqueca de ricota de queijo de cabra. Tudo regado com vinho cabernet da região. De entrada, tivemos pães, pastas e picles. Como os pães são bons por aqui!

Parada para almoço próximo a Cachi
 
Um casal argentino que estava conosco à mesa nos disse que na província de Buenos Aires já há uma guerra contra o fumo, mas que em Salta ainda não, até mesmo por eles serem os maiores produtores.

Chegamos de volta à Salta antes das 19 h. Saímos para jantar na Praça 9 de Julho e retornamos para dormir logo.

Amanhã teremos outra maratona. Parece que o lugar é mais lindo ainda! O duro é que não conseguimos dormir cedo. Estou bem cansada.

Acréscimos do Marcio

A guia Dafna já tinha visitado o Brasil e arranhava um pouco o português. Muito simpática, dava a maior atenção a todos, fazendo a narrativa em espanhol e em francês.

No nosso tour havia duas meninas dinamarquesas que já estavam viajando há quatro meses. Passaram um tempo no Peru somente para aprender o espanhol. E olha que elas falavam muito bem a nova língua!

No nosso planejamento, a ida ao povoado de Cachi seria no nosso carro, quando de lá seguiríamos até Cafayate, cidade das vinícolas, para, então, partirmos para San Pedro do Atacama. Dessa forma foi diferente, mas também foi bom e tivemos a oportunidade de conhecer outras pessoas.

7º DIA – 25.09.2008 – 5ª feira

(ARGENTINA: Salta - Santo Antonio de Los Cobres)


Mais uma vez acordamos antes das 6 h, para aguardar o transporte para o nosso passeio.
 
Tomamos o café, e às 7h40 a operadora chegou para nos pegar.

A van estava cheia. Tinha gente da França, da Inglaterra (Londres), da Espanha e da própria Argentina. O motorista era o Roberto; a guia, Noemi, que era francesa e há três anos morava na Argentina.

Começamos o passeio pelo trajeto do Trem para as Nuvens (Tren a Las Nubes), que vai de Salta em direção à fronteira com o Chile. O traçado é belíssimo e passa por várias pontes de ferro com visuais das montanhas.

Vimos gradativamente as mudanças na geografia das montanhas e na vegetação. Um passeio imperdível!

Fomos a quase 4.200 m, o que me deixou com um pouco de aperto na cabeça e tontura quando fazia alguns movimentos bruscos e maiores, apesar das folhas e do chá de coca.
 



Ponto de maior altitude (4.170m) na estrada da Província de Jujuy

Curvas sinuosas a 4.170m - Província de Jujuy

O Marcio não sentiu absolutamente nada. O chá de coca foi tomado numa comunidade a 3.000 m, ponto de parada e de apoio para o grupo.

Pelo chá pagamos AR$ 2,50 (US$ 0,81) a xícara. Uma espanhola que estava na van conosco disse-me que eles acrescentavam bicarbonato ao chá, mas isso não foi confirmado pela senhora que nos vendeu.

Rodada de chá de coca para amenizar os efeitos da alta altitude

Vimos várias casinhas de pau a pique e com teto de esterco de vaca com barro (adobe).

Visitamos uma área de sal imensa, as Salinas Grandes, que acreditam ser originada do mar que havia ali, antes de trabalhos tectônicos que teriam ocorrido.
 


Salinas Grandes - Argentina

Na Salina Grande havia trabalhadores fazendo artesanato, totalmente vestidos, só com os olhos de fora, para proteção contra a claridade que é bem intensa. Pareciam aqueles guerrilheiros vestidos para entrevista na televisão.

Artesão na Salina Grande - Argentina

Dá para sentir um ardor nos olhos, e como se bronzeia pelo reflexo da luz do sol no sal. Interessante! Tudo a mais de 3.000 m de altitude.

Vimos lhamas, um misto de ovelha e camelo, e vicunhas, parecidas com as lhamas, mas menores, e que só existem em altitudes superiores a 3.200 m. Adorei as duas! Como vimos jumentos também!

Quando o passeio é feito no Trem para as Nuvens (Tren a Las Nubes), passa-se por 21 túneis e por 31 pontes de ferro.

Visitamos um sítio arqueológico com ruínas de um povoado construído pelos atacamenhos. Tudo com mais de 500 anos e bem preservado, em pedra e a mais de 3.000 m.
 

Ruínas de cidade de pedras - Argentina

Almoçamos num povoado chamado Santo Antonio de Los Cobres, onde eu comprei um xale de lã de lhama.

No retorno à Salta descemos de 4.200 m para 2.000 m em apenas 20 Km de estrada. O trecho é belíssimo, com várias curvas e visuais deslumbrantes.

Notamos que os cardones (uma espécie de cacto), só começam a aparecer em alturas menores. Soubemos também que eles só dão uma flor por ano, branca, e que esta dura só um dia.

Finalizamos com uma parada no povoado de Purmamarca, a 150 Km de Salta, famoso pelos morros coloridos e por muitos artesãos vendendo roupas de lã de lhama e peças de cerâmica. O artesanato é bem explorado por aqui.
 


Cerro de Siete Colores em Purmamarca - Argentina

Praça com artesanato em Purmamarca - Argentina

Quando estávamos próximos a Salta, a guia agradeceu a todos por estarem com eles, perguntando ao grupo o que tinham achado do passeio. Todos se manifestaram positivamente, agradecendo por tudo.

Achei a guia Dafna mais atenciosa e mais pontual do que esta. A empresa La Posada é boa e valeu o dia.

No passeio, não cruzamos com o trem, pois hoje não tem saída, só às quartas, sextas e domingos. Entretanto, o trajeto foi demais!

Chegamos ao hotel quase às 21 h e rodamos uns 500 Km.

Guardamos parte da bagagem no carro, para facilitar a saída amanhã. Eu tomei banho e preferi lanchar qualquer coisa no quarto mesmo; o Marcio preferiu comer uma pizza no restaurante La Fiamma, perto do hotel.

Descobri que quando o Marcio fez o backup das fotos para o laptop, as das Salinas Grandes foram perdidas. Que merda!

Amanhã iremos rumo ao Atacama e no caminho passaremos de novo pelas salinas, quando tiraremos novas fotos. Acidentes!

Parte do trajeto feito hoje será repetida, pois é tudo perto da fronteira com o Chile, para onde iremos.

Agora é dormir.

Acréscimos do Marcio

O casal de espanhóis (Ricardo e Sílvia) resolveu ficar no povoado de Purmamarca. Acho que eles não planejaram isso, pois estavam apenas com uma mochila. A bagagem principal deve ter ficado no hotel em Salta.

A empresa de turismo adotava uma técnica para quebrar o gelo no início do passeio e interar as pessoas. A guia se apresentava e ao motorista, pedindo que cada turista fizesse o mesmo.

Quando estávamos no último trecho do passeio, serviram uns doces recheados com doce de leite. Em espanhol chamavam de “empanadillas”, e eram gostosos.

Nosso último pit stop foi em um posto de gasolina (estación de servicio) na cidade de San Salvador de Jujuy. Creio que além de ser para todos aliviarem a bexiga, também para o motorista dar uma relaxada, já que estava ao volante desde às 6 h.

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